Estevão Otalíbio de Medeiros foi agricultor, filho de Manoel Salviano de Lucena e de Felismina Leopoldina de Medeiros. Ele nasceu em Santa Luzia-PB, em 2 de janeiro de 1911, e foi batizado na Igreja Matriz da cidade em 1 de março do mesmo ano. No seu registro1 de batismo, pode-se ler:
“No dia primeiro de março de mil novencentos e onze, nesta Matriz de Santa Luzia, batizei solenemente a ESTEVÃO, filho legitimo de MANOEL SALVIANO DE LUCENA e FELISMINA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, nasceu aos dois de janeiro deste mesmo ano. Goram padrinhos Francisco Sales de Medeiros e Inácia Vitalina de Medeiros. Do que para constar mandei fazer este assento e assino. Pe. João Batista de Albuquerque. Vigário”
O registro de nascimento civil de Estevão foi realizado anos depois, em 1917, juntamente com o registro de seus irmãos. Essa prática era comum na época, pois o registro civil não tinha a mesma relevância que o registro religioso para as pessoas, sendo muitas vezes adiado ou, em alguns casos, até mesmo negligenciado. No entanto, com o passar do tempo, essa situação mudou. No seu registro2 de nascimento civil, pode-se ler:
“Aos doze de Novembro de mil novecentos e dezesete n’este Districto da Paz, Parochia e Municipio de Santa Luzia do Sabugy, Estado da Parahyba, em meu Cartorio compareceu MANOEL SALVIANO DE LUCENA na qualidade de pai da criança e em presença das testemunhas, abaixo, nomiadas e assignadas, declarou: Que no dia dois de janeiro de mil novecentos e onze, pelas dezesete horas, no logar Umburana d’este Districto, nasceu uma criança viva do sexo masculino, a qual se chama ESTEVÃO OTALÍBIO DE MEDEIROS; que não existe nem existio outro irmão com nome igual ao do recem-nascido, o qual é filho legítimo d’elle declarante e de sua mulher FELISMINA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, creadores, naturaes e residentes n’este Districto; que os seus avós paternos são: SALVIANO BAPTISTA DE LUCENA, agricultor, domiciliado e residente n’este Districto, E LEOCADIA MARIA DE JESUS, fallecida e sepultada no cemiterio publico d’esta Villa; que os seus avós maternos são: JOAQUIM FRANCISCO DE MELLO e MAXIMIANA ANGELA DE JESUS, fallecidos e sepultados no cemiterio publico d’esta Villa; e que finalmente as testemunhas são: Antonio Aurelio de Medeiros e José Theodelo Fernandes, creadores, naturaes e recidentes n’este Districto. Do que para constar lavrei este termo em que commigo assinam-se o declarante e as testemunhas. Eu, Ignacio de Loyola Dantas, Official interino do Registro Civil, o escrevi. […]”
Carteira de Identidade de Estevão Otalíbio de Medeiros
Ele se casou com Francisca Amaral (que passou a usar o sobrenome Medeiros após o casamento), professora da rede estadual de ensino do estado da Paraíba, filha de Sebastião Leopoldino do Amaral e de Maria Christina de Figueiredo. Francisca nasceu em 14 de dezembro de 1919 em Várzea-PB, e foi batizada em 29 de fevereiro de 1920, na Igreja Matriz de Santa Luzia-PB. No seu registro3 de batismo, pode-se ler:
“Aos vinte e nove de Fevereiro de mil novicentos e vinte nesta Matriz baptisei solenimente a FRANCISCA filha legitima de SEBASTIÃO LEOPOLDINO DO AMARAL e MARIA CHRISTO DE FIGUEIREDO; nasceo aos quartorze de Dezembro de mil novicentos e dezenove. Foram padrinhos: Severino Genezio da Costa e Adelia Maria da Conceição. Do que para constar mandei fazer este assento em que me assigno. Vigr.o Belinaro Dantas”
O seu nascimento foi registrado aos 6 de março de 1920 em Santa Luzia-PB. No seu registro4 de nascimento civil, pode-se ler:
“Aos seis dias do mez de Março do anno de mil novecentos e vinte n’este Districto de Paz, Termo de Santa Luzia do Sabugy, comarca de Patos, Estado da Parahyba, em meu Cartório compareceu SEBASTIÃO LEOPOLDINO DO AMARAL, na qualidade de pai e em presença as testimunhas abaixo nomeadas declarou: Que no dia quatorze de Dezembro do anno de mil novecentos e dezenove e pelas uma horas da manhã no loga Varzeas d’este Districto nasceu uma criança viva do sexo feminino à qual chamou-se FRANCISCA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, que não existe nem existiu outra irmã com o nome igual ao da registrada a qual é filha legitima d’elle declarante e de sua mulher MARIA CHRISTINA DE FIGUERÊDO ambos creadores e residentes no mesmo logar Varzeas deste Districto; que os seus avós paternos são: Francisco Januário do Amaral e Josepha Carolina de Jesus, creadores domiciliados e residentes em Varzeas d’este Districto; que o seus avós maternos são: Manoel Alexandrino de Jesus e Theodora Leopoldina de Figuerêdo, creadores domiciliados e residentes no desterro, município do Jardim do Seridó; que finalmente as testemunhas são: Antônio Aurelio de Medeiros e Gentil Geiciano Fernandes, ambos commerciantes e residentes n’esta Villa. Do que para constar lavrei este Termo em que me assigno com o declarante e as testemunhas […]”
No registro de nascimento civil mencionado, consta que ela se chamava Francisca Leopoldina de Medeiros, um nome que nunca utilizou ao longo de sua vida, seja pessoalmente ou em documentos. Esse equívoco pode ter diversas explicações, como um erro do tabelião no momento do registro ou até mesmo um engano do pai, Sebastião Leopoldino do Amaral, ao escolher o nome da filha. Entretanto, o verdadeiro motivo da alteração permanece desconhecido.
Essa é a tua!
Estevão costumava contar que no dia que conheceu Francisca Amaral, teria ido à negócios à casa de seu pai Sebastião Leopoldino do Amaral. Lá, teria visto Francisca, que passava as roupas com ferro à brasa. Dizia Estevão que no momento que à viu passar pelo corredor da casa para guardar as roupas, teria ouvido uma voz dizendo:
— Essa é a tua!
Logo tomou coragem para conhecer sua futura e única esposa. O namoro começou logo em Janeiro de 1938 e o casamento foi realizado meses depois, em Dezembro. Eles foram casados por quase 70 anos quando à morte de fato os separou.
Estevão e Francisca iniciaram o namoro em janeiro de 1938, e, poucos meses depois, em maio do mesmo ano, oficializaram o noivado. O casamento foi celebrado em uma terça-feira, à uma hora da tarde, no dia 13 de dezembro de 1938, na Igreja Matriz de Santa Luzia-PB. No registro5 de casamento religioso, pode-se ler:
“Aos treze de Dezembro de mil novecentos e trinta e oito, ne’esta Matriz de Santa Luzia Assisti o concenso nupcial de meus freguezanos ESTEVÃO OTALIBIO DE MEDEIROS e FRANCISCA AMARAL DE MEDEIROS, solteiros e foram tistimunhas: João {?} da Silva e Pedro Valentino de Medeiros. E para constar mandei fazer este assento em que me assigno. O Vigário P. Manoel Firmino Gil”
No entanto, o registro de casamento civil ocorreu anos depois, em Cabaceiras-PB, município no qual o casal habitava no momento. No registro6 civil de casamento, pode-se ler:
“Casamento Civil dos Conthahentes ESTEVAM OTALIBIO DE MEDEIROS e dona FRANCISCA AMARAL que passará a assinar-se FRANCISCA AMARAL DE MEDEIROS. Aos vinte e um dias do mêz de Agosto do ano de mil novecentos e quarenta (1940), nesta Povoação de Vêreda Grande da Comarca de Cabaceiras, deste Estado da Parahyba do Norte, as onze horas em na residencia do cidadão João Lopez Sobrinho, onde se achava presente o juiz de Direito Interino e Casamentos Doutor Manoel José Nunes Cavalcante Filho, comigo Oficial […] e as testemunhas cidadãos José Lopez de Andrade e Roldão Claudio de Mello, funcionários públicos, residentes nesta mesma Povoação, reclamam-se em matrimonio por suas livres e expontaneas vontades sendo pela mesma autoridade dito “os declaro casados em nome da Lei”; ESTEVAM OTALIBIO DE MEDEIROS e dona FRANCISCA AMARAL; o contrahente solteiro, nascido em Santa Luzia do Sabugy, deste mesmo Estado, no lugar Varzea a doze de janeiro de mil novecentos e onze, agricultor, residente nesta dita Povoação, filho do cidadão MANOEL SALVIANO DE LUCENA e dona FELISMINA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, naturaes e residentes no mesmo lugar Varzea; e a contrahente, solteira, nascida no mesmo logar Varzea, a quartorze de dezembro de mil novecentos e dezenove, funcionaria pública, residente nesta mesma Povoação, filha do cidadão SEBASTIÃO LEOPOLDINO DE AMARAL e dona MARIA CHRISTINA DE FIGUEIRÊDO, naturaes do mesmo logar Varzea e residentes no logar Ribeira desta mesma Comarca. Pelo Meretissimo Juiz foram dispençados os proclamar do casamento dos contrahentes […] Os contrahentes declararam neste auto serem casados catolicamente, tendo nascido {?} auto, uma filha de nome Maria Saléte de Medeiro, nascida aos dezenove de Agosto de mil novecentos e trinta e nove e que não há impedimento algum, que os {?} de se cazarem. Em firmeza do que eu Severino Francisco de Assis lavrei este auto que vai por todos assinados. Eu Severino Francisco de Assis Oficial privativo do Registro Civil, o escrevi e assino”
Estevão e João Mendonça, marido de Marta Leopoldina de Medeiros, irmã de Estevão.
O casal se estabeleceu inicialmente em Várzea Grande, chegando a essa localidade em 15 de fevereiro de 1939. Em seguida, mudaram-se para Vereda Grande em 7 de outubro de 1941, conforme anotações de Francisca. Posteriormente, residiram pela primeira vez em Barra de Figueira (“A Barra”), nas proximidades de São João do Cariri-PB, antiga propriedade de Manoel Salviano de Lucena, pai de Estevão, a partir de 8 de fevereiro de 1944.
Adquiriram então a Fazenda Poço de Pedras, localizada às margens do rio Taperoá, na divisa entre os municípios de Cabaceiras-PB e São João do Cariri-PB. Em 15 de fevereiro de 1951, mudaram-se novamente para a Fazenda Barra de Figueira, onde viveram até maio de 1956. Nesse ano, transferiram-se para Campina Grande-PB, estabelecendo-se na Rua Doutor de Vasconcelos, nº 250/260. Por fim, em 1976, o casal se mudou definitivamente para Brasília-DF, acompanhados de sua filha mais nova, Suely (outros filhos já haviam se instalado na capital nos anos anteriores), onde residiram até seus últimos dias de vida.
Casa de Estevão e Francisca na “Barra” (São João do Cariri-PB). O sítio se chamava Barra de Figueiras.Filhos e filhas de Francisca Amaral de Medeiros e Estevão Otalíbio de Medeiros.Primeira residência de Estevão Otalíbio de Medeiros e Francisca Amaral na cidade de Brasilia-DF.
Das bodas de ouro até as de diamante
O casal comemorou suas bodas de ouro (50 anos de casamento) em 1988, um marco significativo em sua jornada juntos. A celebração aconteceu no dia 13 de dezembro daquele ano, em um culto especial realizado na Igreja Batista Filadélfia, localizada no Guará-DF. Amigos e familiares se reuniram para prestar homenagens a Estevão e Francisca, que, ao longo das cinco décadas de união, construíram uma vida marcada por amor, respeito e superação.
Comemoração das bodas de ouro de Francisca Amaral e Estevão Otalíbio de Medeiros. Da esquerda para a direita: Cloves, Cristovam, José, Francisca, Estevão, Suely, Maria de Fátima, Dolores, Judith, Marinete e Salete.
Dez anos depois, em 1998, o casal celebrou suas notáveis bodas de diamante, marcando 60 anos de casamento. A cerimônia foi novamente realizada na mesma igreja onde haviam comemorado as bodas de ouro, a Igreja Batista Filadelfia do Guará-DF, renovando votos e compartilhando com amigos e familiares a alegria de uma vida construída com amor e cumplicidade ao longo de seis décadas.
Comemoração das bodas de diamante, simbolizando incríveis 60 anos de matrimônio.
Estevão Otalíbio de Medeiros veio a falecer aos 25 de outubro de 2005 em Brasília-DF, com 94 anos de idade. Na certidão7 civil de óbito, pode-se ler:
“[…] Certifico que, sob os números e na data acima, foi registrado o óbito de: ESTEVAM OTALIBIO DE MEDEIROS do sexo masculino, falecido(a) aos vinte e cinco dias do mês de outubro do ano de dois mil e cinco (25/10/2005), às 01:00 horas, no(a) em domicilio […], com 94 anos de idade, estado civil casado, profissão trabalhador rural, natural de Santa Luzia-PB, residente e domiciliado(a) no(a) […] filho(a) de MANOEL SALVIANO DE LUCENA e de FELISMINA LEOPOLDINA DE MEDEIROS. – […] O falecido era casado com a Senhora FRANCISCA AMARAL DE MEDEIROS, pelo cartório de Cabaceiras-PB, livro 12, fls 98 e 99, Termo 866. Deixou doze filhos […], maiores e não interditados. Não deixou bens a inventariar. Não deixou testamento conhecido. […]”
Francisca, por sua vez, faleceu em 26 de maio de 2015 em Brasília-DF com 95 anos de idade. Na sua certidão8 civil de óbito, pode-se ler:
“[…] Nome: FRANCISCA AMARAL DE MEDEIROS […] Naturalidade Várzea-PB […] Filiação e residência SEBASTIÃO LEOPOLDINO DO AMARAL, MARIA CRISTINA DE FIGUERÊDO. […] Data e Hora de falecimento aos vinte e seis dias do mês de maio do ano de dois mil e quinze […] Observações averbações Era viúva de ESTEVAM OTALIBIO DE MEDEIROS, casados pelo cartório de cabaceiras – PB […]”
Foram filhos de Francisca Amaral de Medeiros e de Estevão Otalíbio de Medeiros:
MARIA SALETE DE MEDEIROS.
MARINETE DE MEDEIROS.
MARINALDO AMARAL DE MEDEIROS.
MARIO MEDEIROS DO AMARAL.
JOSÉ AMARAL DE MEDEIROS.
JOÃO AMARAL DE MEDEIROS.
JUDITE AMARAL DE MEDEIROS.
MARINA AMARAL DE MEDEIROS.
MARIA DE LOURDES AMARAL DE MEDEIROS.
MARIA DOLORES DE MEDEIROS.
SALVIANO AMARAL DE MEDEIROS.
CRISTOVAM AMARAL DE MEDEIROS.
JOSÉ CLOVES AMARAL DE MEDEIROS.
MARIA DE FÁTIMA AMARAL DE MEDEIROS.
SUELY AMARAL DE MEDEIROS.
Capítulo II – Os Pais
Manoel Salviano de Lucena e Felismina Leopoldina de Medeiros
Manoel Salviano de Lucena era paraibano, agricultor, nascido em Santa Luzia-PB no dia 17 de dezembro de 1872, sendo batizado aos 22 de junho do ano seguinte na igreja Matriz da cidade. Ele era filho de Salviano Baptista de Lucena e de Leocádia Carolina de Medeiros. Foi descrito pelos seus familiares como de pele clara e olhos azuis. No seu registro de batismo9, pode-se ler:
“No dia vinte e dois de junho de mil oito centos e setenta e três, baptizei solenemente o MANOEL, filho legítimo de SALVIANO BAPTISTA DE LUCENA e LEOCÁDIA MARIA DA CONCEIÇÃO; nasceu a dezessete de dezembro de 1872: forão padrinhos João Maria de Damasceno e Antônia Maria da Conceição; e para constar mandei fazer este em que me assigno. O Vigr.º Manoel Tertulliano de Figueiredo.”
Ele se casou primeiramente com Maria do Carmo de Jesus, nascida por volta de 1876 em Santa Luzia-PB, filha de Antônio Militão de Nobrega e de Maximiana Angela de Jesus. O casamento foi realizado no dia 11 de dezembro de 1894 em Santa Luzia-PB. No registro do casamento10, pode-se ler:
“No dia onze dias do mêz de dezembro de mil oito centos noventa e quatro n’esta Villa em Casa da Repartição do Registro Civil d’esta Villa […] em matrimonio Manoel Salviano de Lucena, solteiro, creador, com idade 21 annos e filho legítimo de Salviano Baptista de Lucena e Leocádia Maria de Jezus naturais e rezidentes n’este termo e Maria do Carmo de Jesus, solteira com idade de 18 annos e filha legítima de Antônio Millitão de Nobrega, Já fallecido e de Maximiana Angela de Jezus, naturais e rezidentes n’este termo; os quais declarão […]’’
Conta a tradição familiar que Maria chegou a ter um filho com Manoel Salviano, mas a criança não sobreviveu ao parto. Além disso, segundo alguns descendentes de Manoel, Maria teria morrido de tristeza devido à ausência de seu marido, que havia deixado sua terra natal logo após o casamento, junto com seu cunhado Franklin Saturnino Alves da Nobrega, rumo aos seringais da região norte do Brasil, muito provavelmente no estado do Amazonas segundo alguns parentes.
Sabe-se, porém, que Maria morreu de um possível ataque cardíaco, no dia 21 de outubro de 1901, em Santa Luzia-PB. No registro de civil de óbito11 de Maria, pode-se ler:
“Aos vinte um dias do mez de Outubro de mil nove sentos e um […] faleceo MARIA DO CARMO DE JESUS com idade de vinte cinco annos, Cazada com MANOEL SALVIANO DE LUCENA e finalmente a morte foi natural proveniente de Emfarto e vai ser sepultada no Cemitério desta Villa […]”
E no seu registro12 de sepultamento, pode-se ler, pode-se ler:
“Aos vinte e um de Outubro de mil novecentos e um, neste Cemiterio sepultou-se em habito branco a adulta MARIA DO CARMO DE JESUS, casada que foi com MANOEL SALVIANO DE LUCENA, morreu de peito com idade de vinte e cinco annos e para constar mandei fazer este em que me assigno. Vigario Padre João Baptista de Albuquerque”
Nos seringais, Manoel teria conhecido uma índia com quem teria tido pelo menos 2 filhos, chamados Garcino e Fileno. Manoel era muito reservado sobre o assunto e costumava repetir somente a seguinte poesia, cujo as personagens principais eram os seus dois filhos:
“Fileno e Garcino, tenham paciência Que o tempo andando vem De uma sorte de ventura Deus querendo faz uma feliz criatura”
Manuel também costumava contar algumas histórias da sua vida nos seringais para os seus filhos e netos. As histórias abaixo foram recontadas por Maria Salete de Medeiros, filha mais velha de Estevão Otalíbio de Medeiros, filho de Manoel Salviano de Lucena.
A bola negra brilhante que descia o rio
Certo dia ele foi ver a praia do rio Amazonas, com alguns colegas de trabalho dos Seringais e viram uma grande bola negra e brilhante, que descia o rio e vinha em direção à margem, onde eles estavam. Ele disse que nunca viu uma coisa tão linda e brilhante como aquela. Nisso, um dos homens que estavam ali disse que aquilo era um tesouro, dizendo que ele iria ficar com o tesouro. Porém, quando a bola chegou à margem, o homem ao pegar no objeto, ficou com uma das mãos grudada; tentou se livrar, colocando a outra mão, mas também ficou grudada. Tentou forçar com os pés, mas os pés também ficaram grudados e a água arrastou a bola para o meio do rio e continuou descendo rio abaixo, levando o homem junto com ela. Esse homem nunca mais foi visto.
A jiboia que hipnotizou um homem
O grupo estava na mata, a caminho do serviço. De repente, perceberam que um dos companheiros começou a cambalear, como bêbado, para lá e para cá, e tirou os calçados e toda a roupa, como se estivesse hipnotizado. O homem começou a caminhar em direção a certo local. Foi então que um dos colegas percebeu que ali estava uma grande jiboia com os olhos “encatitados” (termo que Manoel usava para dizer vidrados/fixados) no homem. Então, alguns homens do grupo que usavam qualquer coisa de ouro – como aliança, corrente, dentes de ouro, etc. – Tomaram a frente daquele homem, em direção à cobra, e aí ela perdeu a força, por causa do ouro, e eles conseguiram salvar o homem. Porém, três dias depois aquele homem morreu de forma estranha, ainda hipnotizado pela cobra.
Salviano e o seu amigo índio
Contava que o índio o chamava de “Saiviano” e que ele tinha percepção das coisas que podiam acontecer, só de observar a natureza. Um certo dia, Manoel e o índio iam pegar uma canoa no rio Amazonas, para irem a determinado lugar. Porém, quando entraram no barco, o índio pegou no braço de Manoel e disse: “Saiviano, não vai dar certo. ” Então o vovô desistiu de pagar aquela canoa e aguardaram na margem. Quando a canoa deu partida e navegou um pouco, uma grande cobra levantou-se dentro do rio, por baixo da canoa – pois estava atraída pelo cheiro das galinhas que alguém levava para vender, o que fez a canoa virar. Foi um grande apuro, mas todos se salvaram, pois ainda estava próximo da margem.
O Bicho de Pé
Manoel chegou na Barra de Figueiras montado em pomposo alazão. Ele estava morando no Hotel Ornalinda, em São João do Cariri. Veio morar na fazenda. No mesmo dia sentou-se no batente da entrada do armazém, tirou as botas e lavou os pés. Com uma peixeira, retirou algo sob o dedão do pé e me mostrou. Parecia uma semente de mamão, com uma bolha transparente e escura no interior. Foi perguntado o que era aquilo. Ele respondeu rindo: “É um bicho-de-pé que estava me incomodando”
Muitos nordestinos foram para campos de extração de borracha com promessas de enriquecimento e melhoria de vida. Como não conseguiam a tão esperada riqueza, retornavam para a suas cidades e famílias. Foi provavelmente o caso de Manoel, que após 7 anos nos seringais, retornou à Santa Luzia-PB. No seu retorno, Manoel comprou a propriedade Barra de Figueiras com meia dúzia de contos de réis, fruto do seu trabalho nos seringais.
Conta a tradição familiar que ao voltar dos seringais, sabendo da morte de Maria do Carmo de Jesus, Manoel teria logo procurado uma nova esposa. A nova pretendente seria Felismina, irmã por parte de mãe de sua falecida esposa. Felismina não gostava muito de sua madrasta (sua mãe havia falecido alguns anos antes) e queria logo se casar. Entretanto, antes de marcar o casamento, Salviano propôs um desafio à Felismina: ela deveria fazer um terno de linho novo a partir de um de seus ternos. Felismina era uma exímia costureira e topou o desafio. Após alguns dias de trabalho, Felismina surpreendeu o seu futuro marido, que ficou perplexo com o capricho e a qualidade do resultado.
Felismina Leopoldina de Medeiros, era paraibana, dona de casa, nascida no dia 20 de novembro de 1888 e foi batizada no dia 25 do mesmo mês e ano em Santa Luzia-PB. Era filha do segundo casamento de ambos, Joaquim Francisco de Melo e Maximiana Ângela de Jesus. No seu registro de batismo13, pode-se ler:
“No dia vinte e cinco de novembro de mil oito centos oitenta e oito, n’esta Matriz, baptizei solenemente a Felismina, branca, filha legítima de Joaquim Francisco de Mello e Maximiana Maria de Jesus, nasceu a vinte do mesmo mez e anno; Foram padrinhos: Manoel Bento Maria de Medeiros e sua mulher Thereza Maria Idalina de Jesus, todos d’esta Freguesia. E para constar mandei fazer este assento, em que me assigno.”
O casamento ocorreu no dia 21 de março de 1908 também em Santa Luzia-PB, na Igreja Matriz da cidade. Manoel e Felismina habitaram na Fazenda Umburana (Santa Luzia-PB). No registro de casamento14 de Manoel e Felismina, pode-se ler:
“No dia vinte e dois do mez de março de mil novecentos e oito […] n’esta Villa de Santa Luzia do Sabugy, Estado da Parahyba, pelas seis horas do dia em Caza de rezidencia do Doutor Pedro Firmino da Costa e Souza Juiz Municipal do Termo para representar a lei do Casamento com migo Escrivão de Cazamento e as testemunhas João Simplício Baptista e Manoel Cavalcante de Mello, receberam-se em matrimônio MANOEL SALVIANO DE LUCENA, Viuvo com idade de trinta e cinco annos, Creador natural e rezidente n’este Termo, filho legítimo de SALVIANO BAPTISTA DE LUCENA e LEOCÁDIA MARIA DA CONCEIÇÃO e FELISMINA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, Solteira, com dezoito annos de idade, natural e rezidente n’este Termo, filha legítima de JOAQUIM FRANCISCO DE MELLO e MAXIMIANA ANGELA DE MEDEIROS, os quais n’este declararam que não são parentes em graus (?). […]”
O documento foi assinado por todos menos Salviano, que não sabia ler nem escrever como consta nos registros de nascimento de seus filhos. Já Felismina, assinou o documento e a assinatura pode ser vista abaixo.
Assinatura de Felismina Leopoldina de Medeiros
Já na velhice, por volta de 1946, Manoel e Felismina foram viver com seu filho mais velho, Estevam Otalíbio de Medeiros. Segundo alguns parentes, Manoel Salviano nos anos finais de vida já não estava com a memória muito boa, mesmo assim era capaz de entoar músicas na ligua Tupi-Guarani.
Manoel veio a falecer de congestão no dia 11 de agosto de 1951 em São João do Cariri-PB, com 78 anos de idade. No seu registro de óbito15, pode-se ler:
“No dia onze dias do mez de agosto do ano de mil novecentos e cincoenta e um, nesta cidade de São João do Cariri; do Estado da Paraíba, em meu cartório compareceu Estevam Otalíbio de Medeiros, brasileiro, casado, agricultor, natural deste Estado e residente neste Distrito no lugar Barra da Figueira e declarou que em sua casa no lugar Barra de Figueira faleceu seu pai de nome Manoel Salviano de Lucena, brasileiro, casado com Felismina Leopoldina de Medeiros, agricultor de côr branca do sexo masculino, faleceu com idade de setenta e oito anos, cauza da morte congestão, seu cadaver foi sepultado no cemitério público desta cidade; filho de Salviano Batista de Lucena e Leocádia Maria da Conceição; o falecido deixou nove filhos cujos nomes são os seguintes: Maria Maura, nascida no ano de mil novecentos; Estevam Otalíbio de Medeiros, quarenta anos; Marta Medeiros com trinta e nove anos, Francisco das Chagas Medeiros com trinta e oito anos; José Antônio de Medeiros com trinta e seis anos de idade; Luzia Medeiros Lima com trinta seis anos de idade; Francisca Lucena de Medeiros com trinta e cinco anos; Catarina Erasma de Medeiros com vinte e oito anos; João Ramalho de Lucena com vinte e cinco anos; o falecido não deixou testamento […]”
Já Felismina veio a falecer de anoxia cerebral, decorrente muito provavelmente de uma queda (anoxia, hematoma intra cérébral e hemorragia), Hemorragia), em Campina Grande-PB, em 5 de julho de 1978. Em seu registro16 de óbito, pode-se ler:
“Em seis de julho de mil novecentos e setenta e oito nesta cidade de Campina Grande, Estado da Paraiba em cartório compareceu José Paulo Cavalcanti e exibindo o atestado de óbito firmado Dr. Fernando Mauricio de Lira dando como causa da morte Anoxia Cerebral, Hematoma Intra Cerebral, Hemorragia, declarou que no dia cinco de julho de mil novecentos e setenta e oito as 18 e 30 em Rua Dr. Wasconcelos, 324, Felismina Leopoldina de Medeiros do sexo feminino profissão doméstica, natural d’este Estado Santa Luzia, domiciliado e residente em nesta cidade com 88 anos de idade, estado civil viúva, filha legítima de JOAQUIM FRANCISCO DE MELO, agricultor, MAXIMIANA DE JESUS, doméstica, paraibanos, já falecidos, A falecida viúva de Manoel Salviano de Lucena deixa os filhos seguintes: Maria Lidia, Estevam, Marta, Maria, Francisco das Chagas, José Antônio, Luzia, Francisca, Catarina, e João. O sepultamento será no cemitério de morte Santa Clara […]”
Manoel e Felismina tiveram 10 filhos, sendo 6 mulheres e 4 homens. Fato interessante é que Manoel registrou de uma só vez 5 de seus 10 filhos, no caso da filha mais velha, 7 anos depois. Foram filhos do casal:
Felismina reunida com parte de seus filhos (da esquerda para a direita: Maria Lydia, Estevam, Luzia e Catarina.Estevão ao centro, no sofá, com suas irmãs, da esquerda para a direita: Luzia Leopoldina de Medeiros, Marta Leopoldina de Medeiros e Maria Lydia de Medeiros.
MARIA LYDIA DE MEDEIROS nasceu no dia 3 de janeiro de 1910 e foi batizada aos 9 de fevereiro do mesmo ano na Igreja Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos José Francisco de Melo e Maria das Dores de Jesus. Ela se casou com José Marinho da Silva, filho de Manoel Marinho da Silva e de Firmina Virginia de Jesus, irmã de Francisco Januário do Amaral, pai do marido da esposa de seu irmão Estevão Otalíbio de Medeiros. O casamento ocorreu aos 27 de março de 1926 em Santa Luzia-PB. Maria faleceu em Campina Grande, em 10 de novembro de 2004.
MARTHA LEOPOLDINA DE MEDEIROS nasceu no dia 28 de março de 1912 em Santa Luzia-PB. Ela se casou com João Mendonça (Pai Joca).
FRANCISCO DAS CHAGAS MEDEIROS nasceu no dia 9 de novembro de 1913 em Santa Luzia-PB. Ele se casou com Ludovina L. Medeiros, filha de Antônio Calixto de Medeiros e de Maria das Dores de Medeiros em 10 de dezembro de 1941 em Santa Luzia-PB. Francisco e Ludovina moraram por toda a vida em São João do Cariri-PB. Francisco veio a falecer no dia 23 de outubro de 2001 em Campina Grande, PB. Segundo registro de casamento do casal, consta que Ludovina faleceu 21 de maio de 2000, em Campina Grande-PB.
JOSÉ ANTÔNIO DE MEDEIROS (José Salviano) nasceu no dia 19 de abril de 1915 em Santa Luzia-PB. Ele se casou com Eliza Amaral, filha de Sebastião Leopoldino do Amaral e de Maria Christina de Figueiredo. José faleceu no dia 24 de abril de 1999 em Campina Grande-PB.
JOANNA LEOPOLDINA DE MEDEIROS nasceu no dia 11 de dezembro de 1916 segundo o registro civil, e 19 de dezembro, segundo o registro de batismo. Ela foi batizada no dia 1 de janeiro de 1917 na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos José Joaquim e Maria Izabel. Joanna muito provavelmente morreu jovem, pois não há parentes que tenham lembranças de sua pessoa. Segundo alguns filhos e filhas de Estevão (irmão de Joanna), ele costumava falar sobre uma tal Joana. Queria até batizar uma de suas filhas com o referido nome, muito provavelmente por lembrança de sua irmã falecida.
LUIZA CATARINA ou LUZIA LEOPOLDINA DE MEDEIROS nasceu em Santa Luzia-PB no dia 17 de março de 1918.
FRANCISCA LUCENA DE MEDEIROS (Chiquita) nasceu no dia 4 de junho de 1920 em Santa Luzia-PB. Ela se casou com João Medeiros Ramos em 1948, na cidade de Monteiro-PB. Ela faleceu no dia 2 de outubro de 2010 em Sinop-MT. O casal habitou por vários anos a Fazenda Capoeiras (Paraíba).
JACINTHA TEODORA DE MEDEIRAS nasceu no dia 3 de julho de 1921 em Santa Luzia-PB. Jacintha faleceu pouco tempo depois, no dia 24 de maio de 1922, em Santa Luzia-PB.
CATARINA ERASMA DE MEDEIROS nasceu no dia 25 de novembro de 1922 em Santa Luzia-PB. Ela faleceu em Campina Grande, no dia 14 de março de 1990.
JOÃO RAMALHO DE LUCENA nasceu no dia 23 de outubro de 1926 em Santa Luzia-PB. Ele faleceu no dia 31 de março de 1998 em Campo Grande-MS.
Capítulo III – Os Avós
Salviano Baptista de Lucena e Leocádia Maria de Medeiros
Salviano Baptista de Lucena nasceu no dia 12 de maio de 1842 e foi batizado em 26 de junho do mesmo ano, na capela de São João Baptista, atual município de São João do Sabugi-RN. Ele era filho de Manoel Baptista de Lucena e de Guilhermina Antônia da Rocha. No seu registro de batismo17, pode-se ler:
“SALVIANO, filho legítimo de MANOEL BAPTISTA DE LUCENA, e de GUILHERMINA ANTÔNIA DA ROCHA, naturaes e moradores nesta Freguesia do Seridó, nasceo nos doze de Mario de mil oito centos e quarenta e dous e foi baptizado com os santos Óleos no dia vinte e seis de junho do mesmo anno, na Capella de São João, pelo Padre Joaquim Hélio de Medeiros, de minha licença: forão Padrinho Antônio Gomes de Oliveira, e sua mulher Maria José do Nascimento, naturaes e moradores nesta Freguesia; de que para constar mandei fazer este assento, que assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra. ”
Ele se casou com Leocádia Carolina de Medeiros, filha de Felix Gomes de Medeiros e Josefa Maria da Conceição. Leocádia (em alguns registros o sobrenome de Leocádia varia um pouco sendo conhecida também como Leocádia Maria do Espírito Santo e Leocádia Leopoldina de Medeiros) nasceu no dia 9 de dezembro de 1837 e foi batizada em 25 de dezembro do mesmo ano na capela São João Baptista, atual município de São João do Sabugi-RN, mesmo local de batismo de seu marido. No seu registro de batismo18 podemos ler:
“LEOCADIA, filha legítima de FELIS GOMES DE MEDEIROS e de JOSEFA MARIA DA CONCEIÇÃO, naturaes e moradôres n’esta Freguesia do Seridó, nasceo à nove, e foi baptizada com os santos óleos à vinte cinco de dezembro de mil oito centos e trinta e sete no Oratório de São João pelo Padre Joaquim Felis de Medeiros de minha licença: forão Padrinhos Manoel Benvenuto de Medeiros e sua mulher Balbina José de Medeiros; de que para constar mandei fazer este assento em que assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
O casamento ocorreu no dia 12 de outubro de 1868 na capela de São João Baptista (São João do Sabugi-RN). No registro19 do casamento, pode-se ler:
“No dia doze horas do dia doze d’outubro de mil oito centos e sessenta e oito, na Capella de São João Baptista, do Sabugy, na Freguesia de Serra Negra, na Província do Rio Grande do Norte, o Reverendíssimo Joaquim Felis de Medeiros, da licença minha, e […], unio em Matrimonio, e dei logo as benções nupciais aós contraentes, meos Parochiannos SALVIANO BAPTISTA DE LUCENA, e LEOCADIA MARIA DO ESPIRITO SANTO, elle filho legitimo de MANOEL BAPTISTA DE LUCENA, e GUILHERMINA MARIA DA CONCEIÇÃO, já fallecidos; e ella filha legítima FELIS GOMES DE MEDEIROS, e JOSEFA MARIA DE MEDEIROS: presente por testemunhas Eliseo Maria de Medeiros, morador n’esta Freguesia de Santa Luzia do Sabugy, e Salustianno Baptista de Lucena, morador na de Serra Negra, ambos casados: de que fiz este assento, e nelle me assigno. O Vigr.º Antônio Germano Barbalho Bezêma.”
Não se sabe a data exata de falecimento de Salviano. No registro de nascimento de um de seus netos em 1917, ainda era vivo, habitando em Santa Luzia-PB. Já Leocádia faleceu no dia 19 de abril de 1911, com 73 anos de idade, sendo sepultada em 20 de abril do mesmo ano, também em Santa Luzia-PB. No seu registro20 de sepultamento, pode-se ler:
“No anno de mil novecentos e onze, no dia dezenove de abril de, faleceu com setenta e quatro annos de idade, LEOCADIA MARIA DO ESPIRITO SANTO, casada com SALVIANO BAPTISTA DE LUCENA, foi encomendada no dia seguinte o sepultou-se no Cemitério de L. Miguel d’esta Villa. Do que para constar mandei fazer este assento e assigno. O Vigr.º P. João Baptista de Albuquerque. ”
“No dia vinte dias do mez de abril de mil nove centos e onze […] em meu Cartório compareceu Manoel Paulino de Maria, em qualidade de Vizinho, e na presença das testemunhas, abaixo assignadas declarou que pelas onze horas da noite do dia dezenove do corrente mez em Sítio Annalher d’este termo falleceu Leocadia Maria do Espirito Santo, Cazada cum SALVIANNO BAPTISTA DE LUCENA, com idade de setenta e quatro annos, deixou treis filhos legítimos são os seguintes: MANOEL SALVIANO DE LUCENA, com idade de trinta annos, Maria Leocádia de Jesus, com idade de quarenta annos, Francisca Maria da Conceição com trinta e cinco annos, finalmente a morte foi natural proveniente de {?} e veio ser sepultada no Cemitério d’este Villa […]”
Foram filhos de Leocádia Carolina de Medeiros e Salviano Baptista de Lucena:
MARIA, nascida no dia 7 de julho de 1869 e foi batizada aos 19 de agosto do mesmo ano no Sítio Santa Fé, Santa Luzia-PB. Foram padrinhos, Januário Alvares da Nobrega e sua mulher Theodora Arcanja da Nobrega. Ela faleceu por volta de 3 meses depois em 25 de setembro de 1869 em Santa Luzia-PB.
MARIA LEOCÁDIA DE JESUS, nascida no dia 31 de julho de 1870 em Santa Luzia-PB. Ela se casou com Manoel Bernardes. Ela veio a falecer aos 12 de novembro de 1929 em Mulungu-PB. Existe ainda uma outra Maria Leocádia, que teria se casado com Silvino Tiburtino de Medeiros e que teria falecido após 1929. Muito provavelmente uma irmã, mais nova.
FRANCISCA MARIA DA CONCEIÇÃO, batizada em 11 de dezembro de 1871 no lugar Riacho (Santa Luzia-PB), na casa de Roberto Barboza de Maria. Foram padrinhos Eliseu Maria de Medeiros e Guilhermina Rosalina de Medeiros.
FRANCISCO, gêmio de Francisca Maria da Conceição, batizado em 11 de dezembro de 1871 junto com a irmã, no lugar Riacho (Santa Luzia-PB), na casa de Roberto Barboza de Maria.
JOSÉ SALVIANO DE MEDEIROS, nascido no dia 22 de fevereiro de 1874 em Santa Luzia-PB, vindo a falecer no Sítio Gatos em 15 de janeiro de 1896, em Santa Luzia-PB, com 21 anos de idade. José Salviano de Medeiros era criador e faleceu solteiro.
Joaquim Francisco de Melo e Maximiana Angela de Jesus
Joaquim Francisco de Melo nasceu no dia 15 de março de 1861 e foi batizado no dia 29 de abril do mesmo ano no Oratório do Maracujá, localizado em fazenda de mesmo nome, e que na época, estava sob a jurisdição da Matriz de Santa ‘Anna, atual Caicó-RN. Era agricultor e filho de Cassiano de Mello Montenegro e Catharina Maria da Conceição. No seu registro22 de batismo, pode-se ler:
“JOAQUIM, filho legítimo de CASSIANO DE MELLO MONTE NEGRO, e CATHARINA MARIA DE JESUS d’esta Freguesia, nasceo a quinze de março, e foi baptizado solenemente no Oratório do Maracujá, pelo Padre Gil Braz de Figueirêdo de minha licença, a vinte e nove de abril de mil oito centos e sessenta e um: Padrinhos Luiz Emiliano de Figueirêdo e sua mulher Izabel Maria de Jesus, de que mandei fazer este Assento que assigno. O Vigr.° Francisco Rafael Ferreira.”
Suposta fotografia de Joaquim Francisco de Mello.
Ele se casou duas vezes até onde se sabe. Sua primeira esposa foi Maximiana Angela de Jesus e em seguida Francisca Leopoldina de Medeiros.
Maximiana Angela de Jesus, nasceu no dia 21 de janeiro de 1858 e foi batizada no dia 16 de março do mesmo ano em Santa Luzia-PB. Ela era filha de Antônio Garcia de Araújo e Joanna Idalina de Medeiros. No seu registro23 de batismo, pode-se ler:
“Ao dezenove de março de mil oito centos cinquenta nove, foi por mim batizada solenemente n’esta Matriz de Santa Luzia, par vela MAXIMIANNA, branca, nasceo a vinte hum de fevereiro do mesmo anno, filha de legitima de ANTÔNIO GARCIA D’ARAÚJO e D. JOANNA IDALINA DE MEDEIROS, forão Padrinhos Antônio Santiago de Medeiros e sua mulher Ignácia Victoria de Medeiros de que para constar fez este assento. O Vigr.º Antaro Estanislaó Aurique e Vasconcellos. ”
Maximiana também se casou por mais de uma vez. Primeiramente com Antônio Militão de Medeiros Nobrega e em seguida com Joaquim Francisco de Melo, após a morte do seu primeiro esposo. O casamento ocorreu no dia 29 de setembro de 1874 em Santa Luzia-PB. No registro24 de seu primeiro casamento, pode-se ler:
“No dia vinte e nove de setembro de mil oitocentos e settenta e quatro, a uma hora da tarde, reparado decentemente uni altar na caza da residência do Senhor Antônio Garcia d’Araújo, na Cachoeira d’esta Freguesia de Santa Luzia, em minha presença e na das testemunhas José Maria de Medeiros, cazado d’esta Freguesia, e José Modesto d’Araújo, solteiro, da Freguesia do Jardim, receberam-se em matrimonio por palavras de presente e de mim receberam as benções Nupciais meus Parochiannos ANTÔNIO MILITÃO DE MEDEIROS NOBREGA e MAXIMIANA ANGELA DE MARIA, brancos, filhos legítimos, elle de MANOEL DAMASCENO ROCHA e MARIA DO CARMO DE JEZUS, já fallecida, ella de ANTÔNIO GARCIA D’ARAÚJO e JOANNA IDALINA DE MEDEIROS: havendo precedido a dispensa de parentesco que há entre elles, e […]. Para constar faço este assento que assigno. O Vigr.º Incomendado João Maria C. de Brito.”
Do seu primeiro casamento, Maximiana Angela de Jesus e Antônio Militão de Medeiros Nobrega tiveram os seguintes filhos:
MARIA VICÊNCIA DE JESUS nasceu por volta de 1875, pois tinha 23 anos no dia da morte de sua mãe. Casou-se com Franklin Saturnino Alves da Nobrega, filho de Noberto Alves Nobrega e de Luzia Enedina de Medeiros. Seu marido veio a se casar novamente em 1906, então podemos concluir que Maria veio a falecer antes de 1906.
O registro de casamento entre Joaquim Francisco de Mello e Maximiana Angela de Jesus não pôde ser encontrado (por algum motivo, os registros de casamento da freguesia de Santa Luzia de 1881 a 1909 não existem). Entretanto, presumisse que tenham se casado por volta de 1885, um ano antes do nascimento da primeira filha do casal.
Maximiana faleceu em 27 março 1898 em Santa Luzia-PB, com 39 anos de idade devido à um parto. Não se sabe se o bebê sobreviveu, pois, nenhum registro foi encontrado a esse respeito. No seu registro25 de sepultamento pode-se ler:
“No dia vinte e sete de março de mil oitocentos e noventa oito, n’este Cemitério se sepultou em hábito preto a adulta MAXIMIANA ANGELA DE JESUS, casada que foi com JOAQUIM FRANCISCO DE MELLO, morreu de parto com idade de 38 anos, foi encomendada. E para constar mandei fazer este assento que me assigno. O Vigr.° P.e João Baptista de Albuquerque.”
“No dia vinte oito dias do mez de março de mil oito centos e noventa e oito […] em meu Cartório compareceu João Garcia de Medeiros na qualidade de irmão com a presença das testemunhas abaixo assignadas declarou que em pelas duas horas do dia de mesmo dia em Sítio Navios d’este Termo, falleceu MAXIMIANA ANGELA DE JESUS com idade de trinta e oito annos, Cazada com JOÃO (JOAQUIM) FRANCISCO DE MELLO e tinha sette filhos legítimos os quais são Maria Vicencia de Jesus, com idade vinte seis annos, Maria do Carmo de Jesus, com idade de vinte dois annos, Joanna Maria de Mello, com idade de onze annos, Theodora Maria de Jesus com idade de deis annos, Felismina Maria de Jesus idade nove annos, Manoel Firmino de Medeiros oito annos, José Francisco de Mello, idade seis annos, Maria das Dores de Jesus quatro annos, e finalmente a morte foi natural por ventre de parto e vai ser sepultada no cemiterio desta Villa […]”
Foram filhos de Maximiana Angela de Jesus e Joaquim Francisco de Mello:
JOANA MARIA DE JESUS (FLORENTINA DE MEDEIROS), nascida por volta de 1886, pois tinha 11 anos no dia da morte de sua mãe. Ela se casou com Franklin Saturnino Alves da Nobrega, filho de Noberto Alves da Nobrega e de Luzia Enedina de Medeiros, aos 5 de maio de 1906 em Santa Luzia-PB. Joana era meia irmã por parte de mãe da primeira esposa de Franklin. Ela veio a falecer em 13 de dezembro de 1976, em Santa Luzia-PB.
THEODORA MARIA DE JESUS, nasceu aos 7 de setembro de 1887 e foi batizada aos 13 de novembro do mesmo ano na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Antônio Garcia Damasceno, irmão de Maximiana, e Luzia Maria da Conceição. Ela se casou com Cassiano Hipólito Damasceno, filho de Francisco Sales Damasceno e de Maria Herminia das Virgens.
MANOEL FIRMINO (PONCIANO) DE MEDEIROS, nascido no dia 19 de novembro de 1889 no Sítio Riacho da Cozinha (Santa Luzia-PB). Se casou com Luzia Elizia de Jesus, filho de Francisco Clementino Dantas e de Maria José da Conceição aos 31 de maio de 1911 em Santa Luzia-PB. Manoel veio a falecer aos 5 de janeiro de 1947.
JOSÉ FRANCISCO DE ALBUQUERQUE MELO, nascido no dia 23 de março de 1891 no Sítio Riacho da Cozinha (Santa Luzia-PB). Ele se casou com Maria Agostinha dos Santos, filha de Braz José de Medeiros e de Maria José da Nóbrega, aos 12 de outubro de 1917.
PEDRO CLEMENTE (ELIZIO) DE MELLO, nascido no dia 4 de julho de 1892 em Santa Luzia-PB. Ele faleceu em 15 de junho de 1895 no Sítio Riacho da Cozinha (Santa Luzia-PB).
MARIA DAS DORES DE JESUS, nascida por volta de 1894, pois tinha 4 anos no dia da morte de sua mãe. Ela se casou com Antônio Calixto de Medeiros, filho de Antoino Calixto de Medeiros e de Maria Joventina de Medeiros, em 28 de outubro de 1913, em Santa Luzia-PB.
SEM NOME, provavelmente nascido aos 27 de março de 1898 em Santa Luzia-PB. Não foi encontrado registro de batismo pois a criança provavelmente nasceu morta, pois foi o motivo da morte de Maximiana.
Após a morte de sua segunda esposa, Francisco se casou com Francisca Leopoldina de Medeiros, nascida aos 18 de junho de 1882 em Jardim do Seridó-RN, dona de casa, filha de Alexandre José de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição. O casamento ocorreu em 20 de outubro de 1904 em Santa Luzia-PB. No registro27 de casamento, pode-se ler:
“No dia vinte dias do mez de outubro do anno de mil novecentos e quatro as cinco hotas da tarde em caza de rezidencia do Contratante […] receberam-se em matrimonio JOAQUIM FRANCISCO DE MELLO, filho legítimo de CASSIANO DE MELLO MONTE-NEGRO e CATHARINA MARIA DA CONCEIÇÃO, com quarenta e trez annos de idade, natural e rezidente n’esta Villa, com Dona FRANCISCA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, com vinte dois annos de idade natural da Cidade do Jardim, Estado do Rio Grande do Norte, e rezidente n’esta Villa, filha legítima de ALEXANDRE JOSÉ DE MEDEIROS e ANT&ONIA MARIA DA CONCEIÇÃO, os quais no mesmo (?) declararam que não são parentes entre si, e nem tem outro impedimento legal que os impida de cazar-se um com o outro […]”
Joaquim veio a falecer em 12 de abril de 1917 em Santa Luzia-PB com 56 anos de idade. No seu registro28 de óbito, pode-se ler:
“No dia vinte oito dais do mês de abril do ano de mil novecentos e dezessete, n’esta Villa de Santa Luzia do Sabugy, Estado da Parahyba, no meu Cartório compareceu Manoel Ponciano de Medeiros na qualidade de filho na presença das testemunhas abaixo assignadas declarou que pelas doze horas da tarde do dia doze do corrente mês e anno no Sítio Posso da Pedra d’este Termo, faleceu JOAQUIM FRANCISCO DE MELLO com idade de 56 annos, Cazado, […], os quais são os seguintes: Luzia Francisca de Jesus, em idade um anno, Maria Francisca das Neves das Merceeis em idade onze annos, Luiz Francisco de Mello em idade seis annos, Francisco Joaquim de Mello com idade onze anos, Joaquim de Mello Filho com idade oito annos, Antônia Francisca […]”
Sem nenhuma explicação, o registro foi terminado sem dar mais informações sobre os seus filhos. Entretanto, as informações contidas no registro foram suficientes para conseguir a data e o local de falecimento.
Já Francisca Leopoldina de Medeiros veio a falecer aos 2 de julho de 1874 em Santa Luzia-PB. No seu registro29 de óbito, pode-se ler:
“Em dois de julho de mil novecentos e setenta e quatro nesta cidade de Santa Luzia Estado da Paraiba, em cartório compareceu Maria de Fátima Medeiros na qualidade de declarante e exibindo atestado de óbito firmado, digo em presença das testemunhas no final assinadas dando como causa da morte natural declarou que no dia de hoje a 01h45 horas no domicilio em nesta Cidade de Santa Luzia, faleceu FRANCISCA LEOPOLDINA DE MEDEIROS do sexo feminino, de côr branca, profissão domestica, natural do Rio Grande do Norte domiciliada e residente em nesta Cidade, com noventa e dois annos de isadade, estado civil viuva filha de ALEXANDRE JOSÉ DE MEDEIROS e de ANTÔNIA MARIA DA CONCEIÇÃO, falecidos. O sepultamento sera feito no cemitério desta cidade. A falecida não era eleitora, não deixou bens para inventariar e deicou os seguintes filhos Maria Leodovina Fernandes, Antonia de Medeiros {?} Joaquim Izidoro de Medeiros, Braz Gabriela de Melo, Luiz José de Mello, do que para constar lavrei este termo em que assino […]”
Encontro de Estevão Otalíbio de Medeiros, filho de Manoel Salviano de Lucena e de Felismina Leopoldina de Medeiros, com sua família, dentre eles podemos notar seus meio-tios, filhos de seu avô Joaquim Francisco de Melo e Francisca Leopoldina de Medeiros.
Foram filhos de Francisca Leopoldina de Medeiros e Joaquim Francisco de Melo:
LUZIA MEDEIROS DE MELO, nasceu aos 27 de agosto de 1905 e foi batizada aos 9 de outubro do mesmo ano na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Franklin Saturnino da Nobrega e Maria Vicência de Mello. Ela se casou com Augusto Jerônimo de Oliveira, filho de Manoel Jerônimo da Trindade e de Maria Justina da Conceição aos 5 de maio de 1923 em Patos-PB. Ela veio a falecer aos 9 de março de 1942 em Santa Luzia-PB.
MARIA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, nascida no dia 3 de janeiro de 1907 no sítio Navios (Santa Luzia-PB). Ela se casou com Manoel José Fernandes, filho de Ezequiel de Araújo Fernandes Filho e de Josephina Augusta de Brito Guerra aos 19 de março de 1926 em Santa Luzia-PB. Ela veio a falecer aos 20 de abril de 1989 em Santa Luzia-PB.
LUIZ FIRMINO DE MEDEIROS (JOSÉ DE MELO), nascido no dia 2 de fevereiro de 1908 no sítio Navios (Santa Luzia-PB). Ele veio a falecer aos 10 de maio de 2004 em Soledade-PB.
FRANCISCO SALES DE MELO, nasceu por volta de 1909 em Santa Luzia-PB. Ele se casou com Haydée Barbosa, filha de Anísio da Silva Barbosa e de Valentina de Oliveira. Ele veio a falecer aos 19 de abril de 1967 em Campina Grande-PB.
JOAQUIM IZIDORO DE MEDEIROS, nascido em 4 de abril de 1910 no sítio Navios (Santa Luzia-PB). Ele se casou com Maria Alabibe Castelo Branco, filha de Mardoqueu Castelo Branco e de Cecília Rodrigues de Lima, aos 18 de setembro de 1942 em Santa Luzia-PB. Ele veio a falecer aos 18 de junho de 2005 em Soledade-PB.
AUGUSTA LEOPOLDINA DE MEDEIROS, nascida no dia 7 de outubro de 1911 no sítio Navios (Santa Luzia-PB). Foram padrinhos Francisco Gergentino de Araújo e Deolinda Tertulina de Araújo.
ANTONIA DE MEDEIROS MELO, nasceu aos 2 de janeiro de 1914. Ela se casou com José Amancio de Lima. Ela veio a falecer aos 20 de outubro de 2003 em Santa Luzia-PB.
BRAZ GABRIELA DE MELO, nasceu no dia 18 de março de 1915 e foi batizado aos 28 do mesmo mês e ano na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Francisco Antonio Damasceno e Teresa Clementina de Jesus. Ele se casou com Rita Isabel de Jesus, filha de Francisco Malaquias de Araújo e de Maria Rufina de Jesus, aos 6 de fevereiro de 1942 em Santa Luzia-PB. Ele veio a falecer aos 2 de março de 1995 em Santa Luzia-PB.
ALEXANDRE JOSÉ DE MELO, nasceu aos 20 de junho de 1916 em Santa Luzia-PB. Ele se casou com Francisca de Oliveira Melo, filha de José Antônio de Oliveira e de Felismina de Barros, aos 23 de junho de 1950, em Soledade-PB. Ele veio a falecer aos 13 de junho de 1994 em Campina Grande-PB.
Capítulo IV – Os Bisavós
Manoel Baptista de Lucena e Guilhermina Antônia da Rocha
Manoel Baptista de Lucena nasceu no dia 12 de janeiro de 1806 e foi batizado no dia 16 de setembro do mesmo ano, no Sítio Riacho de Fora, ligado na época à Freguesia de Caicó-RN. Ele era filho de Bento Fernandes Freire e Maria dos Reis de Lucena. No seu registro30 de batismo, pode-se ler:
“MANOEL, filho legitimo de BENTO FERNANDES FREIRE e de MARIA DOS REIS DE LUCENA, moradôres e naturais desta frequezia, nasceu ao doze diaz de Janeiro de mil oitocentos e seis, e foi baptizado por mim no Sitio do Riacho de Fora aos deseseis de Setembro do dito anno, e lhe-pos os Santos oleos. Forão Padrinhos Caetano Camillo Pereira, e Izabel Bezêrra de Lucena, solteira; e para constar fiz este adjunto, que assigno. O Vigr.° Francisco Brito Guerra.”
Manoel se casou primeiramente com Joanna Baptista da Desolação, filha de João Ferreira Matos e de Mônica Maria do Sacramento o dia 20 de fevereiro de 1829, em Caicó-RN. No registro31 de casamento, pode-se ler:
“No dia vinte de fevereiro de mil oito centos e vinte nove, pelas oito horas da manham nesta Matriz do Seridó, feitas as canônicas denunciações […] tendo obtida despença de sanguinidade, confissão, comunhão, e exame de Doutrina Chistan, em minhas presnça e das testemunhas João Soares da Silva e Manoel d’Assunção, casados, moradores nesta Freguesia, receberamse em matrimonio por palavras (?) MANOEL BAPTISTA DE LUCENA, natural, e morador nesta Freguesia do Seridó, e JOANNA BAPTISTA DA DEZOLAÇÃO, natural e moradora na Freguesia dos Patos, elle filho legítimo de BENTO FERNANDES FREIRE e de MARIA DOS REIS DE LUCENA, e ella filha legítima JOÃO FERREIRA MATOS, já falecido, e de MÔNICA MARIA DO SACRAMENTO, e logo lhes dei as bênçãos nupciais na forma (?): e para constar mandei fazer este assento, que com as fitas testemunhas assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
Joanna veio a falecer no dia 9 de setembro de 1835, em decorrência de complicações no parto de sua filha Izabel (seis dias depois do nascimento) e foi sepultada no dia seguinte em Caicó-RN. No registro32 de sepultamento de Joanna, pode-se ler:
“A dez de setembro de mil oito centos e trinta e cinco foi sepultada nesta Matriz abaixo das grades o cadaver de JOANNA BAPTISTA DA DEZOLAÇÃOcazada com MANOEL BAPTISTA DE LUCENA morador no Posso da Pedra desta Freguesia, falecida de parto com os Sacramentos na idade de vinte e cinco annos: foi envolto em branco, e encomendado pello Padre Ignácio Gonçalves Mello de minha licença; de que para constar mandei fazer assento que assigno. O Vigr..° Manoel José Fernandes.”
Joanna teve os seus bens inventariados por Manoel Baptista de Lucena no ano de 1837 (inventário localizado em Caicó-RN, Caixa 334 – 1837 – Inventário – Joana Batista de Lucena/Manoel Batista de Lucena). No documento, pode-se ler:
“Orfão 1837 Auto de Inventario que mandou fazer o Juiz dos ORfãos Alexandre de Araújo Pereira nos bens e fazenda que ficarão por falecimento de JOANNA BAPTISTA DA DESOLAÇÃO, Cazada que foi com MANOEL BAPTISTA DE LUCENA moradores no Passo da Pedra deste Termo.
Inventariante Meeiro MANOEL BAPTISTA DE LUCENA
Herdeiros Maria idade – 7 anos Joaquina idade – 5 anos Manoel idade – 4 anos João idade – 3 anos Izabel idade – 2 anos
Anno do Nascimento do Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e trinta e sete aos trinta e hum dias do mes de Maio do dito anno nesta Villa Nova do Principe Comarca de Acari, Provincia do Rio Grande do Norte em Caza de Aposentadoria do Juiz dos Orfãos Alexandre de Araújo Pereira onde o Escrivão de Paz e de Orgão no impedimento do Actual adiante me achava estando presente o viuvo MANOEL BAPTISTA DE LUCENA por ser notificado como deve do mandado sobsequente para efeito de fazer inventario a querer o Juiz lhe deferio a juraramento dos Santos Evangelhos em hum Livro de lhe em que pos sua mam deireita em carregando lhe que bem e fielmente declarace o dia, mes e anno em que faleceo sua mulher e os herdeiros de seu Cazal, assim dinheiro, outo, prata cobre, ferro alfacas de caza moveis gado vacum, e Cavallos, Ovelhas, cabras Escravos, Terras, e tudo mais que valer a quantia de oitenta reis, Dividas Activas e Passivas, se havia deixado testamento solene para se lhe dar comprimento de justiça recebido por elle o referido juramento de baixo declarou que sua mulher JOANNA BAPTISTA DA DESOLAÇÃO faleceo no anno de mil oito centos e trinta e sinco a nove de setembro sem testamento, e os herdeiros do seu Cazal já os havia declarados seos nomes no rosto deste, e os bens do seu monte os heria declarando no decarço deste commo hé obrigado para não incorrer nas penas da Lei; e prejuiz, e sunegados, e para constar mandou o Juiz fazer este auto em que asignam o Juiz, o Inventaruante, eu Antonio da Silva de Souza escrivão de PAz de Orfãos no empedimento do Actual escrivão.”
Podemos ver ao final das declarações iniciais, a assinatura de Manoel Baptista de Lucena:
Assinatura de Manoel Baptista de Lucena.
E segue o inventário:
“Descrição e avaliação dos bens Inventariados hé o seguinte:
Titulo dinheiro Nada Titulo Ouro 13$500 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum par de cadiados com o pezo de quatro oitavas e meia cada huma avaliada pellos Lauvados a tres mil reis que foi a somma a quantia de treze mil e quinhentos reis com o que sai fora 6$500 Declarou o Inventariante haver no seu Cazal huma velta de cordão de outo com o pezo de tres oitavas e meia cada huma oitava pellos Louvados {?} valer tres mil reis que faz a somma de seis mil e quinhentos reis com que sai fora. 6$000 Declarou o Inventariante haver sem seu Cazal dois pares de algobas com o pezo de oitava cada hum por availada neste Inventario pellos Louvados a trez mil reis a oitava que faz a soma da quantia de seis mil reis com o que sai fora. Titulo Prata 6$720 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum par de liporas de prata com o pezo de quarenta e duas oitavas cada huma avaliada pellos Louvados a sento e secenta reis que faz a soma de seis mil sete centos e vinte reis com que se sai fora […] Titulo de Cobre Nada Titulo de Ferro $640 Declarou o Inventariante avec em seu Cazal hum machado pequeno avaliado pellos Louvados que acharão valer a quantia de seis centos e quarenta reis com que sai fora $640 Declarou o Inventariante aver em seu Cazal huma Inxada que axarão valer os Louvados seis centos e quarenta reis com que sai fora $960 Declarou o Inventariante aver em seu Cazal huma Marca de ferrar gados avaliada pellos Louvados em nove centos e secenta reis com o que serão fora {?} 6$000 Declarou o Inventariante avec em seu Cazal hum serrote aparilhado de ferro que axarão os Louvaod valer a quantia de seis mil reis com que se sai fora. 2$560 Declarou o Inventariante avec em seu Cazal quatro Cangalhas avaliadas cada huma pellos Louvados em seis centos e quarenta reis que somma todas a quantia de dois mil quinhentos e secenta reis com que sai fora 12$000 Declarou o Inventariante aver seu Cazal huma Caza de Taippa e terra alheias que axarão os Louvados valer a quantia de doze mil reis com que se sai fora 36$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal seis Garrotes avaliados cada hum em deis mil reis que axarão os Louvados valer a soma a quantia de trinta e seis mil reis com que se sai fora {?} 12$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal quatro Bezerros avaliados pellos Louvados cada hum a tres mil reis que somma a quantia de doze mil reis com que se sai fora a margem 168$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal doze Vacas solteiras avaliadas cada huma pellos Louvados em quatorze mil reis que faz a soma de cento e secenta e oito mil reis com que se sais fora a margem 10$000 Declarou o Inventariante av er no seu Cazal huma Novinhota avaliada pellos Louvados em deiz mil reis com que se sai fora 24$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal quatro Garrotas avaliadas pellos Louvados a seis mil reis cada huma que soma a quantia de vinte e quatro mil reis com que se sai fora a margem 18$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal seis Bezerras avaliadas pellos Louvados cada huma a tres mil reis que somma a quantia de dezoito mil reis com que se sai fora a margem Titulo de Cavallos 35$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum Cavallo Capado avaliado pelos Louvados em trinta e sinco mil reis com que se sai fora a margem 20$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum Poltro de dois annos avaliado pellos Louvados em vinte mil reis com que sai fora a margem 16$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum Poltro de anno e meio que axarão os Louvados valer dezaseis mil reis com que se sai fora a margem 6$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal hum Poltrinho deste anno avaliado pellos Louvados seis mil reis que sais fora a margem 28$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal duas Eguas velhas avaliadas cada huma a quantia de quatorze mil reis que acharão os Louvados vales que soma a quantia de vinte oito mil reis com que sai fora a margem 125$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal sinco eguas solteiras avaliadas pellos Louvados cada huma em vinte sinco mil reis que soma a quantia de Sento e vinte sinco mil reis com que sai fora 6$000 Declarou o Inventariante aver no seu Cazal huma Poltra deste anno avaliada pellos Louvados em seis mil reis com que se sais fora a margem Titulo Ovelhum Mada Titulo Cabrum Nada Titulo Escravos Nada Terras Nada Dividas Activas Nada Dividas Passivas Nada Inserramento”
Segue a descrição da partilha:
“Descripção da Partilha Acharão elles Juiz e Partidores empor o Monte da Fazenda na quantia de quinhentos e setenta e nove mil quinhentos e vinte reis com que sai fora […]
Meação 289$760 Acharão elles Juiz e PArtidores que este monte dividito em duas partes iguais caber aos Inventariante Meeiro a quantia de duzento oitenta nove mil sete centos e secenta reis com que sai fora a margem Meação 289$760 Acharão mais elles Juiz e PArtidores tocas a falecida de sua meação outra igual quantia de duzentos e oitenta nove mil sete centos sesenta reis com que sai fora em margem Pagamento do Meeiro Inventariante MANOEL BAPTISTA DE LUCENA de sua Meação da quantia de 289$760
[TO COMPLETE]“
Foram filhos de Joanna Baptista da Desolação e Manoel Baptista de Lucena:
MARIA, nascida no dia 8 de janeiro de 1830 e foi batizada no dia 8 de março do mesmo ano no lugar Poço da Pedra (Caicó-RN). Foram padrinhos Bento Fernandes Freire e sua esposa Maria dos Reis de Lucena, avós paternos.
JOAQUINA, nascida por volta do final do ano de 1831, pois é mencionada no inventário da mãe no ano de 1837, tendo 5 anos de idade.
MANOEL BAPTISTA DE LUCENA, nascido no dia 8 de outubro de 1832 e foi batizado no dia 28 de dezembro do mesmo ano no Oratório São João (São João do Sabugi-RN). Foram padrinhos José Felis de Lima e ? Maria, ambos solteiros. Ao que consta, teria se casado duas vezes, na primeira com Izabel Maria da Conceição, filha de Victorino de Sousa Marques e Leonor Maria de Jesus e após com Maria Izabel da Conceição, filha de José Ayres Baptista de Lucena e de Florência Maria dos Reis, aos 3 de janeiro de 1891 em Caicó-RN.
JOÃO, nascido no dia 14 de junho de 1834 e foi batizado no dia 7 de dezembro do mesmo ano na capela São João (São João do Sabugi-RN). Foram padrinhos João Baptista de Lucena e Maria Izabel.
IZABEL, nascida no dia 4 de setembro de 1835 e foi batizada aos 3 de outubro do mesmo ano em perigo de vida. Não houve padrinhos. Sabemos que ela sobreviveu, pois é mencionada no inventário da mãe, no ano de 1837, tendo 2 anos de idade.
Manoel se casou com Guilhermina Antônia da Rocha, nascida por volta de 1815, após a morte de sua primeira esposa por volta de 1837. Infelizmente, os registros de casamento de 1834 à 1867 da Freguesia de Caicó não estão disponíveis ou não existem mais, o que poderia comprovar tal afirmação por completo.
Guilhermina seria filha de Antônio de Medeiros Rocha (2°) e de Ignácia Maria de Medeiros. A hipótese de parentesco de Guilhermina foi levantada através do registro de batismo de sua primeira filha com Manoel Baptista de Lucena. No registro, consta que os padrinhos eram Antônio de Medeiros Rocha e Ignácia Maria de Medeiros. Naquela época, era comum os avós serem padrinhos dos netos, em muitas vezes, dos primogênitos. Além disso, seus filhos tiveram outros padrinhos do ramo Medeiros Rocha, o que pode indicar que Guilhermina fazia parte dessa família.
Sabe-se que o casal Manoel já era falecido na data do casamento de seu filho Salviano Baptista de Lucena, em 1868. Já Guilhermina Antônia da Rocha faleceu em decorrência do parto do filho Justino e foi sepultada aos 26 de dezembro de 1853, em Santa Luzia-PB, com 38 anos de idade. No seu registro33 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte seis de Dezembro de mil oito centos e cincoenta e tres nesta Capella de S. Luzia, foi sepultada da grade a baixo o cadaver de GUILHERMINA ANTÔNIA DA ROCHA, mulher de MANOEL BAPTISTA DE LUCENA, de trinta oito annos de idade, faleceo de Parto envolta em habito branco, com os sacramentos, encommendada pelo Pe Gil Braza de Figueiredo. O Vigro Mel Cadozo da Cruz.”
O casal Guilhermina Antônia da Rocha e Manoel Baptista de Lucena tiveram os seguintes filhos:
ANNA, nascida aos 5 de abril de 1838 e foi batizada aos 3 de maio do mesmo ano na capela São João (São João do Sabugi-RN). Foram padrinhos Antônio de Medeiros Rocha e sua esposa Ignácia Maria de Medeiros.
SEBASTIÃO, nascido aos 10 de julho de 1839 e foi batizado aos 29 de setembro do mesmo ano na capela São João (São João do Sabugi-RN). Foram padrinhos João Manoel de Medeiros e sua esposa Maria Eduarda de Medeiros.
JOSÉ BAPTISTA DE LUCENA, nascido aos 21 de outubro de 1840 e foi batizado aos 1 de janeiro de 1841 no Sítio Barboza? (Caicó-RN). Foram padrinhos Antônio Fernandes dos Santos e sua esposa Venância Joaquina. Ele teria se casado com Florencia dos Reis de Maria.
ANNA, nascida aos 2 de outubro de 1845 e foi batizada aos 14 de dezembro de 1845 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Antônio de Medeiros Rocha Júnior e Anna Constância de Medeiros Nóbrega, ambos solteiros, moradores de Caicó-RN.
ROBERTO BAPTISTA DE LUCENA nasceu no dia 5 de junho de 1847 e foi batizado aos 8 do mesmo mês e ano em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos José Gregório de Medeiros e Maria Francisca Paulina de Medeiros. Ele se casou com Anunciada Miguelina de Moraes, filha de Valentim Valério de Moraes e de Thereza Maria de Jesus em 03 de novembro de 1870 na Fazenda Jardim (Serra Negra do Norte-RN). Ele teria se casado por uma segunda vez com Anna Felismina de Jesus, também filha de Valentim Valcácer de Moraes e de Theresa Maria de Jesus, aos 7 de outubro de 1877 em Santa Luzia-PB.
JOAQUIM BAPTISTA DE LUCENA, nasceu no dia 15 de outubro de 1848 e foi batizado aos 10 de dezembro do mesmo ano em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Patrício Emiliano Rangel, solteiro, e Thereza Maria do Sacramento, casada. Se casou com Custódia Maria da Conceição, no dia 7 de dezembro de 1869 em Caicó-RN. Se casou pela segunda vez com Maria da Conceição de Maria no dia 24 de outubro de 1871, também em Caicó-RN. Ele veio a falecer no dia 26 de dezembro de 1936.
ANTÔNIO BAPTISTA DE LUCENA, se casou com Maria Isabel de Araújo, filha de Joaquim de Araújo Pereira e de Josefa Hidacina da Silva, ao 1 de julho de 1881 em Serra Negra do Norte-RN.
JUSTINO, nasceu aos 18 de dezembro de 1853 e foi batizado no dia 1 de janeiro de 1854 na capela de Santa Luzia, na atual Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Galdino José Baptista e sua mulher Antônia Maria da Conceição.
Felix Gomes de Medeiros e Josefa Maria da Conceição
Felix nasceu no ano de 1803 muito provavelmente onde hoje se localiza o município de São João do Sabugi-RN. Ele era filho de Sebastião José de Medeiros e de Maria Francisca do Espírito Santo. Não foi possível recuperar muitas informações de seu registro34 de batismo, pois, ele se encontra bastante deteriorado. Entretanto, pode-se ler:
“Felis, filho legítimo de Sebastião José de Medeiros e de Maria Francisca Espirito Santo, naturais […]”
Ele se casou com Josefa Maria da Conceição, nascida por volta de 1810, natural muito provavelmente de São João do Sabugi-RN. Ela era filha de João Garcia de Araújo e de Maria da Francisca de Medeiros, e meia irmã por parte de pai de Antônio Garcia de Araújo, casado com Joanna Idalina de Medeiros (Página 63). Casaram-se na Fazenda Carnaubinha, localizada no atual município de São João do Sabugi-RN.
O casamento entre Felix Gomes de Medeiros e Josefa Maria da Conceição ocorreu aos 11 de janeiro de 1830 na Fazenda Carnaubinha, atual município de São João do Sabugi-RN. Não se sabe ao certo a data de nascimento de Josefa, mas existe uma boa possibilidade de ela ter sido batizada na freguesia do Seridó, Caicó-RN. No registro35 de casamento, pode-se ler:
“Aos onze dias de janeiro de mil oitocentos e trinta, sete horas do dia na Fazenda Carnaubinha d’esta Freguesia do Seridó, tendo precedido depuração de sanguinidade, ambos sem impedimento, Confissão, Comunhão e exame de Doutrina Christan, em minha presença, digo, de minha licença o Padre Manoel José Fernandes ajuntou em matrimonio, e deo as benções nupciais aos meus Paroquianos FELIS GOMES DE MEDEIROS e JOSEFA MARIA DA CONCEIÇÃO, brancos, elle filho legítimo de SEBASTIÃO JOSÉ DE MEDEIROS, e de MARIA FRANCISCA DO ESPIRITO SANTO, e ella filha legítima de JOÃO GARCIA DE ARAÚJO, e de MARIA DA CONCEIÇÃO DE MEDEIROS, já falecida sendo testemunhas José Felippe de Santiago, solteiro, e João Manoel de Medeiros, casado, que com o dito Padre assignarão o assento, que me foi remetido, pelo qual fiz o presente e assigno. O Vigr.º Francisco de Brito Gomes. ”
Felix possuía escravos como podemos ver nos registros de batismo seguintes. No primeiro, vemos o registro de batismo de José, filho natural de Maria, escrava de Felix. Fato interessante é que José, foi liberto no momento do batismo mediante o pagamento de 50 mil reis. No registro36, pode-se ler:
“JOZÉ, filho natural de Maria, escrava de FELIX GOMES DE MEDEIROS, desta freguezia do Seridó, nasceu a doze de Abril de mil oito centos e trinta e hum, e foi baptizado com os Santos Oleos na Fazenda Carnaubinha a vinte de Maio do dito anno pelo Reverendo Ignácio Gonçalves Mello de minha licença: forão Padrinhos João Filippe de Medeiros e Maria Francisca de Medeiros solteiros, os quaes logo na Pia o libertarão por cincoenta mil reis, de que para constar mandei fazer este assento que assigno. Manoel josé Fernandes, Coadjutor por procuração”
No primeiro, vemos o registro de batismo de Ignácia, filho de João e Antonia, escravos de Feliz Gomes de Medeiros. No registro37, pode-se ler:
“IGNACIA, filha legitima de João e Antonia, escravos de FELIX GOMES DE MEDEIROS, desta Freguezia do Seridó, nasceu à oito de Abril de mil oito centos e trinta e quatro e foi baptizada com os Santos Oleos na Fazenda Mulungu a doze de Junho do dito anno pelo Padre Ignacio Gonçalves Mello de minha licença, forão Padrinhos João Honório de Medeiros e hoanna da Cruz de que para constar mandei gazer este assento que assigno. O Vigr.o Francisco de Brito Guerra”
Temos o batismo de Francisco, filho do casal João e Antônia, escravos de Felix. No registro38, pode-se ler:
“FRANCISCO, filho legitiomo de João e Antonia, escravos de FELIZ GOME SDE MEDEIROS, desta Freguesia do Seridó nasceo a dez e foi baptizado com os Santos Oleos a dez e nove de Setembro de mil oito sentos e trinta e seis na Capela de São João pelo Padre Joaquim Felix de Medeiros de minha licença forão padrinhos Manoel Gardia de Medeiros Junior e Guilhermina Honorata de Medeiros, cazados de que para constar mandei fazer este assento que assigno O Vigr.o Francisco de Brito Guerra”
E por fim, temos o batismo de José, também filho do casal João e Antônia, escravos de Felix. No registro39, pode-se ler:
“JOZÉ, filho legitiomo de João e Antonia, escravos de FELIZ GOME SDE MEDEIROS, desta Freguesia do Seridó nasceo a doze de Novembro de mil oito centos e trinta e sete e foi baptizado com os Santos Oleos a dez e nove de Setembro de mil oito sentos e trinta e seis na Capela de São João a vinte sete de Dezembro do dito anno pelo Padre Joaquim Felix de Medeiros de minha licença forão padrinhos Sebastião José de Medeiros e sua mulher Anna Francisca, de que para constar mandei fazer este assento que assigno O Vigr.o Francisco de Brito Guerra”
Felix Gomes de Medeiros e Josefa Maria da Conceição ainda eram vivos por volta de 1870, data de casamento de seu filho Manoel Delfino de Medeiros. Presume-se que tenham falecido em São João do Sabugi-RN (Brasil).
Foram filhos de Josefa Maria da Conceição e Felix Gomes de Medeiros:
MARIA, nascida aos 31 de outubro de 1830 e foi batizada aos 7 de novembro do mesmo ano no Oratório de São João (Caicó-RN). Foram padrinhos João Garcia de Araújo e sua esposa Maria Francisca do Espírito Santo.
ISABEL, nascida aos 4 de setembro de 1831 e foi batizada aos 9 de setembro de 1831 na Fazenda Mulungu, atual município de São João do Sabugi-RN. Foram padrinhos Sebastião José de Medeiros e Theresa Maria.
MANOEL DELFINO DE MEDEIROS, nascido aos 24 de dezembro de 1832 e foi batizado aos 1 de janeiro de 1833 na Fazenda Carnaubinha, atual município de São João do Sabugi-RN. Foram padrinhos João Felippe de Medeiros, e Izabel Maria da Conceição, solteiros. Ele se casou com Ana Francisca de Medeiros, filha de Sebastião José de Medeiros e Maria Francisca de Medeiros. Ele faleceu aos 14 de agosto de 1901, em Serra Negra do Norte-RN.
ANNA CLAUDINA DE MEDEIROS, nascida aos 13 de abril de 1834 e foi batizada aos 12 de junho do mesmo ano na Fazenda Molungu, atual município de São João do Sabugi-RN. Foram padrinhos João Honório de Medeiros e Guilhermina Honorata de Medeiros. Ela casou com Manuel Benvenuto de Medeiros, seu tio paterno, filho de Sebastião José de Medeiros e Maria Francisca do Espírito Santo.
SEBASTIÃO BASÍLIO DE MEDEIROS, nascido aos 14 de junho de 1835 e foi batizado aos 20 do mesmo mês e ano na Fazenda Mulungu, atual município de São João do Sabugi-RN. Foram padrinhos Sebastião José de Medeiros Junior (provavelmente tio paterno), solteiro, e Maria Francisca de Medeiros, casada. Ele que se casou com Maria Joaquina da Conceição, filha de Sebastião José de Araújo e Maria Francisca de Medeiros. Teria se casado uma segunda vez com Maria Senhorinha de Medeiros, sem documentos comprovatórios.
JUSTINA GARCIA DE MEDEIROS nasceu no dia 17 de setembro de 1836 e foi batizada aos 19 de setembro de 1836, na Capela São João, atual município de São João do Sabugi-RN. Ela que se casou com José Calazans de Medeiros, filho de Manuel Joaquim de Medeiros. Ela faleceu aos 16 de maio de 1926, em São João do Sabugi-RN.
GUILHERMINA IDALINA DE MEDEIROS, nascida aos 1 de agosto de 1840 e foi batizada aos 8 de agosto de 1840 em Caicó-RN, na Fazenda Mulungu, atual município de São João do Sabugi-RN. Ela se casou com Eliseu Evangelista de Medeiros, filho de José Felipe de Medeiros e de Jerônima Candida de Jesus, aos 11 de outubro de 1866 no Sítio Tapirá, Santa Luzia-PB. Ela veio a falecer aos 3 de maio de 1930 em São Mamede-PB.
JOÃO OLINTO DE MEDEIROS nasceu no dia 26 abril 1847 e foi batizado aos 3 de maio de 1847, na Fazenda São João, atual município de São João do Sabugi-RN. Ele que se casou com Josefa Carolina Maria da Conceição, filha de Thomaz Garcia de Medeiros e de Carolina Maria da Conceição, aos 26 de novembro de 1870 em Serra Negra do Norte-RN.
MARIA CAROLINA DE MEDEIROS, nascida por volta de 1852. Ela se casou com Antônio David de Medeiros (Antônio Baeta), filho de José Felipe de Medeiros e de Jerônima Candida de Jesus, em 11 de outubro de 1866 no Sítio Tapirá (Santa Luzia-PB).
Cassiano de Mello Montenegro e Catharina Maria da Conceição
Cassiano de Mello Montenegro ou de Albuquerque Mello nasceu por volta de 1827, pois havia 92 anos de idade no dia do seu falecimento. Não se sabe onde nasceu e até recentemente, não se sabia também o seu parentesco. Entretanto, através do licenciamento eleitoral40 feito no ano de 1892 em Santa Luzia-PB e disponibilizado por um parente descendente de Cassiano, constatou-se que ele era filho de Francisco de Paula Albuquerque Montenegro. Em alguns registros, mostra-se como esposa de Francisco, Maria Aranha, mas nenhum documento foi encontrado que comprovasse o verdadeiro nome de sua mãe.
Registro eleitoral de Cassiano de Mello Montenegro, em Santa Luzia-PB.
Alistamento eleitoral no início da república no Brasil
Após a Proclamação da República no Brasil, através da nova constituição de 1891 e de leis ordinárias nos anos subsequentes, regulava-se no Brasil o processo eleitoral, incluindo a efetivação dos direitos políticos aos cidadãos do país. Entretanto, o direito ao voto não foi dado por lei a todos os cidadãos, dentre eles os analfabetos e escravos recém-libertos. Nessa época, só estudava quem era muito rico, portanto, tal restrição visava tirar o poder de votar das pessoas menos favorecidas.
No documento de alistamento eleitoral de Santa Luzia-PB, podemos ver que havia somente 451 pessoas aptas para o voto no ano de 1892, todos eles homens. Pode-se ver alguns dos nossos antepassados na tal lista, observando-se também a ausência de outros, que na época estavam vivos e ativos, mas não puderam exercer o voto, pois eram muito provavelmente analfabetos ou simplesmente não tinham tempo ou interesse em participar. Tais documentos são de extrema importância na reconstrução do nosso passado, mas mostra também uma situação de desigualdade extrema.
Cassiano se casou com Catharina Maria da Conceição, nascida por volta de 1832, filha de Manoel José de Araújo e Josefa Maria de Jesus. Não foi encontrado o registro de casamento entre os dois, mais presumisse que tenham se casado por volta de 1852 em Santa Luzia-PB, onde batizaram a maioria dos seus filhos.
Catharina Maria da Conceição recebeu parte da herança da avó materna, Catarina Maria de Jesus, após a sua morte em 25 de março de 1865. No inventário41, pode-se ler:
“[…] Pagamento ao herdeiro CATHARINA cazada com MANOEL CASSIANO MONTENEGRO de sua herança na quantia de 136$192 para o que receba os bens seguintes: Haverá um (?) pagamento na terra da Serra do Teixeira, Data do Riacho (?) Sitio Conceição a quantia de sette centos e noventa e tres reis Haverá mais do herdeiro João Bento a quantia de cinco mil sette centos e dezeseis reis Assim mais da herdeira Maria quantia de cinto vinte e nove mil seis centos e oitenta e tres reis Inteirado nesta herdeira Catharina”
Assinatura de Cassiano no inventário de sua sogra, Catharina Maria da Conceição.
Cassiano de Mello Montenegro veio a falecer aos 21 de abril de 1919 em Santa Luzia-PB com 92 anos de idade. No seu registro42 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte e um de abril de 1919 no Cemitério d’esta Villa sepultou-se com hábito preto o adulto CACIANO DE ALBUQUERQUE MELLO, viúvo por falecimento de CATHARINA MARIA DA CONCEIÇÃO; morreu de velho com noventa e dois annos de idade; do que para constar, mandei fazer este assento, em que me assigno. O Vigr.° Belizário Dantas”
“Aos vinte e um do mez de abril do anno de mil novecentos e dezenove, n’este Districto de Paz, Termo de Santa Luzia do Sabugy, Comarca de Patos, Estado da Parahyba, em meu Cartório compareceu Francisco Paulino de Mello, na qualidade de filho, e, presente as testemunhas abaixo assignadas declarou: que no dia de hoje, pelas onze horas, n’esta Villa de Santa Luzia do Sabugy, faleceu com idade de noventa e dois annos CASSIANO DE ALBUQUERQUE MELLO, viúvo por falecimento de CATHARIANA MARIA DA CONCEIÇÃO, era Parahybano e rezidia n’esta mesma Villa; que o falecido não deixou testamento; que deixou os seguintes filhos: Maria Magdalena de Jesus, viúva, sessenta e seis annos; Antônia Maria do Sacramento, solteira, com sessenta e cinco annos; elle declarante, digo, Maria, digo, Izabel Maria da Conceição, viúva, com cincoenta e cinco annos; Francisco Paulino de Mello, viúvo, cincoenta e dois annos e Maria José da Pacificação, Cazada, com quarenta e nove annos; que a sua morte foi proveniente de seu estado (?) de velhice; que vai ser sepultado no cemitério d’esta Villa; e que (?) as testemunhas são: José Theodulo Fernandes e Manoel Paulino de Mello, que attestou ser verdade o fallecimento de Cassiano de Albuquerque Mello visto como acopanharam o (?) até o cemitério, que assistiram ao seu sepultamento. Do que para constar, lavrei este termo em que assigno com o declarante e as testemunhas […]”
Catharina Maria da Conceição já era falecida em 1891, como consta no registro de casamento de seu filho Francisco Paulino de Mello, mas com registro de óbito ou sepultamento ainda por descobrir.
Foram filhos de Catharina Maria da Conceição e Cassiano de Mello Montenegro:
MARIA MAGDALENA DE JESUS, nascida por volta de 1853, pois consta que tinha 66 anos no registro de óbito de seu pai. Foi casada com Pedro Leitão de Maria, filho de Joaquim Leitão de Araújo e Josefa Maria da Conceição, aos 4 de março de 1867 em Santa Luzia-PB. Ela veio a falecer aos 13 de junho de 1931 em Santa Luzia-PB.
ANTÔNIA MARIA DO SACRAMENTO, nascida por volta de 1854, pois consta que tinha 65 anos no registro de óbito de seu pai.
PEDRO, nascido aos 8 de março de 1855 e foi batizado aos 20 de julho do mesmo ano em Santa Luzia-PB.
SEBASTIÃO JOSÉ DE MELLO, nascido aos 9 de agosto de 1859 e foi batizado aos 6 de novembro de 1859 no Maracujá (Caicó-RN). Foram padrinhos João Bento da Silva, irmão de Catharina, e sua esposa Anna Joaquina da Conceição.
IZABEL MARIA DA CONCEIÇÃO nasceu no dia 24 março 1863 e foi batizada aos 26 de abril de 1863 no Oratório do Maracujá (Santa Luzia-PB). Foram padrinhos Paulo Garcia de Ávila e Maria Umbelina de Oliveira.
FRANCISCO PAULINO DE MELLO nasceu no dia 18 de março de 1866 e foi batizado aos 22 de abril de 1866 no sítio Maracujá (Santa Luzia-PB). Foram padrinhos José de Medeiros Rocha e Maria Izabel de Medeiros. Ele se casou com Luzia Maria da Conceição, filha de Pedro Santos de Maria e de Maria Magdalena de Jesus. O casal habitava no Sítio Catolé (Santa Luzia-PB). Consta no registro de casamento que eram parentes de terceiro grau. Francisco veio a falecer em 14 de dezembro de 1945, em Santa Luzia-PB.
LUZIA nasceu no dia 14 março 1868 e foi batizada aos 24 de maio de 1868 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel Calmont de Araújo Guerra e sua mulher Antônia Vieira de Souza.
MARIA JOSÉ DA PACIFICAÇÃO, nascida aos 2 de fevereiro de 1870 e foi batizada aos 16 de fevereiro de 1870 no Sítio Várzeas (Santa Luzia-PB).
Antônio Garcia de Araújo e Joanna Idalina de Medeiros
Antônio Garcia de Araújo nasceu no dia 28 de maio de 1829 e foi batizado aos 9 de julho do mesmo ano na Fazenda Carnaúba, situada hoje onde se encontra o município de Carnaúba dos Dantas-RN. O registro de batismo, entretanto, foi feito em Caicó-RN. Ele era filho de João Garcia de Araújo e Tereza Maria de Jesus, e era meio-irmão por parte de pai de Josefa Maria da Conceição, casada com Felix Gomes de Medeiros (Capítulo III). No registro44 de batismo de Antônio, pode-se ler:
“ANTÔNIO, filho legítimo de JOÃO GARCIA DE ARAÚJO, e de THEREZA MARIA DE JESUZ, naturais, e moradores nesta Freguesia do Seridó, nasceo à vinte oito de maio de mil oito centos e vinte nove, e foi batizado com os Santos Óleos na fazenda Carnaúba à nove de julho do dito anno pelo Reverendo Coadjutor Manoel José Fernandes de minha licença: forão Padrinhos Bartholomeu Corrêa da Silva e Luzia Maria de Jesuz, casados: de que para constar mando fazer este assento que assigno. ”
Ele se casou com Joanna Idalina de Medeiros, nascida por volta de 1830 (data estimada a partir do seu registro de sepultamento). Joanna era filha de João Damasceno de Medeiros Rocha e de Maria Joaquina do Prazeres45. O casal morou na Fazenda Cachoeira, próxima à atual cidade de Santa Luzia-PB. Antônio e Joanna seriam primos de primeiro grau, pois Tereza Maria de Jesus e João Damasceno de Medeiros Rocha (suposto pai de Joanna) eram irmãos.
Antônio faleceu no dia 16 agosto de 1916, em Santa Luzia-PB, com aproximadamente 87 anos, apesar de no seu registro constar que morreu com 90 anos. No seu registro46 de óbito, pode-se ler:
“Aos dezenove dias do mez de agosto de mil novecentos e dezesseis n’esta Villa de Santa Luzia do Sabugy, em meu Cartório compareceu Cândido Garcia de Medeiros na qualidade de filho em na presença das testemunhas, abaixo assignadas declarou que pelas nove horas da manhã do dia dezesseis do corrente mez e anno no Sítio Caxueira d’este Termo, falleceu ANTÔNIO GARCIA DE ARAÚJO, viúvo com idade noventa annos […] deixou oito filhos legítimos e são os seguintes: João Garcia de Medeiros com (?) annos, Thereza Maria de Jesus de idade cincoenta e três annos, Candido Garcia de Medeiros em idade cincoenta e um annos, Manuel Aniceto de Medeiros cincoenta e dois annos de idade, Geraldo Garcia de Medeiros com quarenta e seis annos de idade, Joanna Idalina de Medeiros com idade quarenta e cinco annos, Antônio Garcia Damasceno com idade quarenta e quatro annos, Antônia Maria de Jesus Medeiros com idade sessenta annos; […]”
Já Joanna veio a falecer no dia 4 de maio de 1913, também em Santa Luzia-PB, com aproximadamente 82 anos de idade. No seu registro47 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos quatro de maio de mil novecentos e treze, no Cemiterio d’esta Villa, sepultou-se em habito preto, a adulta JOANNA IDALINA DE JESUS, casada com ANTONIO GARCIA DE ARAÚJO, morreu de uma inflacão pulmonar, digo, intestinal, com oitenta e dois annos de idade. Ao que, para constar, mandei fazer este assento e assigno. Padre João Baptista […]”
Foram filhos do casal Joanna Idalina de Medeiros e Antônio Garcia de Araújo:
JOÃO GARCIA DE MEDEIROS, nasceu no dia 20 de janeiro, muito provavelmente no ano de 1851, em Santa Luzia-PB. Ele se casou com Thereza Maria de Jesus, filha de Antônio Santiago de Medeiros e de Ignácia Victória de Medeiros, aos 7 de setembro de 1881 em Jardim do Seridó-RN. João veio a falecer aos 11 de março de 1920 em Santa Luzia-PB.
THEREZA MARIA IDALINA DE JESUS, nasceu aos 5 de outubro de 1853 e foi batizada no dia 1 de novembro do mesmo ano na capela de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel Joaquim de Medeiros e Maria Leocadia de Medeiros. Ela se casou com Manoel Bento Maria de Medeiros, filho de Antônio Santiago de Medeiros e de Ignácia Victória de Medeiros em 1 de junho de 1872, na Fazenda Cachoeira, Santa Luzia-PB.
CÂNDIDO GARCIA DE MEDEIROS, nasceu aos 11 de março de 1855 e foi batizado aos 28 do mesmo mês e ano na Capela de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Francisco ? de Medeiros e sua mulher Maria Leocadia de Medeiros. Ele se casou com Benvinda Maria da Circuncisão, filha de Manoel Alves de Nóbrega e de Anna de Medeiros. Ele veio a falecer aos 18 de fevereiro de 1952 em Santa Luzia-PB.
ANTÔNIA MARIA DE JESUS MEDEIROS nasceu no dia 21 de setembro de 1856 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel Alves da Nobrega e Anna Joaquina da Conceição. Ela se casou com Joaquim Estanislau de MEdeiros, filho de Bartholomeu José de Medeiros e de Ludovina Clara das Virgens aos 29 de setembro de 1874 em Santa Luzia-PB. Ela faleceu em 4 de março de 1923 em Santa Luzia-PB.
DEMICIANO GARCIA DE ARAÚJO, foi batizado no dia 27 de dezembro de 1857 na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel Damasceno Rocha, casado, e Luzia Enedina de Medeiros, casada.
MARIA CAROLINA DE JESUS, nascida aos 5 de dezembro de 1860 e foi batizada aos 17 de dezembro de 1860 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos, Sebastião Augusto Damasceno e sua esposa Maria Leocádia da Conceição. Ela se casou com Pedro Amâncio Ferreira Lima, filho de José Joaquim Ferreira Lima e Antônia Margarida do Sacramento aos 18 de fevereiro de 1894 em Santa Luzia-PB. Pedro Amâncio era marido de sua irmã, Luiza Maria de Medeiros, que faleceu por volta de 1893.
IZABEL, nascida aos 31 de janeiro de 1862 e foi batizada aos 2 de março de 1862 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Roberto Alves da Nóbrega e Justina Maria de Jesus.
MANOEL ANICETO DE MEDEIROS, nascido aos 19 de abril de 1863 e batizado aos 24 de maio de 1863 em Santa Luzia-PB. Foi padrinhos Sebastião Augusto Damasceno. Ele se casou com Sabina Alves da Nóbrega, filha de Roberto Alves da Nóbrega e de Luzia de Medeiros. Que se casou em seguida com Maria Pia de Araújo, filha de José Paulino de Araújo e de Rita Nóbrega. Ele veio a falecer aos 14 de agosto de 1946 em Santa Luzia-PB.
LUZIA MARIA DE MEDEIROS, nascida aos 16 de outubro de 1864 e foi batizada no mesmo ano em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Capitão Francisco Antônio de Medeiros e Anna Vieira Mimosa. Ela se casou com Pedro Amâncio Ferreira Lima, filho de José Joaquim Ferreira Lima e Antônia Margarida do Sacramento, por volta de 1890. Ela faleceu por volta de 1893. Seu marido se casou com a irmã Maria Carolina de Jesus.
IGNÁCIA MARIA DE JESUS, nascida aos 1 de fevereiro de 1866 e foi batizada aos 18 de fevereiro de 1866 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos José Clementino de Medeiros e sua esposa Luzia José de Medeiros, moradores em Jardim do Seridó-RN. Ela se casou com José Alves de Azevedo, filho de Manoel Francisco dos Santos e Maria Joaquina da Conceição aos 10 de janeiro de 1891 em Santa Luzia-PB.
JOANNA IDALINA DE MEDEIROS, nascida aos 10 de setembro de 1867 e foi batizada aos 29 de setembro de 1867 em Santa Luzia-PB. Foram Padrinhos Antônio Philadepho da Trindade de Verna e sua esposa Gertrudes Maria Bezerra. Ela se casou com Manoel Batista de Morais, filho de Manoel de Morais Rocha Filha e de Antônia Maria da Conceição. Ela veio a falecer aos 28 de agosto de1946 em Patos-PB.
GERALDO GARCIA DE MEDEIROS, nascido aos 5 de dezembro de 1868 e batizado aos 1 de janeiro de 1869 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel de Morais Rocha Junior e sua esposa Antônia Maria da Conceição. Ele se casou com Raymunda Maria da Conceição, filha de Manoel Francisco dos Santos e de Maria Joaquina da Conceição no dia 29 de dezembro de 1890 em Jardim do Seridó-RN. Geraldo veio à falecer aos 8 de novembro de 1951 em Jardim do Seridó-RN.
ANTÔNIO GARCIA DAMASCENO, nascido aos 23 de fevereiro de 1870 e foi batizado aos 4 de abril de 1870 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos o Tenente João Felippe de Medeiros e Anna Thereza de Jesus. Ele se casou com Justina Maria da Conceição, filha de Manoel Pereira de Araújo e de Luzia Maria da Conceição aos 9 de outubro de 1889 em Caicó-RN (lugar Boa Vista).
BASÍLIO, nascido aos 16 de junho de 1872 e foi batizado aos 1 de junho de 1872 em Santa Luzia-PB. Foram padrinhos João Honório de Medeiros e Vicência Ferreira de Araújo.
ANA nasceu no dia 16 de julho de 1874 e batizada aos 23 de agosto do mesmo ano na Matriz de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Manoel Bento de Maria Medeiros e sua mulher Thereza Maria Idalinda de Jesus.
Capítulo V – Os Trisavós
Bento Fernandes Freire e Maria Reis de Lucena
Bento Fernandes Freire nasceu por volta de 1766 em Caicó-RN, pois tinha cerca de 80 anos na data de falecimento. Ele era filho de Joana Baptista, que seria viúva do português José Tavares da Costa48. Consta no registro de casamento feito na igreja matriz de Caicó que Bento era filho natural, ou seja, filho fora de um matrimônio.
Bento se casou com Maria Reis de Lucena, filha de Antônio Barbosa de Lucena e Margarida Freire de Araújo (2ª de seu nome) em 9 de setembro de 1802 em Caicó-RN. No registro49 de casamento, pode-se ler:
“Aos nove dias do mez de setembro de mil oito centos e dous annos nesta Matriz as nove oras e hum quarto da minha depois de feitas as denunciaçoes nesecarias cem rezultar empedimento algum e já Dispençados em prezença do Reverendo Padre Coadjutor Goncallo Bizerra de Brito fazendo as minhas vezes, e das testemunhas o Coronel António da Silva, e Souza, e António Baptista dos Santos se receberam por Espozos Just. Trid.: por palavras de prezentes BENTO FERNANDES FREIRE, filho natural de JOANNA BAPTISTA já falecida com MARIA DOS REZ DE LUCENA, filha legitima de ANTÔNIO BARBOZA DE LUCENA, e sua mulher MARGARIDA FREIRE DE ARAÚJO naturais e moradores nesta Freguezia, e logo lhes deu as benças Nupciais na forma do Ritual Romano de que mandei fazer este acento que asignei.”
Em 1804, data do nascimento do primeiro filho do casal, moravam no Sítio Poço da Pedra. Já em 1817, se encontravam em um lugar chamado Cordeiro.
Bento veio a falecer no dia 31 de março de 1846 em Caicó-RN. Na verdade, seus ossos foram achados no mato na referida data e só foram de fato sepultados no dia 14 de maio do mesmo ano. Muita coisa pode ser especulada, mas é muito provável que tenha sido assassinado e o corpo deixado no meio da vegetação. No seu registro50 de sepultamento pode-se ler:
“Aos quatorze dias do mês de Maio de mil oito centos e quarenta seis forão sepultados nesta Matriz do Siridó abaixo das grades os ossos de BENTO FERNANDES FREIRE, morador que foi nesta Freguezia, casado com MARIA DOS REIS DE LUCENA, falecido perdido no mato em trinta e hum de Março dyto anno, tendo de idade oitenta annos pouco mais ou menos; forão involtos em branco, e encomendados por mim, de que para constar fiz êste assento, que assigno. O Vigr° Manoel josé Fernandes.”
Foram filhos de Maria Reis de Lucena e Bento Fernandes Freire:
ANTONIO FERNANDES DE LUCENA, nasceu no dia 2 de abril de 1804 e foi batizado no dia 29 de abril do mesmo ano, no Riacho de Fora, Caicó-RN. Foram padrinhos Manoel da Ascenção de Lucena e Florência Maria de Jesus. Ele se casou com Damiana Joaquina da Conceição, filha de João Freire de Matos e Mônica Maria da Conceição aos 3 de novembro de 1822 em Caico-RN.
JOSÉ FELIX DE LIMA (LUCENA), nasceu por volta de 1809. Foi casado com Alexandrina Maria da Conceição, filha de Manoel de Souto Quaresma e de Maria da Conceição de Jesus, aos 6 de maio de 1829 em Caicó-RN.
JOÃO BAPTISTA DE LUCENA, nasceu por volta de 1810. Ele se casou com Heduvirges Maria da Conceição, filha de João de Souto Quaresma e de Luzia Maria do Espirito Santo em 7 de janeiro de 1830 na fazenda Capoeira do Cordeiro, em Caicó-RN.
JOÃO CRUZ DE LUCENA, nasceu por volta de 1813. Ele foi casado com Maria Manoela do Carmo, filha de Manoel Carneiro de Moraes e Florencia Maria de Jesus. Ele veio a falecer aos 6 de junho de 1890, em Caicó-RN.
ANNA, nasceu no dia 20 de agosto de 1815 e foi batizada em 24 de setembro do mesmo ano, em Caicó-RN. Foram padrinhos Antônio Correia da Silva e Thereza de Jesus, ambos solteiros.
VALENTIM, nasceu no dia 1 de março de 1817 e foi batizado no dia 1 de maio do mesmo ano em Caicó-RN. Foram padrinhos Francisco Corrêa de Ávila e sua mulher Maria do Carmo.
JOSÉ NARCISO DE LUCENA, foi batizado com 15 dias de idade em junho de 1819, na Capala Alagoa Grande (filial da Matriz de Manguápe). Foram padrinhos Estevão Gomes de Mello e Antônia Thereza de Jesus (moradores no Riacho de Fora). Ele foi casado com Anna Joaquina do Sacramento.
IGNÁCIO, nasceu aos 10 de abril de 1821 e foi batizado na igreja Matriz de Caicó-RN aos 10 de junho do mesmo ano. Foram padrinhos João Onofre de Lucena e Joaquim Gonçalves Ramos.
Sebastião José de Medeiros e Maria Francisca do Espírito Santo
Sebastião José de Medeiros (Sebastião do Mulungu) nasceu por volta de 1776, era natural, muito provavelmente, da região de Santa Luzia-PB. Era filho de Alexandre Manuel de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição. Ele se casou com Maria Francisca do Espírito Santo, nascida por volta de 1779, era muito provavelmente natural da região de São João do Sabugi-RN, onde seus pais habitavam. Ela filha de Antônio de Medeiros Rocha e Maria da Purificação. O casamento ocorreu no dia 13 de julho de 1800 em Patos-PB. No registro51 de casamento, pode-se ler:
“Aos treze dias do mez de julho de mil oitocentos annos nesta Matriz pelas sinco Oras da tarde depois de Dispença do parentesco em que sam Ligados, e dos banhos da Freguezia de Patos tudo pello Reverendo Senhor Dotor Vizitador, nesta feitas as denunciações necessárias sem rezultar empendimento algum em minha prezença e das testemunhas o Reverendo Padre Fabricio da Porciuncula Carneiro e Rodrigo de Medeiros Rocha se receberam por Espozos Just. Trid. SEBASTIÃO JOZÊ DE MEDEIROS natural desta Freguezia e morador que foi na dos Pattos filho Legitimo de ALEXANDRE MANUEL DE MEDEIROS, e ANTONIA MARIA DA CONCEIÇÃO com MARIA FRANCISCA DO ESPÍRITO SANTO natural desta, moradora que foi na Freguezia dos Pattos filha Legitima de ANTÔNIO DE MEDEIROS ROCHA, e Dona MARIA DA PURIFICAÇÃO moradores nesta e logo lhes dei as benças Nupciais na forma do Rito da Santa Madre Igreija de que se fez este acento que asignei. Vigr.° Antônio Caetano de Mesquita”
Segundo Olavo de Medeiros Filho em seu livro Velhas Famílias do Seridó, em 1814, Sebastião morava na Fazenda Quixeré e em 1816 habitava na Fazenda Mulungu, localizada à mais ou menos 4 km de São João do Sabugi-RN.
Sebastião faleceu no dia 5 de agosto de 1835, com 59 anos de idade, devido a uma indigestão. No seu registro de sepultamento52, pode-se ler:
“A cinco de agosto de mil oito centos e trinta e cinco foi sepultado nesta Matriz ásima das grades o cadáver de Sebastião Jozé de Medeiros cazado com Maria Francisca do Espírito Santomorador que era nesta Freguezia, falecido de hua indigestão com todos os Sacramentos na idade de cincoenta e nove annos: foi invôlto em branco, e encomendado solemnemente por mim; de que para constar fiz este Assento, que assigno. O Vice-Vigr.° Manoel Jozé Fernnandes.”
Já Maria faleceu no dia 4 de dezembro de 1843, com aproximadamente 64 anos de idade, devido a um ferimento no pé. No seu registro53 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos quatro dias do mez de dezembro de mil oitocentos e quarenta e trêz foi sepultado nesta Matriz ásima das grades o cadáver de MARIA FRANCISCA DO ESPIRITO SANTO, viúva de SEBASTIÃO JOZÉ DE MEDEIROS, moradora que era nesta Freguezia, falecida de hma estrepada n’hum pé com todos os Sacramentos na idade de sessenta e quatro annos: foi invôlto em habito branco, e encomendado solemnemente por mim; de que para constar fiz este Assento, que assigno, O Vice-Vigr.º Manoel Jozé Fernandes.”
Foram filhos de Maria Francisca do Espírito Santo e Sebastião José de Medeiros:
MARIA DELFINA DE MEDEIROS, que teria nascido aos 10 de janeiro de 1801, batizada em Caicó-RN (não há registros que comprovem essa data, somente uma nota em um livro mencionando o ocorrido). Ela se casou com Francisco Alvares da Nóbrega, filho de Manoel Alves da Nóbrega e de Maria José de Medeiros. Ela teria falecido por volta de 1890 em Caicó-RN.
ANA VIOLANTE DE MEDEIROS, nasceu por volta de 1802. Ela se casou com José Barbosa de Medeiros, filho de Manoel de Medeiros Rocha e de Ana de Araújo Pereira, aos 9 de julho de 1820 na Matriz de Caicó-RN. Ela veio a falecer aos 12 de setembro de 1896 em Acari-RN.
MANOEL BENVENUTO DE MEDEIROS nasceu aos 27 de junho de 1804 e foi batizado aos 8 de setembro do mesmo ano em Caicó-RN. Foram padrinhos Alexandre Manoel e Ignacia Maria. Ele se casou com Ana Claudina de Medeiros, sua sobrinha, filha de Felis Gomes de Medeiros e de Josefa Maria da Conceição e teria se casado também dom Balbina Medeiros.
ANTÔNIO MANOEL DE MEDEIROS, nasceu aos 25 de julho de 1805 e foi batizado aos 6 de agosto do mesmo ano na Fazenda do Sabugi, Caicó-RN. Foram padrinhos Gregório José Dantas e sua mulher Thereza Maria de Jesus. Ele se casou com Guilhermina Honorata de Medeiros, filha de José Barbosa de Medeiros e de Rita Lins de Vasconcellos, aos 21 de novembro de 1831 na Fazenda Remedio, Caicó-RN. Ele faleceu aos 12 de abril de 1873 em Acari-RN.
JOSÉ PEQUENO DE MEDEIROS, nasceu por volta de 1806. Ele se casou com Izabel Maria dos Prazeres, filha de Francisco Correia de Avila e de Maria do Carmo de Vasconcellos, aos 8 de janeiro de 1833, na Fazenda Salgado, Caicó-RN.
NOME DESCONHECIDO (LEODEGARIA), faleceu aos 6 de abril de 1809 em Caicó-RN. Ao que tudo indica, morreu ainda bebê.
SEBASTIÃO JOSÉ DE MEDEIROS (2o), nasceu aos 17 de dezembro de 1809 em Caicó-RN. Ele foi casado com Anna Francisca da Trindade, filha de Francisco Correia d’Ávila e de Maria do Carmo de Vasconcelos.
JOÃO HONÓRIO DE MEDEIROS, nasceu aos 2 de maio de 1813 e foi casado com Maria Hermínia de Medeiros, filha de Pacífico José de Medeiros e Francisca Xavier do Nascimento.
ISABEL FRANCISCA DO ESPÍRITO SANTOS nasceu no dia 15 de agosto de 1814 e foi batizada na Fazenda Quixeré no dia 15 de outubro do mesmo ano, em Caicó-RN. Foram padrinhos Pacífico José de Medeiros, solteiro, e Dona Rita Maria, casada. ela se casou com Manoel Vieira da Costa, filho de Francisco Vieira da Costa e de Maria do Carmo de Vasconcellos. Ela veio a falecer aos 15 de novembro de 1882 em Caicó-RN.
ANTONIA FRANCELINA DE MDEIROS nasceu no dia 16 de maio de 1816 e foi batizada na Fazenda Mulungu do Sabugi no dia 11 de junho do mesmo ano, em Caicó-RN. Foram padrinhos Rodrigo Freire de Medeiros, solteiro, e Ignácia Maria de Medeiros, casada. Ela se casou com Antônio Vieira da Costa, filho de Francisco Vieira da Costa e de Maria do Carmo de Vasconcellos.
JOANA PORFÍRIA DE MEDEIROS, nasceu aos 24 de novembro de 1817 e foi batizada aos 1 de janeiro de 1818 na Fazenda São João, Caicó-RN. Ela se casou com o tio materno João Felipe de Medeiros, filho de João Garcia de Araújo e de Maria Francisca do Espirito Santo.
João Garcia de Araújo e Maria Francisca do Espírito Santo
João Garcia de Araújo54 nasceu por volta de 1790, natural da freguesia de Caicó-RN. Ele era filho de Martinho Garcia de Araújo Pereira e de Vicência Ferreira de Medeiros. Ele se casou primeiramente com Maria Francisca do Espírito Santos (ou de Medeiros), nascida por volta de 1788, também natural da freguesia de Caicó-RN, filha do português José Ignácio de Matos e de Quitéria Maria da Conceição.
Maria veio a falecer no dia 1 de dezembro de 1814 em Caicó-RN, com aproximadamente 26 anos de idade. Ela foi sepultada em 2 de dezembro de 1814 em Caicó-RN. No seu registro55 de sepultamento, pode-se ler:
“Ao primeiro de dezembro de mil oito centos e quatorze na Fazenda Carrapateira desta Freguezia, faleceo de catarrão malignado com todos os Sacramentos MARIA FRANCISCA DE MEDEIROS, cazada com JOÃO GARCIA DE MEDEIROS, tendo de idade vinte e seis annos, seu cadáver foi envolto em panno branco, encommendado por mim, e sepultado no dia seguinte nesta Matriz do cruzeiro para sima. E para constar fiz este Assento que assigno. O Vigr.º Francisco de Brito Guerra.”
Maria teve seu inventário processado no ano de 1815 pelo marido João Garcia de Araújo. O documento se encontra em Caicó-RN, caixa 325, 1815 – Inventário – Maria Francisca de Medeiros / João Garcia de Araújo (Documento ainda à ser transcrito).
Foram filhos de Maria da Francisca de Medeiros e João Garcia de Araújo:
MARIA FRANCISCA DE MEDEIROS, que se casou com Sebastião Garcia de Medeiros, filho de Sebastião José de Metos e de Vicência Ferreira de Medeiros.
João Garcia de Araújo e Teresa Maria de Jesus
Após a morte de sua primeira esposa Maria Francisca de Medeiros, João Garcia de Araújo se casou pela segunda vez com Tereza Maria de Jesus, nascida por volta de 1787, filha de Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição. O casal morou na Fazenda Carnaubinha, atual município de São João do Sabugi-RN. O casamento ocorreu por volta de 1815, mas sem provas documentais.
Tereza teve seu inventário realizado no ano de 1850 pelo marido João Garcia de Araújo. O documento se encontrar em Caicó-RN, Caixa 339, 1850 – Inventário – Tereza Maria de Jesus / João Garcia de Araújo.
Tereza Maroa de Jesus veio a falecer de febre intermitente aos 30 de julho de 1849, sendo sepultada na Igreja Matriz de Caicó-RN. No registro56 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos trinta dias do mez de Julho de mil oitocentos e quarenta e nove, foi sepultado acima das Grades nesta Matriz o Cadáver de TEREZA MARIA DE JEZUS, moradora que era nesta Freguezia, mulher de JOÃO GARCIA DE ARAÚJO, fallecida de febres intermitentes com os Sacramentos, na idade de sessenta e dous annos: foi invôlto em branco, e encommendado solemnemente por min; de que para constar mandei fazer este Assento, que assigno. O Vigr.o Manoel Jozê Fernandes”
Já João Garcia de Araújo veio a falecer no dia 6 de setembro de 1871, em Serra Negra do Norte-RN, segundo consta em seu inventário inciado no dia 7 de outubro de 1871 (Pasta no 2, 1862-1871, imóvel Carnaubinha). No documento57, pode-se ler:
“Termo de juramento e de declaração do herdeiro Inventariante. Aos sete dias do mez de Outubro de mil oito centos e setenta e ū, nesta cidade do Principe e caza de residência do Doutor Juis Municipal e dos Orfãos o Doutor Manoel Rodrigues da Cunha Vianna, onde eu Escrivão vim, presente o Herdeiro Inventariante João Felippe de Medeiros e o Juis lhe deferio o juramento dos Santos Evangelhos debaixo […] que declarou o dia mez e anno em que havia fallecido seo pai JOÃO GARCIA DE ARAUJO, quais os herdeiros, que lhes havião ficado seos nomes e idades se tinha feito alguã disposição […] declarou que seo pai havia fallecido no dia seis de Setembro do findo passado sem testemento algum deixando herdeiros netos menores de vinte e hū annos cujos nomes e idades declararia no titulo de herdeiros […]”
Título de Herdeiros 1º Inventariante Herdeiro – João Felippe de Medeiros – Viúvo. 2 Manoel Pereira de Araujo – Casado. 3 Joze Garcia de Araujo – Casado. 4 Francisco Pereira de Medeiros – Casado. 5 Antonio Garcia de Araujo – Casado. 6 Maria Francisca, casada, com Sebastião Jose de Araujo. 7 Josefa Maria, casada, com Felis Ferreira digo Felis Gomes de Medeiros. 8 Guilhermina Maria, casada, com Jose Garcia de Medeiros. 9 Maria Leocadia da Conceição, solteira. 10 Anna Teresa, casada com Antonio Garcia de Araujo Pereira. 11 Antonia Maria, já falecida, que por ella representa seos filhos 1 Alexandre Garcia do Nascimento. 2 Jose Garcia de Medeiros, solteiro. 3 Pedro Thomás de Araujo, com 18 annos. 4 Bernardino Garcia de Araujo, com 15 annos. 5 Thomás Garcia de Araujo, com 14 annos. 6 Manoel com idade de 10 annos 7 Theresa com idade de 17 annos. 8 Joanna Maria, casada com Martinho Garcia de Medeiros. 9 Angelica Maria, casada com Firmino Garcia de Medeiros. 10 Carolinda Maria, falecida, que por ella representa seos filhos 1 João Basilio de Medeiros – Casado. 2 Firmino Jose de Medeiros – Casado. 3 Josefa Casada com João Olinto de Medeiros. 4 Maria Carolinda da Conceição, com idade de 15 annos. 5 Joaquim Alves com idade de 17 annos. 6 Cesaria Carolinda com idade de 12 annos.”
Foram filhos de Teresa Maria de Jesus e João Garcia de Araújo:
MANOEL PEREIRA DE ARAÚJO, nasceu aos 9 de outubro de 1816 e foi batizado aos 29 de novembro do mesmo ano na matriz de Caicó-RN. Foram padrinhos João Manoel de Medeiros, solteiro, e Antonia Maria, casada. Ele se casou com Luiza Maria da Conceição, filha de Manoel Barbosa de Carvalho e de Ana Izabel de Figueiredo.
JOSÉ GARCIA DE ARAÚJO, nasceu aos 15 de novembro de 1817 e foi batizado aos 14 de dezembro do mesmo ano na Igreja de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos Martinho de Medeiros Rocha e sua mulher Anna Joaquina do Sacramento. Ele se casou com Maria Izabel de Jesus, sua prima de primeiro grau paterna, filha de Alexandre Garcia de Araújo e Izabel Maria da Silva. Ele veio a falecer aos 6 de abril de 1891 em São João do Sabugi-RN.
GUILHERMINA MARIA DA CONCEIÇÃO, nasceu aos 13 de fevereiro de 1819 e foi batizado aos 18 de março do mesmo ano na Igreja de Santa Luzia-PB. Foram padrinhos João Damasceno Rocha, casado, e Vitorina Maria da Conceição. Ela se casou com José Garcia de Medeiros, seu primo de primeiro grau paterno, filho de Manoel Garcia de Medeiros e de Antônia Maria das Mercês.
ANNA TERESA DE JESUS, nasceu aos 5 de abril de 1820 e foi batizada aos 15 de maio do mesmo ano na Fazenda Carrapateira, Caicó-RN. Foram padrinhos Alexandre Garcia de Araújo, Solteiro, e Virginia Maria de Araújo, casada. Ela se casou com Antônio Garcia de Araújo, seu primo de primeiro grau paterno, filho de Alexandre Garcia de Araújo e Izabel Maria da Silva.
ANTÔNIA MARIA DO ROSÁRIO, nasceu aos 6 de outubro de 1821 e foi batizada aos 7 do mesmo mês e ano na Fazenda Carrapateira, Caicó-RN. Foram padrinhos José Firmeza da Costa e Francisca Lozana, solteiros. Ela se casou com Bernardino Garcia de Araújo, filho de Thomaz Garcia de Sá e de Angelica Maraia do Nascimento. Ela faleceu no ano de 1869 no Sítio Varzea, atual município de Varzea-PB.
FRANCISCO GARCIA DE MEDEIROS, nasceu por volta de 1824. Ele se casou com Vicência Ferreira de Medeiros, sua prima de primeiro grau paterna, filha de Alexandre Garcia de Araújo e de Izabel Maria da Silva. Ele veio a falecer aos 18 de novembro de 1872, em Jardim de Piranhas-RN.
CAROLINA MARIA DA CONCEIÇÃO, nasceu aos 6 de julho de 1827 e foi batizada aos 04 de setembro do mesmo ano em São João do Sabugi-RN. Foram padrinhos Pedro Camelo Pereira, casado, e sua irmã Maria Freire, solteira. Ela se casou com Thomaz Garcia de Medeiros, seu primo de primeiro grau paterno, filho de Alexandre Garcia de Araújo e de Izabel Maria da Silva.
MARIA LEOCÁDIA DA CONCEIÇÃO, nasceu por volta de 1830. Ela veio a falecer aos 3 de agosto de 1899 em Serra Negra do Norte-RN.
Francisco de Paula Albuquerque Montenegro e Maria Aranha
Segundo a obra Montenegro: A história e uma família 1634-1996 (1996), da autora Maria Yolanda Montenegro Travares58, Francisco de Paula Albuquerque Montenegro seria filho de Francisco Dias (Leite) de Albuquerque Montenegro, morador nos arredores da freguesia do Desterro, divisa entre Paraíba e Pernambuco, e proprietário do engenho Oratório, situado na zona da mata da região de Itambé-PE. A obra não informa o nome da esposa de Francisco Dias de Albuquerque Montenegro, pai de Francisco. Entretanto, registros de batismo encontrados da Matriz de Itambé, sugerem que sua esposa se chamava Anna Clara Cavalcante.
Segundo a mesma autora, Francisco de Paula Albuquerque Montenegro teria se casado com Maria Aranha, natural de Goiania-PE. Ela seria relacionada com a família Aranha da Fonseca, cujo inúmeros registros são encontrados nos livros paroquiais da região de Itambé-PE e Goiania-PE.
Além dos registros de batismo encontrados na freguesia de Santa Luzia-PB relacionados ao filho Cassiano de Mello Montenegro, pouco foi encontrado que pudesse explicar a origem da família na região do Seridó, ou como ali chegaram. Sabe-se que inúmeras pessoas ligadas a família Albuquerque Montenegro participaram, inclusive o próprio Francisco de Paula de Albuquerque Montenegro, da famosa Revolução de 1817, um evento que buscava a instauração da república na província de Pernambuco e que foi fortemente combatida pelas forças coloniais à época.
A maioria dos seus integrantes foram presos e outros fugiram para as províncias vizinhas. Esse pode ter sido o motivo pelo qual alguns integrantes dessa família teriam se mudado para a Paraíba e Rio Grande do Norte, onde recomeçaram suas vidas sem muito alarde ou sem serem perseguidos pelo seu passado revolucionário.
Francisco de Paula de Albuquerque Montenegro teria falecido em Goiania-PE em avançada idade segundo uma nota escrita no livro “História da Revolução de Pernambuco”, do autor Francisco Muniz Tavares59. Esse mesmo livro cita que ele teria sido enviado pelos revolucionários ao Rio da Prata (Argentina) e Nova York (Estados Unidos) para buscar apoio e estabelecer relações com a futura república pernambucana.
Foram filhos de Maria Aranha e Francisco de Paula Albuquerque Monte-Negro:
Manoel José de Araújo nasceu por volta de 1790 e era muito provavelmente natural de Santa Luzia-PB. De acordo com Sebastião de Azevedo Bastos, no livro “No Roteiro dos Azevedo e Outras Famílias do Nordeste”60, ele seria filho de João Bento Dias de Araújo e de Andreza Maria da Conceição, ou Leitão.
Ainda segundo a mesma fonte, Manoel José de Araújo casou-se com Josefa Maria de Jesus, provavelmente natural de Santa Luzia-PB, nascida por volta de 1800, filha de Bento José de Figueiredo e de Catharina Maria da Conceição. Josefa era prima de primeira grau por parte de mãe de Manoel.
Ambos faleceram antes de 1865, ano em que foi processado o inventário de Catharina Maria da Conceição, mãe de Josefa. O inventário menciona que Josefa já havia falecido, mas não indica que Manoel fosse o responsável ou o cabeça da família, termo usado para identificar o homem no casal na época. A herança destinada a Josefa foi inteiramente repartida entre os filhos do casal. No testamento61, pode-se ler:
“[…] Título de Herdeiros […]
– 5 Josefa fallecida que por ella represtão seus filhos: 1 Jose Joaquim de Araújo, Casado 2 Joaquim Francisco de Araújo, Casado 3 Miguel Joaquim de Araújo, Casado 4 João Dias de Araújo, Casado 5 Manoel Felippe de Araújo, Casado 6 Pedro Paulo de Araújo, Casado 7 Paulo José de Araújo, Casado 8 Catharina Maria da Conceição cazada com Cassiano de Mello Montenegro 9 Maria Josefa fallecida que foi representada pelos filhos […]”
Não se sabe se a ordem dos filhos representava a ordem exata de idade entre eles, mas para fins deste livro, eles serão listados na mesma ordem que no inventário de Catharina Maria da Conceição.
Foram filhos de Josefa Maria de Jesus e de Manoel José de Araújo:
João Damasceno Rocha e Maria Joaquina dos Prazeres
João Damasceno nasceu em 1791 em Santa Luzia-PB. Ele era filho de Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição. Ele se casou em 1811 com Maria Joaquina dos Prazeres, nascida por volta de 1793, filha de José Simões dos Santos e Joana Baptista de Araújo em 1811. Segundo Olavo de Medeiros Filho, O casal habitou em sua fazenda Cachoeira, as margens do rio Quipauá, atual município de Santa Luzia-PB62.
João Damasceno faleceu em 26 de janeiro de 1856 com 65 anos de idade. Em seu registro63 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos dezessete de janeiro de mil oito centos e cincoenta e seis, nesta Capella de Santa Luzia, foi sepultado de grades acima o cadaver de JOÃO DAMACENO ROCHA marido de MARIA JOAQUINA DOS PRAZERES, falecido de hidropelia com secenta e cinco annos de idade com os sacramentos, envolto em habito preto, encomendado foi. O Vigr.° Manoel Cardozo da Cruz.”
Já sua esposa Maria, teria falecido em 3 de abril de 1862 com 69 anos de idade, segundo Olávo de Medeiros Filho. Infelizmente, os livros paroquiais de onde as informações foram tiradas não estão mais disponíveis.
Foram filhos de Maria Joaquina dos Prazeres e João Damasceno de Medeiros Rocha:
MANOEL DAMASCENO ROCHA, nascido por volta de 1813. Ele se casou com Maria do Carmo da Nóbrega, filha de Manoel Alves da Nóbrega e de Maria Leocádia da Conceição. Ele veio a falecer aos 8 de junho de 1888, em Santa Luzia-PB.
TERESA MARIA DE JESUS nasceu em 1819. Ela se casou com José Alves de Medeiros, filho de Manoel Alves da Nóbrega e de Maria Leocádia da Nóbrega. Ela faleceu em 29 de agosto de 1844, em Santa Luzia-PB.
LUZIA ENEDINA DE MEDEIROS nasceu por volta de 1820. Ela se casou com Roberto Alves da Nóbrega, filho de Manoel Alves da Nóbrega e de Maria Leocádia da Nóbrega. Ela faleceu aos 27 de agosto de 1876 em Santa Luzia-PB.
FRANCISCO ANTÔNIO DE MEDEIROS nasceu em 14 de agosto de 1822 em Patos-PB. Ele se casou com Ana Vieira Mimosa, filha de Cosme Pereira da Costa e de Maria Teresa de Jesus. Ele faleceu em 15 de março de 1896.
JOÃO DAMASCENO ROCHA FILHO se casou com Umbelina Maria ou Dornelles de Medeiros.
FRANCISCO DAMASCENO ROCHA, nasceu aos 14 de agosto de 1822 em Patos-PB. Ele se casou com Anna Vieira de Medeiros, filha de Cosme Pereira da Costa e de Maria Thereza de Jesus Medeiros, aos 8 de novembro de 1842 em Caicó-RN. Ele veio a falecer aos 15 de março de 1896 em Caicó-RN.
JOSÉ CLEMENTINO DE MEDEIROS, nasceu por volta de 1826. Ele se casou com Luzia José Medeiros, filha de Manoel de Araújo Pereira Júnior e de Teresa Maria de Jesus. Ele veio a falecer aos 22 de outubro de 1899 em Ouro Branco-RN.
ANTÔNIO SANTIAGO MEDEIROS nasceu por volta de 1828. Ele se casou com Vitória Medeiros, filha de Manoel de Araújo Pereira Júnior e de Teresa Maria de Jesus. Ele veio a falecer aos 31 de outubro de 1913 em Jardim do Seridó-RN.
ANA MARIA DE MEDEIROS se casou com Manoel Alves da Nóbrega (2°), filho de Manoel Alves da Nóbrega e de Maria Leocádia da Nóbrega.
MARIA LEOCÁDIA DE MEDEIROS se casou Manoel Joaquim de Medeiros, filho de José de Medeiros Rocha e Luzia Maria de Jesus.
CLEMENTINO DAMASCENO DE MEDEIROS.
SEBASTIÃO AUGUSTO DE MEDEIROS.
Capítulo VI – Os Tetravós
Joana Baptista de Araújo com homem desconhecido
Joana Baptista de Araújo nasceu por volta de 1727 e era filha de Manoel Fernandes Freire e de Antônia de Morais Valcácer. Segundo Olávo de Medeiros Filho64, Joana Baptista de Araújo se casado com José Tavares da Costa, nascido no arquipélago dos Açores, mais precisamente na ilha de S. Miguel. José era primo legítimo dos irmãos Rodrigo de Medeiros Rocha e Sebastião de Medeiros Matos, considerados os patriarcas da família Medeiros no Seridó. O casal teria tido por volta de 13 filhos.
Após a morte de José, Joana teria tido mais alguns filhos naturais, isto é, fora do casamento, e de pais até então desconhecidos. A partir do registro de casamento de seu filho Caetano Barbosa de Araújo, Joana veio a falecer antes de 1800, pois é citada como já falecida no referido registro.
Foram filhos naturais de Joana Baptista de Araújo:
CAETANO BARBOSA DE ARAÚJO nasceu por volta de 1755. Ele que se casou com Michaella dos Anjos, filha de Antônio Ignácio da Silva e de Ana de Souza Marques. Ele foi sepultado em 31 de outubro de 1842 em Caicó-RN, com idade de 87 anos.
MANOEL BAPTISTA DE ARAÚJO nascido por volta de 1760. Ele se casou com Joaquina Francisca de Jesus, filha de Antônio Soares Pereira e de Cosma de Freitas do Bomfim. Ele veio a falecer no ano de 1869 em São Fernando-RN, como consta em seu inventário.
TERESA DE JESUS MARIA que se casou com José Domiciano de Araújo, filho de José Domiciano de Araújo e de Josefa Maria de Oliveira.
Antônio Barbosa de Lucena e Margarida Freire de Araújo
Antônio Barbosa de Lucena supostamente nasceu na freguesia Nossa Senhora do Bom Sucesso, atual Pombal-PB. Ele seria filho de Ignácio de Lucena Barros e Anna Maria de Carvalho. A comprovação dessa ascendência ainda carece de respaldo documental direto, porém há indícios que sustentam essa hipótese.
Membros da família de Ignácio de Lucena Barros frequentemente participaram como padrinhos, madrinhas ou testemunhas nos batismo e casamento dos filhos e filhas de Antônio Barbosa de Lucena. Adicionalmente, em um gesto sugestivo, Antônio e sua esposa escolheram nomear sua primeira filha como Anna Maria de Carvalho, em possível homenagem à suposta avó paterna.
Ele foi casado com Margarida Freire de Araújo, filha do português José Camello Pereira e de Margarida Freire de Araújo65. Não se sabe muito mais do casal Antônio e Margarida.
Margarida veio a falecer no dia 18 de agosto de 1823 na Fazenda Poço da Pedra (Caicó-RN). No seu registro66 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos dezoito dias do mez de agosto de mil oito centos e vinte três na Fazenda Poço da Pedra desta Freguezia faleceu de estupor com o Sacramento da Extrema unção MARGARIDA FREIRE DE ARAÚJO, de idade de settenta annos, Viúva; seu cadáver imvolto em branco foi sepultado no corpo desta Matriz, sendo encomendado por mim, que para constar fiz este Assento que assigno. O Víg° Francisco de Brito Guerra.”
O inventário de Margarida Freire de Araújo foi realizado no ano de 1831, anos depois de sua morte. Ele está disponível em Caicó-RN, Caixa 332, 1831 – Inventários – Margarida Freire de Araújo / João Onofre de Lucena. No documento, pode-se ler:
“[…] por falecimento de MARGARIDA FREIRE DE ARAÚJO, cazada que foi com ANTONIO BARBOZA DE LUCENA moradores que forão do sítio Poço da Pedra deste Termo. 1831 […]
Inventariante e herdeiro João Onofre de Lucena, C… – 1 Germano Barbosa, C… – 2 Thereza Maria, emancipada – 3 MARIA DOS REIS DE LUCENA, C. com – 4 Bento Fernandes Freire Florencia Maria de Jesus, C. com – 5 Manoel Carneiro de Morais Isabel Bezerra de Lucena C. com – 6 José Coutinho de Lira Anna Maria de Carvalho, já falecida – 7 Cazada que foi com Raimundo José Freire Em que foi representado pelos seus filhos […] Manoel de Assunção de Lucena, – 8 já falecido, que foi representado pelos seus filhos […]”
“”
Foram filhos de Margarida Freire de Araújo e Antônio Barbosa de Lucena:
ANNA MARIA DE CARVALHO, nascida por volta de 1770 vindo a falecer em 14 de janeiro de 1809 em Caicó-RN. Ela foi casada com Raimundo José Freire, filho de Cosme Gomes de Alarcón e de Maria da Conceição Freire.
GERMANO BARBOSA DE LUCENA nasceu por volta de 1795. Ele se casou com Antônia Maria de Jesus, filha de José Carneiro de Casto e de Anna Joaquina de Souza, aos 18 de julho de 1813 em São João do Sabugi-RN.
MANOEL DE ASSUNÇÃO DE LUCENA, nasceu por volta de 1779. Ele foi casado com Maria José de Jesus, filha de José Carneiro de Castro e Ana Joaquina de Sousa. Ele veio a falecer aos 15 de fevereiro de 1830 em Caicó-RN.
MARIA DOS REIS DE LUCENA (Capítulo V – Os Trisavós).
THEREZA MARIA DE JESUS.
ISABEL BEZERRA DE LUCENA nasceu por volta de 1797. Ela se casou com José Coutinho de Lira, filho de Valentim Lopez e de Ana Maria. O casamento ocorreu em 30 de outubro de 1811 em Caicó-RN.
JOÃO ONOFRE DE LUCENA nasceu por volta de 1801. Ele se casou primeiramente com Ana Joaquina de Jesus, filha de José Carneiro de Castro e de Ana Joaquina de Souza. O casamento ocorreu em 13 de outubro de 1819 na Fazenda São João (Caicó-RN). Ele se casou por uma segunda vez após o falecimento da sua primeira esposa. Desta vez com Joanna Baptista de Jesus, filha de Manoel de Souto Quaresma e de Anna Maria da Penha, aos 22 de setembro de 1831 em Caicó-RN.
FLORÊNCIA MARIA DE JESUS nasceu por volta de 1807. Ela se casou com Manoel Carneiro de Morais, filho de José Carneiro de Castro e de Ana Joaquina de Souza. O casamento ocorreu em 15 de janeiro de 1821 na Fazenda São João (Caicó-RN).
Alexandre Manuel de Medeiros e Antônia Maria da Conceição
Alexandre era filho do açoriano Sebastião de Medeiros Matos e Antônia de Morais Valcácer (2°). Ele se casou com Antônia Maria da Conceição, filha de Cosme Gomes de Alarcón e de Maria de Conceição Freire. O casal habitou na Fazenda Cacimba da Velha, em Santa Luzia-PB.
Sabe-se que Alexandre morreu por volta de 1834, pois nesse ano foram celebradas missas em sua lembrança, conforme registros encontrados em um velho livro de assentamentos da Irmandade das Almas de Caicó-RN. Segundo o mesmo livro, Ele teria sido eleito em 1833 Juiz de Mesa. Em 1834, sua esposa Antônia Maria da Conceição seria eleita Juíza de Mesa, já constando que Alexandre era falecido67.
Foram filhos de Antônia Maria da Conceição e Alexandre Manuel de Medeiros:
SEBASTIÃO JOSÉ DE MEDEIROS (Capítulo V – Os Trisavós).
ALEXANDRE MANOEL DE MEDEIROS FILHO se casou primeiramente com Isabel Freire de Medeiros, filha de Antônio de Medeiros Rocha e Maria da Purificação, aos 22 de dezembro de 1805 em Caicó-RN. O segundo casamento foi com Ana Teresa, filha de José Simões dos Santos e Joana Batista de Araújo. Ele faleceu aos 13 de fevereiro de 1850 em Santa Luzia-PB.
DOMINGOS JOSÉ DE MEDEIROS que se casou com Ana Dias de Araújo, filha de José Dias de Araújo e de Maria Teresa de Jesus. Ele morou junto com sua esposa no Poço Redondo.
IGNÁCIA MARIA MADALENA que se casou com o Capitão Rodrigo de Medeiros Rocha, filho de João Damasceno Pereira e de Maria dos Santos de Medeiros. Faleceu no dia 20 de junho de 1850, em Caicó-RN. Seu marido já estava morto na data do falecimento.
ANA JOAQUINA DO SACRAMENTO foi casada com Martinho de Medeiros Rocha, filho de Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição.
MARIA DO SACRAMENTO que se casou com José de Medeiros Rocha, filho de Sebastião de Medeiros Rocha e de Maria Leocádia da Conceição. Ele morou junto com sua esposa na Quixaba.
BARTOLOMEU JOSÉ DE MEDEIROS se casou primeiramente com Mariana Bezerra do Nascimento, filha do português Miguel Bezerra da Ressurreição e de Maria José do Nascimento, e em seguida com Luduvina Clara das Virgens, criada por José Rodrigues de Abreu Bezerra e Ana Luiza Nóbrega. Ele era proprietário da fazenda Cacimba de Pedra. Ele faleceu em 24 de agosto de 1894 em Jardim do Seridó-RN.
Antônio de Medeiros Rocha e Maria da Purificação
Antônio nasceu por volta de 1752 no Seridó, muito provavelmente na redondezas da freguesia de Sant’Anna de Caicó-RN. Ele era filho do açoriano Rodrigo de Medeiros Rocha e de Apolônia Barbosa de Araújo. Ele se casou com Maria da Purificação, nascida por volta de 1766, filha de João Garcia de Sá Barroso e de Helena de Araújo Pereira68.
Maria da Purificação faleceu em 15 de março de 1826 com aproximadamente 60 anos e foi sepultada em 16 de março de 1826. No seu registro69 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos quinze dias do mez de março de mil oitocentos e vinte e seis na Fazenda Jardim desta Freguezia faleceo hidrópica com todos os Sacramentos na idade de sessenta annos MARIA DA PURIFICAÇÃO, branca, cazada com ANTÓNIO DE MEDEIROS ROCHA, e foi sepultada no dia seguinte nesta Matriz do Siridó de grade asima era abito de borel, sendo encomendada solemnemente por mim, que para constar mandei fazer este Assento, e assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
Segundo Olavo de Medeiros Filho70, Maria da Purificação pesava mais de 117 kg (oito arrobas). Ao falecer, teve que ser transportada em uma rede até a cidade de Caicó-RN onde foi sepultada, cerca de 30 km de distância de sua fazenda. O evento gerou a ideia da construção de uma capela mais próxima, o que deu origem à atual cidade de São João do Sabugi.
Já Antônio foi sepultado no dia 27 de fevereiro de 1833. No seu registro71 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte sette de fevereiro de mil oitocentos e trinta e trêz foi sepultado nesta Matriz acima das grades o cadáver de ANTÔNIO DE MEDEIROS ROXA, Viúvo DE MARIA DA PURIFICAÇÃO, morador nesta Freguezia, falecido de moléstia interior com todos os Sacramentos na idade de oitenta e hum anos: foi involto em preto, e encommendado solemnemente por mim; de que para constar mandei fazer este assento, que assigno. Manoel José Fernandes. Coadjutor Pro-Parocho.”
Foram filhos de Maria da Purificação e Antônio de Medeiros Rocha:
MARIA JOSÉ DE MEDEIROS que se casou com Antônio Corrêa da Silva, filho de Gonçalo Corrêa da Silva e de Isabel Maria de Jesus.
MARIA FRANCISCA DO ESPÍRITO SANTO (Capítulo V – Os Trisavós).
TERESA DE JESUS MARIA que se casou em 17 de janeiro de 1802 com Gregório José Dantas Corrêa, filho de Caetano Dantas Corrêa e de Josefa de Araújo Pereira.
ISABEL FREIRE DE MEDEIROS que se casou em 22 de dezembro 1805 com Alexandre Manoel de Medeiros Júnior, filho de Alexandre Manoel de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição.
HELENA nasceu por volta de 1782. Ela faleceu em 17 de abril de 1796, em Santa Luzia-PB.
MARIA MAGDALENA DO NASCIMENTO que se casou com Francisco José de Medeiros, filho de Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição.
JOÃO MANOEL DE MEDEIROS que se casou em 22 de fevereiro de 1819 com Maria Eduarda De Medeiros, filha de José Barbosa de Medeiros e de Rita Maria José.
RODRIGO FREIRE DE MEDEIROS que se casou em 13 de junho de 1820 com Joana Faustina da Silva, filha de Antônio da Silva e Souza e Teresa Maria Rocha.
GUILHERME JOSÉ DE MEDEIROS que se casou em 22 de novembro de 1824 com Marta Vieira do Sacramento, filha de Francisco Vieira da Costa e de Maria do Carmo de Vasconcelos.
ANA CONSTÂNCIA DE MEDEIROS nasceu por volta de 1798. Ela se casou em 6 de fevereiro de 1834 em Caicó, Rio Grande do Norte, Brasil, com José da Costa Firmeza, filho de Caetano Camelo Pereira e de Clara Maria dos Reis. Ela foi sepultada em 26 de dezembro de 1855.
ANTÔNIO DE MEDEIROS ROCHA (2°) filho de Antônio de Medeiros Rocha e Maria da Purificação. Ele se casou com Ignácia Maria de Medeiros, filha de Manoel Álvares da Nóbrega e Maria José de Medeiros. O casal habitou a Fazenda Ipueira, localizada no atual município de Ipueira-RN. Existe um inventário localizado em Serra Negra-RN onde ele é inventariante de Josefa Carolina de Medeiros. O inventário se localiza na pasta no 1, de 1854-1861 (imóvel Ipueira). Outros documentos são encontrados na pasta no 3, 1872-1879 (Ipueira).
MARIA nasceu em 8 de março 1803. Ela foi batizada aos 21 de abril de 1803 na Fazenda Sabugi. Foram padrinhos João Garcia de Sá Barrôzo, casado, e Francisca Maria Joaquim, casada.
Martinho Garcia de Araújo Pereira e Vicência Ferreira de Medeiros
Martinho Garcia de Araújo seria filho de João Garcia de Sá Barroso e de Helena de Araújo Pereira, segundo Olavo de Medeiros Filho. Ele teria nascido em 1754, pois é informado em seu registro de sepultamento que teria 60 anos na data de 1814. Entretanto, o mesmo autor colocar em dúvida tal afirmação, dizendo que se fosse verdade, Martinho teria nascido antes do casamento dos pais, João e Helena72.
Entretanto, algumas fontes indicam que ele seria, na verdade, filho da segunda esposa de João Garcia de Sá Barroso, Maria Magdalena de Castro. Essa afirmação vem do fato que ele é citado no inventário da referida Maria como herdeiro, o que leva a crer que seria filho da mesma.
Martinho Garcia de Araújo Pereira se casou com Vicência Ferreira de Medeiros, nascida por volta de 1760, filha de Sebastião de Medeiros Matos e de Antônia de Morais Valcácer (2ª de seu nome)73. Não se sabe a data de nascimento do casal, muito menos do casamento. Foi possível somente encontrar os registros de sepultamento dos dois.
Ele faleceu no dia 3 de outubro de 1814 e foi sepultado no corpo da Capela da Conceição, localizada atualmente na cidade de Jardim do Seridó-RN. Na época, a cidade fazia parte da freguesia de Sant’Ana do Seridó, atual Caicó-RN, de onde o registro de sepultamento foi retirado. No registro74 de sepultamento podemos ver:
“Aos trêz de outubro de mil oito centos, e quatorze faleceo em idade de sessenta annos com todos os sacramentos de febre catarral MARTINHO D’ARAÚJO, cazado com VICENCIA DE MEDEIROS, Brancos, e foi sepultado no corpo da Capella da Conceição, filial desta Matriz do Siridó, invôlto em branco, encomendado de minha licença pelo Padre Manoel Teixeira da Fonseca; de que para constar fiz este Assento, que assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
Já Vicência faleceu no dia 19 de setembro de 1826 na fazenda da Barra, localizada na então freguesia de Sant’Anna do Seridó (Caicó-RN) e foi sepultada na Igreja Matriz de Caicó. No seu registro75 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos dezenove dias do mêz de setembro de mil oito centos e vinte seis na Fazenda da Carnaúba, digo da Barra Freguezia de Santa Anna do Siridó, faleceo da vida prezente de hua dor com todos os Sacramentos VICÊNCIA FERREIRA DE MEDEIROS, viúva de MARTINHO DE ARAÚJO, de idade de sessenta e seis annos; seo cadáver foi involto em habito branco, sepultado nesta Matriz do Siridó de grade ásima, e encomendado pelo Padre Manoel Jozé Fernandes de minha licença: de que para constar mandei fazer este assento, que assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
Foram filhos de Vicência Ferreira de Medeiros e Martinho Garcia de Araújo Pereira:
VICÊNCIA MARIA (FERREIRA) DE MEDEIROS, nascida por volta de 1792. Ela se casou em 20 de janeiro de 1810 com Sebastião José de Medeiros, filho de José Inácio de Matos e de Quitaria Maria. Ela faleceu em 22 de março de 1858 em Caicó-RN. Vicência foi inventariada por Sebastião José de Medeiros. O inventário se localiza na pasta no 1, de 1854-1861.
SEBASTIÃO GARCIA DE MEDEIROS, nascido por volta de 1794. Ele se casou com Luzia Maria de Jesus, filha de Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição, aos 30 de agosto de 1814 na Matriz de Sant’Anna de Caicó-RN.
ALEXANDRE GARCIA DE ARAÚJO nasceu estimado por volta de 1795. Ele se casou com Isabel Maria da Silva, filha de Damião Fernandes da Silva e Isabel Maria de Jesus, aos 9 de outubro de 1823 na Fazenda Volta, em São João do Sabugi-RN. Ele faleceu em 22 junho 1854 em Caicó-RN.
MANOEL GARCIA DE MEDEIROS que se casou primeiramente com Isabel Maria da Conceição, filha de Sebastião de Medeiros Rocha e de Maria Leocádia da Conceição, e em seguida com Antônia, filha de João de Morais Camelo e António de Morais Severa.
MARTINHO GARCIA DE ARAÚJO JUNIOR que se casou com Joaquina Maria da Conceição.
MARIA que se casou com José de Morais Camelo, filho de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa.
🇵🇹 José Ignácio de Matos e Quitéria Maria da Conceição
José Ignácio nasceu supostamente nos Açores, Portugal e teria se casado com sua sobrinha, Quitéria Maria da Conceição, nascida antes de 1754 e filha de Sebastião de Medeiros Matos e Antônia de Morais Valcácer (2°).
José seria sobrinho dos famosos irmãos Rodrigo e Sebastião, conhecidos como os patriarcas da família Medeiros na Ribeira do Seridó. Especula-se que José Ignácio de Matos também acompanhou os tios acima citados na vinda ao Brasil. José veio a falecer muito provavelmente antes de 181476.
Já sua esposa Quitéria veio a faleceu na Fazenda da Carrapateira, em Caicó-RN e foi sepultada no dia 22 de novembro de 1814, com mais de 60 anos de idade. No seu registro77 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte, e dous dias do mez de novembro de mil oito centos, e quatorze nesta Matriz de grades para sima foi sepultado o cadáver de QUITERIA MARIA DA CONCEIÇÃO, viúva de JOZÉ IGNACIO DE MATTOS, falecida na Fazenda da Carrapateira d’esta Freguesia, com todos os Sacramentos, com idade de sessenta, e tantos annos, de moléstia de tosse, foi amortalhada em panno branco, e encómendada por mim, que para constar fiz este assento, e assigno. O Vigr.º Francisco de Brito Guerra.”
Foram filhos de Quitéria Maria da Conceição e José Ignácio de Matos:
SEBASTIÃO JOSÉ DE MEDEIROS que se casou em 20 de janeiro de 1810 com Vicência Maria de Medeiros, filha de Martinho Garcia de Araújo Pereira e de Vicência Ferreira de Medeiros.
Sebastião de Medeiros Rocha e Maria Leocádia da Conceição
Sebastião (Sebastião da Cachoeira em virtude de residir na Fazenda Cachoeira, situada a umas duas léguas de Santa Luzia, pelo rio Quipauá abaixo) Ele se casou primeiramente com Maria Leocádia da Conceição, filha de Antônio Paes de Bulhões e de Ana de Araújo Pereira. Em seguida, que se casou com Victorina Maria da Conceição (de Araújo), filha de Cosme Fernandes Freire e de Sebastiana Dias de Araújo78.
Sebastião faleceu por volta de 1831, como consta nos livros da Irmandade das Almas de Caicó e sua esposa Maria Leocádia em meados de 1800, pois seu inventário era realizado no ano seguinte, em 1801. Sua segunda esposa, Victorina, faleceu em 07 de março de 1843 em Santa Luzia-PB. No seu registro79 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos 7 de março de 1843 foi sepultada das grades a sima na Capella de Santa Luzia, filial da Matriz de Patos, o cadáver de VICTORINA MARIA DA CONCEIÇÃO, cazada que foi com SEBASTIÃO DE MEDEIROS ROCHA, já fallecido, moradores que forão na Fazenda Caxueira, desta Freguesia de Patos, fallecida de […], com os Sacramentos, na idade de 62 annos, foi envolta em hábito branco […] encomendado pelo Reverendo Padre José Modesto Pereira de Brito de minha licença de que para constar mandei fazer este Termo em que me assigno. O Vigr.° Antônio Fontes Garcia de Sá.”
Foram filhos de Maria Leocádia da Conceição e Sebastião de Medeiros Rocha:
MARTINHO DE MEDEIROS ROCHA, que se casou com Ana Joaquina do Sacramento, filha de Alexandre Manoel de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição.
MANOEL ANTÔNIO DE MEDEIROS, que se casou com primeiramente com Córdula e em seguida com Ignácia Maria, ambas filhas de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa.
FRANCISCO JOSÉ DE MEDEIROS, que se casou com Maria Madalena do Nascimento, filha de Antônio de Medeiros Rocha e de Maria da Purificação.
JOSÉ DE MADEIROS ROCHA que se casou primeiramente com Maria do Sacramento de Medeiros, filha de Alexandre Manoel de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição, e em seguida com Luzia, filha de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa.
SEBASTIÃO DE MEDEIROS ROCHA (2°) que se casou com Ana, filha do velho Araújo, da Cacimba da Velha.
MARIA LEOCÁDIA DA CONCEIÇÃO (2°) (Mariazinha) que se casou com Manoel Alves da Nóbrega (2°), filho de Manoel Álvares da Nóbrega e de Maria José de Medeiros. O casal residia na fazenda Navios (Santa Luzia).
ANA que se casou com João de Morais Camelo (2°), filho de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa.
ISABEL MARIA DA CONCEIÇÃO que se casou com Manoel Garcia de Medeiros, filho de Martinho Garcia de Araújo Pereira e Vicência Ferreira de Medeiros. O casal habitou a fazenda Santo Antônio (São João do Sabugi).
LUZIA MARIA DE JESUS que se casou em 30 de agosto de 1814 em Caicó-RN, com Sebastião Garcia de Medeiros, filho de Martinho Garcia de Araújo Pereira e de Vicência Ferreira de Medeiros.
João Bento Dias de Araújo e de Andreza Maria da Conceição
João Bento Dias de Araújo nasceu por volta de 1773 e era filho de Estevão Dias de Araújo e de Apolônia Gomes do Sacramento. Ele se casou com Andreza Maria da Conceição, nascida por volta de 1770, filha de João Leitão de Araújo e de Maria da Conceição Frazão. O casal habitou na Fazenda Cacimbinhas, em Santa Luzia-PB.
Andreza Maria da Conceição veio a falecer aos 22 de agosto de 1852 em Santa Luzia-PB, com 82 anos, vitima de uma gripe. No seu registro80 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte e dois do mes de Agosto de mil oito centos e cincoenta e dois, nesta Capella de S. Luzia foi sepultado de grande a cima o cadaver {?} ANDREZA MARIA DA CONCEIÇÃO, mulher de JOÃO BENTO DE ARAÚJO, com oitenta e dois annos de idade, fallecida de Cattarro, involta em habito branco, incomendada pelo P. Gil Braz de Figueiredo com todas os sacramentos. O Vigario Manoel Cordeiro da Cruz.”
João veio a falecer no dia 13 de fevereiro de 1856 em Santa Luzia-PB, com 97 annos, e segundo o registro, morreu de velhice. A informação sobre a idade é provavelmente equivocada, pois teria nascido 1759, alguns anos após a data estimada de nascimento da mãe e do pai. No seu registro81 de sepultamento, pode-se ler:
“Ais treze de Fevereiro de mil oito centos e cincoenta e seis nesta Capella de S. Luzia goi sepultado de grades a cima o cadaver de JOÃO BENTO DE ARAÚJO, com noventa e sette annos de idade, fallecido de velhice, envolto em habito branco com os sacramentos, foi casado com ANDREZA MARIA DA CONCEIÇÃO, encommendado pelo Padre Gil Braz de Figueiredo. O Vigr.o Manoel Cordeiro da Cruz.”
Foram filhos de Andreza Maria da Conceição e de João Bento Dias de Araújo:
ANNA MARIA DO SACRAMENTO, nascida por volta de 1797. Ela se casou com João Bento da Silveira (de Figueiredo), filho de Bento José de Figueiredo e de Catharina Maria de Jesus. O casamento ocorreu aos 16 de abril de 1818 em Santa Luzia-PB (ainda sem comprovação por registro). Ela veio a falecer aos 22 de fevereiro de 1886 em Caicó-RN.
EMERENCIANA DIAS DE ARAÚJO, que se casou com Vitor Tavares da Costa, filho Manoel Tavares da Costa e de Josefa Rodrigues da Silva.
JOSÉ DIAS DE ARAÚJO SOBRINHO, que se casou Sebastiana Tavares da Costa, filha de Manoel Tavares da Costa e de Josefa Rodrigues da Silva.
JOÃO BENTO DIAS ARAÚJO, que se casou com Florência Marinho.
Bento José de Figueiredo e de Catharina Maria da Conceição
Segundo Sebastião de Azevedo Bastos, em sua obra No Roteiro dos Azevedo e Outras Famílias do Nordeste (1955)82, Bento José de Figueiredo seria filho de Fernão Correia de Figueiredo e Luzia Roza (Camello de Figueiredo). Ele se casou com Catharina Maria da Conceição, filha de João Leitão de Araújo e de Maria da Conceição Frazão.
Ao que tudo indica, o casal viveu por muitos anos na Paraíba, mais especificamente nos arredores de Patos-RN. Após a morte de Bento José de Figueiredo, Catharina passou a viver com o filho mais velho, João Bento da Silveira, na Fazenda Campos da Anca Pelada, que mais tarde seria renomeada Fazenda Palma. Essa propriedade viria a dar origem ao atual Distrito de Palma-RN, um pequeno vilarejo localizado entre as cidades de Caicó-RN e Santa Luzia-PB.
Casa construída por João Bento da Silveira, filho de Bento José de Figueiredo e de Catharina Maria da Conceição na Fazenda Palma (Palma-RN).
Bento José de Figueiredo é mencionado em um registro de terras dos anos de 1855 a 1856 da antiga freguesia de Patos, o que pode indicar que ainda estava vivo nesse período. No registro83, pode-se ler:
“[…] No 173 José Félix da Silva e sua mulher Izidra Maria de Jesus declaramos possuir 42 mil réis de terras na Data da Conceição no Lugar do Sítio da Conceição cuja terra houvemos por compra feita a diferentes donos: Maria José Gandinha, a BENTO JOSÉ DE FIGUEIREDO e a Manuel José do Nascimento e a Manuel Teixeira, para o norte extrema com os herdeiro do finado João Machado da Costa, para o poente com a Data do Livramento, para o sul com o Pajeú, e para o nascente com o Cariri Velho e Olho d ́Água do Espírito Santo. Povoação da Serra do Teixeira 24/09/1855. Assina a rogo dos declarantes Guilherme Nunes da Costa. […]”
Catharina veio a falecer aos 25 de março de 1865, no seu sítio Palma. O seu inventário está localizado em Caicó-RN (Caixa 343, 1865 – Inventário – Catharina Maria de Jesus / João Bento da Silveira). No inventário84, pode-se ler:
“Villa do Principe 1865 Deffunta CATHARINA MARIA DE JESUS, Viuva de BENTO JOSÉ DE FIGUEIREDO moraroes que forão no Sitio Palma deste Termo. […]
Anno do Nascimento do Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos [sessenta] e cinco, aos tres dias do mez de Maio do dito anno nesta Villa do Principe em caza de residencia do Juiz Municipal e dos Orfõas em exercicio sem impedimento aos atuais {?} da Commarca o Cidadão Jozué Maria de Faria que {?} foi vinto, ahi pelo {?} que JOÃO BENTO DA SILVA lhe havia requerido {?} que tendo fallecido sua mai CATHARINA MARIA DE JESUS deixando herdeiros menores de vinte e hum annos e que não puderão vir a esta Villa muitos dos herdeiros, elle juiz de {?} a caza de sua residencia na Fazenda Palmas com dia e hora certa para ali de proceder o dito inventario. Pelo que elle juiz lhe havia nomeado o dia cinco do corrente pelas nove horas começarão pelo cujo {?} de intimar o dito JOAO BENTO {?} para naquelle dia e horas ter {?} o referido inventario. […]
Certifico que intimei a JOÃO BENTO DA SILVEIRA para no dia tres {?} convocar todos os herdeiros de sua finada mai CATHARINA MARIA DE JESUS e prestar juramento e fazer se as {?} declarações […]”
E segue os termos de juramento:
“Termo de declarações e juramentos do herdeiro inventariante
Aos cinco dias do mez de maio de mil oito centos e sessenta e cindo nesta Fazenda Palma do Termo da Villa do Principe […] ahi presente JOÃO BENTO DA SILVEIRA inventariante herdeiro o juiz lhe deferio o juramento dos Santos {?} debaixo {?} de bem e fielmente declarar o dia o mes e anno em que falleceu sua mai CATHARINA MARIA DA CONCEIÇÃO, se tinha testamento alquao conparição testamenteiro quais herdeiros que lhe deixas ficado seus nomes e idades, que declarou a conegação todos os bens sem ocultar coisa alguma debaixo das pernas {?} o direito que nelles tem, pagar o dobro de sua valia e encorrer nas penas {?}: que sendo aceito o dito juramento declarou sua mai havia fallecido no dia 25 de de março do corrente anno havendo herdeiros menores e maiores de vinte e hum annos e cujos nomes e idades declararia no Título dos Herdeiros e {?} finalmente daria a {?} todos os bens sem ocultar coisa alguma debaixo das pernas […] João Bento de Maria”
Segue o Título dos Herdeiros:
“Titulo de Herdeiros
1 João Bento da Silveira – Inventariante herdeiro 2 Joaquim Joze de Sant’Anna – Casado 3 Antonio Joze de Santa’Anna – Casado 4 Bento Joze de Figueiredo – Casado 5 Jozefa fallecida que por ella representão seos filhos: [5.]1 Joze Joaquim d’Araujo – Casado [5.]2 Joaquim Francisco d’Araujo – Casado [5.]3 Miguel Joaquim d’Araujo – Casado [5.]4 João Dias de Araújo – Casado [5.]5 Manoel Felippe d’Araujo – Casado [5.]6 Pedro Paulo d’Araujo – Casado [5.]7 Paulo Joze d’Araujo – Casado [5.]8 CATHARINA MARIA DA CONCEIÇÃO casada com CASSIANO DE MELLO MONTENEGRO [5.]9 Maria Jozefa fallecida que por ellas representão seus filhos, bisnetos da Inventariada: [5.9.]1 Manoel com idade 13 [5.9.]2 Luiz – 12 [5.9.]3 Pedro – 11 [5.9.]4 João – 10 [5.9.]5 Maria – 4 [5.9.]6 Iria Maria Casada com Martinho Joze de Maria [5.9.]7 Antonio Alves de Souza {?} 7 [5.9.]8 Cordulina Maria cazada com Antonion Ignacio de Freitas [5.9.]9 Ludovina Maria Cazada com Joze Antonio de Freitas 6 Luzia fallecida que por ella representão seus filhos, netos da Inventariada [6.]1 Sulpiro {?} de Maria Filho [6.]2 Joze Vicente de Maria Cazado [6.]3 Antonio Pacifico de Maria [6.]4 Maria Luzia de Maria {?} [6.4.]1Beleiana com idade 17 [6.4.]2 Antonia – 14 [6.4.]3 Anna – 10 [6.4.]4 Luzia – 9 [6.]5 Manoel Joze fallecido que por elle representão seus filhos bisnetos da inventariada [6.5.]`1 Maria Joze casada com Manoel Pereira de MAria [6.5.]2 Maria Luzia Casada com Manoel Francisco de Maria [6.5.]3 Luzia Maria Casada com Manoel Maria de Moraes [6.5.]4 Joze Nicacio digo Joaquina Maria cazada com Joze Nicacio de Maria [6.5.]5 Candido com idade 11 [6.5.]5 Sebastianna – 10 [6.5.]6 Francisco – 9 [6.5.]7 João – 8 [6.]6 Alexandrina fallecida que por ella representão seus filhos orfãos e bisnetos da inventariada [6.6]1 Antonia com idade de 14 [6.6]2 Balbiana – 11 [6.6]3 Anna com idade de 10 [6.6]4 Luzia – 4 7 Maria fallecida que por ella representa seus filhos, netos da Inventariada [7.]1 Antonio Dias d’Araujo – cazado [7.]2 Selestino Joze Dias – Casado [7.]3 Joaquina Maria cazada com João Gonçalves de Souza [7.]4 Andreza Maria fallecida que por ella representão seus filhos, bisnetos da inventariada [7.4]1 Joze Antonio de Freitas Cazado [7.4]2 Antonio Joze de MAria Solteiro [7.4]3 Pedro Joze de Freitas Solteiro [7.4]4 Paulino Joze de Freitas Solteiro [7.4]5 Luiz com idade de 15 anos [7.4]6 João – 12 [7.4]7 Felisbella – 14 [7.4]8 Maria – 13 [7.4]9 Joaquina 11 [7.4]10 Senhorinha 9 [7.4]11 Rozalina 6 […]”
Segue a declaração dos bens:
“Dinheiro Declarou o Inventariante haver em dinheiro a quantidade de sessenta e cindo mil reis em ouro, prata, cobre, latau ferro nada 65$000
Moveis Declarou haver huma caza muito velha que os lavrados acharão valer cinco mil reis 5$000 Assim mais huma assadina de ferro que os lavrados acharão valer mil reis 1$000 Assim mais outra assadina que os lavrados acharão valer seicentos e quarenta reis 640 Assim mais outra assadina pequena que o s lavrados achão valer quinhentos reis 500 Assim mais hum ferro de ferrear gado que os lavrados acharão valer em {?} sette mil reis 7$000
Gado Declarou o Inventariante haver srtte vaccas pariadas que os lavrados acharão valer trinta e dois mil reis que os lavrados acharão valer digo e todas por {?} duzentos e vinte e quatro mil reis 224$000 Assim mais oito vaccas solteiras que os lavrados acharão valer cada huma vinte e seis mil reis cada huma e todas a importancia de duzentos e trinta e oito mil reis 238$000 Assim mais huma Novilha que os lavrados acharão valer quinze mil reis 15$000 Assim mais quatro Garrotas que os lavrados acharão valer dez mil reis cada huma e todas a importancia de quarenta mil reis 40$000 Assim mais dez novilhos que os lavrados acharão valer trinta mil reis {?} Assim mais trez garrotes que os lavrados acharão valer trinta mil reis todos Assim mais dois Bois de anno que os lavrados acharão valer cincoenta e dois mil reis ambos 50$000 Assim mais hum novinho grande que os lavrados acharão valer trinta e cinco mil reis 35$000
Cavallos Declarou haver hum Cavallo velho que os lavrados acharão valer desoito mil reis 18$000 Assim mais uhm Egua que os lavrados acharão valer quarenta e quatro mil reis
Cabras Declarou haver cinco cabeças de cabras que os lavrados acharão valer seis mil reis todas
Escravos Declarou haver huma escrava Criola de nome Ignacia com trinta sette annos de idade, sadia que os lavrados acharão valer hum conto e duzentos mil reis 1 200$000 Assim mais outra escrava criola de nome Rita com vinte e cinco annos sadia que os lavrados acharão valer hum conto cento e sessenta mil reis 1 160$000 Assim mais outra escrava criola de nome Maria com dez e sette annos de idade sadia que os lavrados acharão valer hum conto de reis 1 000$000 Assim mais hum escravo {?} de nome Lucas com desoito annos de idade que os lavrados acharão valer hum conto de reis 1 000$000 Assim mais um escravo {?} de nomme gregorio com dez e seis annos, que os lavrados acharão valer oito centos e sessenta mil reis 860$000 Assim mais um escravo criolo de nome Camilo que os lavrados acharão valer por oitocentos mil reis 800$000 Assim mais um escravo criolo de nome Elias com dois annos de idade que os lavrados acharão valer trezentos mil reis 300$000
Bens de Rais Declarou haver huma parte na Data do Riacho Verde, Sitio Conceição e os demais herdeiros que os lavrados acharão valer cincoenta mil reis sendo {?} Serra do Teixeira, Provincia da Parahyba. 50$000 Declara haver huma pequena parte de terras de criar no Sitio Alteiro em comum com os mais herdeiros na Freguesia de Santa Luzia, Provincia da Parahyba que os lavrados acharão valer douze mil reis 12$000 Assim mais outra pequan parte de terras na Data da Boa Vinta que os lavrados acharão \valer doze mil reis 12$000
Dividas Passivas Declarou deixar consorte pelo officio Parochial, ao Reverendo Vigario a quantia de quaroze mil e quatro centos reis 14$400 Declarou deixar mais aos herdeiro Joaquim Francisco d’Araujo a quantia de cinto mil e quarenta mil reis e ao inventariante a quantia de quarenta e seis mil reis 5$000 / 46$000 Declarou dever ao monte elle inventariante a quantia de um conto sette centos mil reis {?} 1 700$000 Assim mais dun o herdeiro Joaquim Joze de Sant’Anna a quantia de cincoenta e tres mil cento e vinte reis 53$120 Assim mais deve os herdeiros da finada Maria quarenta mil reis 40$000 Assim mais deve ao herdeiro Antonio Jose de Figueiredo a quantida de trinta e sinco quinhentos e cincoenta mil reis 35$550 Assim mais dever o herdeiro Bento Joze de Figueiredo a quantia de cento e noventa e cinco sete centos e sessenta reis 195$760 Assim mais dever os herdeiros da difunta Luzia a quantia de trinta mil reis 30$000 […]”
Foram filhos de Catharina Maria da Conceição e Bento José de Figueiredo:
JOÃO BENTO DA SILVEIRA (DE FIGUEIREDO), nascido por volta de 1798. Ele se casou com Anna Maria do Sacramento, filha de João Bento Dias de Araújo e de Andreza Maria da Conceição. O casamento ocorreu aos 16 de abril de 1818 em Santa Luzia-PB (ainda sem comprovação por registro). Ela veio a falecer aos 22 de fevereiro de 1886 em Caicó-RN. Eles tiveram dois filhos: Gil Braz de Figueiredo e Luiz Emiliano de Figueiredo. Gil Braz de Figueiredo foi um padre que teve muita influência na região do Seridó na época.
O casal era proprietário da fazenda Várzeas (atual município de Varzea-PB). Em 11 de junho de 1836, mudaram-se para a fazenda Campos da Anca Pelada, no Rio Grande do Norte, comprada por dois contos de réis. O nome Anca Pelada referia-se a um cabeço de pedras brancas na propriedade. Incomodados com os comentários dos moradores da Vila do Príncipe, Ana pediu a João que mudasse o nome da fazenda, que passou a ser chamada Palma, inspirado nos cinco riachos que formavam o rio local85.
🇵🇹 José Simões dos Santos e Joana Baptista de Araújo
José Simões dos Santos nasceu por volta de 1760. Ele casou com Joana Baptista de Araújo, nascida por volta de 1759, filha de Cosme Fernandes Freire e de Sebastiana Dias de Araújo. Segundo Olavo de Medeiros Filho86, José Simões dos Santos era português. Em sua adolescência estava vagando sem rumo no Piauí quando foi encontrado por Sebastião de Medeiros Rocha (Júnior). Sebastião ofereceu um emprego para cuidar de seus bois e o levou para Fazenda Cachoeira, localizada nos arredores de Santa Luzia-PB, onde criou o menino.
Ainda segundo Olavo de Medeiros Filho, João Simões dos Santos começou seu namoro com Joana Batista. Como não era um homem de posses, a família de Joana não concordava com a união, mas isso não desanimou a moça. Após o casamento, o casal morou na fazenda do pai adotivo de José Simões.
Segundo consta um velho livro da Irmandade das Almas do Caicó, José Simões foi eleito Irmão de Mesa da Irmandade, ficando no posto de 1795 a 1803. José foi sepultado em 8 de janeiro de 1831. No seu registro87 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos oito de janeiro de mil oitocentos trinta, e hum nesta Matriz de grade acima foi sepultado o cadáver de JOZÉ SIMÕES DOS SANTOS, cazado com JOANNA BAPTISTA DE ARAÚJO, falecido com todos os Sacramentos na idade de setenta annos, sendo involto em habito branco, e encommendado pêlo Reverendo Coadjutor Manoel Jozé Fernandes; de que para constar mandei fazer este Assento, que assigno. O Vigr.º Francisco de Brito Guerra.”
O inventário de José Simões dos Santos foi realizado no mesmo ano de sua morte e está localizado em Caicó-RN (Caixa 332, 1831 – Inventário – José Simões dos Santos / Joana Batista de Araújo).
Já Joanna foi sepultada em 10 de agosto de 1844 em Santa Luzia-PB. No seu registro88 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos dez de agosto de mil oitocentos e quarenta e quatro foi sepultada das grades asima na Capela de Santa Luzia, filial da Matriz de Pattos o cadaver de JOANNA BAPTISTA DE ARAÚJO, viúva que ficou do falecido JOZÉ SIMÕES DOS SANTOS, moradores no Posso Redondo, da Freguezia de Pattos, fallecida de molestia natural com o os Sacramentos na idade de 85 anos, foi involta em habito branco e encommendado pelo Padre José […] Ferreira de Brito de minha licença de que para constar mandei fazer este Termo em que me assigno. O Vigr.º Antônio Dantas Garcia da […]”
Foram filhos de Joana Baptista de Araújo e José Simões dos Santos:
CAETANO SIMÕES DOS SANTOS que se casou com Antônia Gertrudes do Sacramento, filha do português Miguel Bezerra da Ressurreição e de Maria José do Nascimento. O casal morou em Santa Luzia.
ANTÔNIO SIMÕES DOS SANTOS, que se casou com Antônia Alves, filha de Joaquim Alves, do Cabaço.
JOSÉ SIMÕES DOS SANTOS (2°) que se casou com Ana Joaquina do Sacramento, filha de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa. O casou habitou a fazenda Santo Antônio (Santa Luzia).
MANOEL SIMÕES DOS SANTOS que se casou em 9 de novembro de 1818 na fazenda São Roque com Joana Batista de Sant’Anna, filha de Manoel Alvares do Nascimento e de Maria José.
FRANCISCA que se casou com Sebastião Dias de Araújo, filho de Estêvão Dias de Araújo e Apolônia Gomes Freire do Sacramento. O casal habitou na fazenda Cacimbinhas (Santa Luzia).
ADRIANA, que contraiu núpcias com o seu parente Antônio Dias de Araújo, filho do casal Estêvão Dias de Araújo e Apolônia Gomes Freire do Sacramento. O casal habitou na fazenda Várzea (Santa Luzia).
TERESA que se casou com Ignácio Alves Gameiro, filho de Domingos Alves Gameiro e Isabel Ferreira da Silva.
ANA TERESA que se casou com Alexandre Manoel de Medeiros Júnior, filho de Alexandre Manoel de Medeiros e de Antônia Maria da Conceição. O casal habitou no Poço Redondo (Santa Luzia).
MARIA JOAQUINA DOS PRAZERES (Capítulo V – Os Trisavós).
FRANCISCO SIMÕES DOS SANTOS que se casou com uma filha de João Machado da Costa e de Maria Francisca de Oliveira (2ª). O casal habitou no Teixeira.
Capítulo VII – Os Pentavós
🇵🇹 José Camelo Pereira e Margarida Freire de Araújo
José Camelo Pereira era português e nasceu por volta de 1716. Ele foi casado com Margarida Freire de Araújo, nascida por volta de 1735, filha de Manoel Fernandes Freire e de Antônia de Moraes Valcácer. O casal habitou no sítio Riacho de Fora, situado no termo da Villa do Príncipe, atual Caicó-RN89.
Margarida Freire de Araújo veio a falecer no dia 10 de maio de 1795 em Caicó-RN. No seu registro90 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos honze dias do mez de maio de mil sete centos noventa e sinco annos nesta Matriz se deu sepultura a MARGARIDA FREIRE DE ARAÚJO, cazada que foi com JOZÊ CAMELLO PEREIRA e moradores no Riacho de fora falecida aos dez dias do dito mez com Secenta annos pouco mais ou menos só absolvida por já não falar mais e da dor maglina foi envolta em abito branco de Bertanha e encommendada p. mim Vigário foi sepultada no Corpo da Igreija do Cruzeiro para baixo de que se fez este acento que asignei. Jozê António Caetano de Mesquita. Cura”
O inventário de Maria foi realizado já no ano seguinte, aos 7 de maio de 1796, em Caicó-RN, tendo seu marido como inventariante (inventário localizado em Caicó-RN, Caixa 323 – 1796 – Inventário – Margarida Freire/José Camelo Pereira). Segue um resumo do inventário91 transcrito por Olavo de Medeiros Filho:
“”
“”
Como pode-se verificar, o casal possuía dívidas e o patrimônio de Maria foi quase em sua totalidade destinado ao pagamento das mesmas.
“”
José faleceu em 23 de junho de 1806 na Fazenda do Remédio (Caicó-RN). No seu registro92 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte e trêz do mez de junho de mil oitocentos e seis na Fazenda do Remédio desta Freguezia faleoeo da vida prezente JOZÊ CAMELLO PEREIRA, de idade de noventa annos, cazado que foi com MARGARIDA FREIRE, já então defunta; seu corpo foi involto em hábito Franciscano, encomendado por mim, e sepultado aos vinte e quatro do dito mez no Corpo desta Matriz, de que para constar fiz este Assento, que assigno. O Vigr.° Francisco de Brito Guerra.”
Foram filhos de Margarida Freire de Araújo e José Camelo Pereira:
JOSÉ CAMELO PEREIRA (2°) se casou com Teresa Maria de Jesus.
MANOEL CAMELO PEREIRA se casou com Anna Maria da Conceição.
JOÃO FERNANDES.
CAETANO CAMELO PEREIRA, nasceu por volta de 1761. Ele se casou com Clara Maria dos Reis, filha de Antônio Paes de Bulhões e de Ana de Araújo Pereira. Ele veio a falecer aos 17 de agosto de 1821, em Jardim do Seridó-RN.
FRANCISCO CAMELO PEREIRA se casou com Thereza Maria do Carmo.
ANTÔNIA MARIA DA CONCEIÇÃO, nasceu por volta de 1756. Ela se casou com Manoel Souto Quaresma aos 10 de maio de 1772, em Caicó-RN. Veio a falecer aos 17 de maio de 1816 em Caicó-RN.
TERESA MARIA DE JESUS se casou com Cosme Gomes de Oliveira.
EUGÊNIA MARIA DO ESPIRITO SANTO se casou com José Barbosa das Neves.
ANA MARIA DA CONCEIÇÃO se casou com José Fernandes Freire, filho de João Fernandes Freire e Angela Maria do Espirito Santo, aos 30 de junho de 1800 em Caicó-RN.
🇵🇹 Sebastião de Medeiros Matos e Antônia de Morais Valcácer
Sebastião de Medeiros Matos nasceu em 19 de janeiro de 1716 e foi batizado aos 30 do mesmo mês em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Manoel de Matos e Maria de Medeiros. No seu registro93 de batismo, pode-se ler:
“SEBASTIAM filho de ALFERES MANOEL DE MATOS e de sua molher MARIA DE MEDEIROS, ambos naturais d’esta Freguesia, nasceo aos dezanove dias do mês de janeiro de mil sete centos e dezaseis, foi batizado na pia d’esta parochial aos trinta de dias do dado mês por mim Domingos de Souza Ambar Cura, e foram padrinhos o Rdo Vigro L.do Joam de Souza Freyre d’esta Freguesia e foram as testemunhas Joam da Silva e Samchristam Manoel Rodriguez ambos d’esta Freguesia. E para constar fiz este termo em o dito dia mez era ut supra. O Cura Domingos de Souza Ambar.”
Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca
Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, com marcação ao local onde hoje se encontra a igreja de São Pedro.
A freguesia de São Pedro da Ribeira Seca surgiu já no século XVI, nas décadas seguintes ao início da colonização da ilha de S. Miguel. Gaspar Frutuoso em sua obra Saudades da Terra – Livro IV (1995)94 faz uma descrição detalhada do surgimento e dos primeiros anos da freguesia de São Pedro da Ribeira Seca:
“[…] A freguesia de São Pedro da Ribeira Seca (chamada assim por não ter água senão de enchente no Inverno) que se desmembrou da vila da Ribeira Grande e distará dela um tiro de mosquete para a parte do ocidente, com uma ermida da Madre de Deus, que fez Manoel da Costa, junto da sua quinta, tem cento e noventa e um fogos, e seiscentas e oitenta e três almas de confissão, das quais são de comunhão quatrocentas e noventa. O primeiro vigairo foi Luís Cabral; o segundo, o bacharel Ascêncio Gonçalves, que agora tem o dito cargo. Há nela muitos homens honrados e boas terras que se chamam do Morro, por um alto que está junto do mar, assim chamado, e outras duas lombas em que têm as mesmas granjearias que os da Ribeira Grande, com que uns e outros fazem soma ao presente de novecentos e vinte e cinco fogos, e três mil e duzentas e sessenta e seis almas de confissão, das quais são de comunhão duas mil e quatrocentas e cinco. Nestas duas freguesias (em que se compreende a vila e lugar de Rabo de Peixe, seu termo) há muita gente de armas; primeiro houve quatro bandeiras de duzentos e cinquenta homens em cada uma, sc., três na vila e uma em Rabo de Peixe […]”
“[…]Também poucas vilas haverá de tão boa serventia de água e moendas, porque tem dentro em si seis moinhos, cada um de duas pedras, melhores e que melhor moem que todos os da ilha e Portugal, nos quais o Capitão tem de renda perto de trezentos moios de trigo cada ano, em que vão fazer os da cidade suas farinhas; e é abastada de pão, carnes, pastel, linho e legumes, tem criações de gados, ainda que depois do incêndio segundo falta de lenha. Chega o dizimadouro dela (que contêm as duas freguesias da Purificação de Nossa Senhora e de São Pedro), uns anos por outros, a render três contos para el-Rei, pouco mais ou menos, e o dízimo do linho a quarenta mil molhos. Nela se davam os melhores melões de toda a ilha ou iguais com os da fajã dos Mosteiros, o que se perdeu com a alforra que caiu depois do segundo terremoto desta ilha. E muito mais nobre e rica fora, se os senhorios das suas terras viveram nela. Os moradores não são tão ricos como honrados e nobres, por perderem muito de suas fazendas com fianças e invenções de canas de açúquere que o bicho comeu, como a hera de Jonas. O porto de Santa Eiria (que tenho dito) pela costa ser brava, não presta a esta vila para navios, nada se carrega nele e só serve de batéis; e para saída de seus frutos e carregação de seu trigo se serve do porto da vila da Alagoa, que Ihe está julgado por sentença do Regno. […]”
Igreja de São Pedro da Ribeira Seca
A origem da freguesia está relacionada à construção da primeira ermida dedicada a São Pedro, que foi destruída em 1563 por uma erupção do vulcão Pico Queimado (antigamente chamado Pico do Sapateiro). A atual igreja de São Pedro foi posteriormente edificada no mesmo local onde se erguia a antiga ermida.
Interior da Igreja de São Pedro da Ribeira SecaPia batismal da Igreja de São Pedro da Ribeira Seca. Está seria a pia usada no batismo de Sebastião, Rodrigo e grande parte da sua ascendência.
Em 12 de dezembro de 1575, a paróquia e freguesia de São Pedro foram instituídas pelo Cabido da Sé de Angra, sendo confirmadas por cartas régias de D. Sebastião em 1576 e tendo como primeiro vigário, o Padre Luís Cabral95.
Ao longo dos séculos seguintes, a igreja passou por diversas reformas e ampliações: obras na sacristia (1702), talha da capela-mor (1730), aquisição de sinos (1739), reconstrução da igreja com pedras do Convento de Jesus (1830) e nova decoração por entalhadores locais (1845).
A erupção do vulcão Pico do Sapateiro de 1563
O povoamento foi parcialmente destruído por terremotos, seguidos por erupções vulcânicas do Pico Queimado e da Lagoa do Fogo que occorreram no ano de 1563. Hoje, existe nos arredores da igreja de São Pedro, uma fonte de água que foi soterrada pela lava durante a erupção e que foi encontrada na década de 1950 durante escavações no local. Gaspar Frutuoso descreve a fonte e os eventos catastróficos ocorridos durante o dito ano:
“[…] A fonte de que se tirou a água do chafariz ou fonte da vila, que nela se bebe, sai perto de umas pedras brancas (que é uma veia de pedra que está ao pé da serra); era muito boa água até ao terremoto e incêndio que aconteceu nesta ilha o ano de mil e quinhentos e sessenta e três, porque devia de ter seu nascimento em alguma concavidade limpa; achavam-se nela as condições que se requerem a uma boa água, quase nascia com o rosto ao sol, era delgada e fria, sem nenhum sabor, e assim satisfazia com sua bondade a quem a bebia, porque se bebia dela o que a vontade pedia e nada embaraçava o estômago nem impedia as mais obras da natureza. Mas, com o terremoto que disse, que teve a força toda perto da mesma fonte, detrás da serra de Vulcão, arruinou-se a terra, abrindo-se em muitas partes e rebentou o biscouto de pedra fervida para a mesma parte da fonte, muito perto, e parece claro que para a dita fonte e concavidade do monte se abriram comissuras e veias de pedra hume e enxofre, que inficionaram e corromperam a dita água, que agora é grossa e cheira a lodo, e muitos anos depois do terremoto fedia a enxofre e se sentia nela fedor de pedra hume. Desta mesma água se deu um cano para a freguesia da Ribeira Seca, de que bebem os seus moradores (e não é boa) porque com a quentura do enxofre vem como cozida. […]”
E segue a descrição detalhada dos dias da erupção de 1563 que afetaram a Ribeira Seca, feita por Gaspar Frutuoso96:
“[…] Deste pico lavrou o fogo por debaixo do chão e foi dar em outro, que chamam o pico do Sapateiro, que está sobre a Ribeira Grande, da parte do norte, o qual começando arder a terça-feira, começou depois a correr dele uma ribeira de fogo pela Ribeira Seca abaixo até chegar ao mar, correndo mansamente como metal derretido, por fazer fio como alféloa, sendo pedra que estava fervendo e fazendo grande estrondo quando entrou no mar, onde fez um grande cais ou ilhéu de penedia, ficando, ali, e por toda a ribeira acima um bravo biscoutal da Deste pico lavrou o fogo por debaixo do chão e foi dar em outro, que chamam o pico do Sapateiro, que está sobre a Ribeira Grande, da parte do norte, o qual começando arder a terça-feira, começou depois a correr dele uma ribeira de fogo pela Ribeira Seca abaixo até chegar ao mar, correndo mansamente como metal derretido, por fazer fio como alféloa, sendo pedra que estava fervendo e fazendo grande estrondo quando entrou no mar, onde fez um grande cais ou ilhéu de penedia, ficando, ali, e por toda a ribeira acima um bravo biscoutal da […]”
Sebastião de Medeiros Matos chegou ao Brasil por volta do ano de 1739, acompanhado de seu irmão mais velho, Rodrigo de Medeiros Rocha. Conforme relata a tradição oral da região, eles buscaram abrigo, em um primeiro momento, junto a parentes que já viviam em Pernambuco. No entanto, diante do risco que isso representava, esses familiares optaram por enviá-los ao interior da então Capitania da Paraíba do Norte. Foi ali, na fazenda Preás, situada nas serras de Parelhas, território que hoje pertence ao Rio Grande do Norte, que os irmãos Medeiros permaneceram ocultos por algum tempo97, até de estabelecer definitivamente na região onde atualmente se localiza a município de Santa Luzia-PB.
É importante destacar que a chegada de Sebastião e Rodrigo ao Brasil coincide com um período de intensificação da emigração de açorianos rumo à América portuguesa, conforme analisado por Cibele Caroline da Rosa e Luís Fernando da Silva Laroque (2018)98. Segundo os autores, esse movimento foi impulsionado por fatores estruturais como crises climáticas e agrícolas, fome, instabilidade econômica e um sistema de herança que excluía os filhos não primogênitos da posse das terras familiares, forçando muitos a buscar melhores condições de vida no Brasil.
Embora a tradição local afirme que os irmãos Sebastião e Rodrigo tenham emigrado como forma de ocultar um passado comprometedor na Ilha de S. Miguel, mudando até os seus sobrenomes ao chegarem ao Brasil99100101, é igualmente plausível que tenham feito parte de um amplo fluxo migratório dos Açores a América Portuguesa motivado pelas adversidades nas ilhas e pela esperança de melhores oportunidades no continente americano.
A emigração açoriana atingiu seu auge a partir de 1747, quando a Coroa Portuguesa, por meio de um edital real, passou a incentivar oficialmente o deslocamento de famílias açorianas para a América. O objetivo era não apenas aliviar a pressão demográfica e econômica sobre o arquipélago, mas também povoar e proteger o sul do império, especialmente diante das crescentes disputas territoriais com a Espanha.
Olávo de Medeiros Filho, em seu livro Velhas Famílias do Seridó (1981)102, conta um relato do Dr. Agostinho Brito, descendente de Sebastião, em que explicaria como foi apresentado a sua futura esposa. O relato segue:
“[…] ao tempo em que estiveram morando nos Preás, dedicaram-se a trabalhos de natureza jurídica, cuidando de questões de terras, por serem pessoas letradas. Certo dia, chegou-lhes um convite formulado pelo Capitão-mor Geraldo Ferreira das Neves Sobrinho, desejoso de que os dois irmãos comparecessem à fazenda Picotes, em Santa Luzia, a fim de tratarem de uma questão de terras, em que se achava envolvida aquela autoridade.
Comparecendo aos Picotes, foram os dois irmãos informados de que teriam de viajar à ribeira do Piancó, no trato do caso litigioso, região essa que se encontrava sem segurança para os eventuais viajantes, em virtude de ali ter surgido um levante dos indígenas.
Recusaram a incumbência, o que despertou a ira do Capitão-mor. Este deu-lhes conhecimento de queliavia chegado um mandado judicial, pedindo providências no sentido de serem presos dois fugitivos da Justiça, cuja descrição coincidia com as pessoas de Rodrigo e Sebastião de Medeiros. Após a ceia, em um quarto fechado, conferenciaram, longamente, Rodrigo e Sebastião, para discutirem a situação; ou viajariam ao Piancó, ou seriam entregues a Justiça pelo Capitão-mor. Conta a tradição que Geraldo conseguiu ouvir, ardilosamente, a conversa dos dois irmãos. Rodrigo já se mostrava disposto a enfrentar o perigo representado pelos indígenas, viajando ao Piancó, no que hesitava Sebastião em apoiá-lo. Dizia Rodrigo: “Mas, Sebastião, nós não temos condições de regressarmos ao Reino!…”
Finalmente, o Capitão-mor propôs uma terceira opção: os dois irmãos se casariam com duas irmãs, ambas sobrinhas de Geraldo, no que, a contragosto, concordaram Rodrigo e Sebastião. Casaram-se, finalmente, Sebastião com Antônia e Rodrigo com Apolônia, sob o patrocínio do Capitão-mor, tio das nubentes!… […]
Sebastião se casou com Antônia de Morais Valcácer (2ª de seu nome), filha de Manoel Fernandes Freire e Antônia de Morais Valcácer em data indeterminada, mas muito provavelmente em Patos-PB. Se o casamento foi arranjado como informar o texto acima, nunca vamos de fato saber.
Em 1757, após o falecimento de seu irmão Rodrigo de Medeiros Rocha, ficou responsável pelos seus bens e por todos os seus filhos. Em 1759, como Tenente, requereu sesmaria onde, pode-se ler:
“Nº 497 em 24 de março de 1759
Tenente Vicente Ferreira Neves e Tenente SEBASTIÃO DE MEDEIROS, moradores nesta capitania, dizem que a custa de sua fazenda e risco de suas vidas, tinham descoberto sobre a serra da Borburema, sertões deste governo, terras devolutas e desaproveitadas, com sufficiencia de crear gados e como careciam de terras para os crear pretendiam que se lhes concedesse por sesmaria em nome de S.M. tres leguas de comprido e uma de largo, para ambos, na dita serra, logar chamado Albino riacho chamado Olho d’Agua Grande que nascia da pedra chamada o Fundamento cujas terras confrontam em muita distância pela parte do nascente com R.R.P.P. da companhia do sitio do Poço, pela parte do poente com terras do defunto Izidoro Hortins, pela do norte com as de Antônio de Araujo Frazão e Cosme Dias de Araujo e pela do sul com José da Costa Romeo ou com quem verdadeiramente pertencesse, podendo fazer do comprimento largura ou da largura comprimento, pedindo em conclusão se lhe concedesse as ditas terras por sesmaria com as confrontações declaradas para fazer a sua situação e peão no dito logar chamado Albino e Riacho chamado Olho d’Agua Grande. Foi feita a concessão, no governo de José Henrique de Carvalho.”
Segundo informa um de seus descendentes no livro de Olávo de Medeiros Filho, Sebastião possuía casa em Santa Luzia, na rua Padre Jovino. Sebastião e sua esposa Antônia habitaram na Fazenda Cacimba da Velha, em Santa Luzia-PB, muito provavelmente recebida como dote por ocasião do casamento de sua esposa, ou herdada de seu sogro, Manoel Fernandes Freire. Segundo Olavo de Medeiros Filho, Sebastião possuía estatura elevada, era moreno, magro, de pernas finas, queixo proeminente e temperamento irritadiço103.
Sebastião de Medeiros Matos ainda estava vivo em 1793, conforme demonstram referências encontradas no inventário de bens de Domingos Álvares dos Santos, onde é mencionado com a patente de Capitão. Também fazia parte do quadro da Irmandade das Almas do Caicó. Sua presença ainda é registrada em 1805, por ocasião do inventário de seu genro, Manoel Álvares da Nóbrega, realizado em Santa Luzia-PB, o que indica que provavelmente faleceu após essa data.
Nada foi encontrado até agora sobre o ano de falecimento de Antônia de Morais Valcácer.
Foram filhos de Antônia de Morais Valcácer e Sebastião de Medeiros Matos:
JOÃO CRISÓSTOMO DE MEDEIROS nasceu em 15 de junho de 1766. Ele se casou com Francisca Xavier Dantas, filha de Caetano Dantas Corrêa e de Josefa de Araújo Pereira. Ele foi faleceu em 16 de dezembro de 1812.
MARIA JOSÉ DE MEDEIROS, nascida por volta de 1748. Ela se casou por volta de 1765 com Manoel Alvares da Nóbrega era filho de José Alvares da Nóbrega e de Izabel Ferreira da Silva. Ela faleceu aos 14 de dezembro de 1842. O casal residiu na fazenda Santo Domingos, em Santa Luzia-PB.
ANTÔNIA DE MORAIS SEVERA que se casou com João de Morais Camelo, natural dos Gariris Velhos, atual São João do Cariri. O casal habitou na fazenda Santo Antônio (Santa Luzia) e em seguida se mudaram para o Ceará.
LUZIA MARIA DO ESPÍRITO SANTO nasceu por volta de 1759. Ela se casou com Caetano Dantas Corrêa (2°), filho legítimo de Caetano Dantas Corrêa e de Josefa de Araújo Pereira. O casal habitou na fazenda Carnaúba (Acari). Ela faleceu na fazenda da Carnaúba e foi sepultada em 9 de agosto de 1810, com idade de 51 anos.
Cosme Gomes de Alarcón e Maria de Conceição Freire
Cosme seria filho Daniel Gomes de Alarcón, suposto padre espanhol de ascendência judaica, com uma índia de nome e origem desconhecidos. Segundo a tradição existente no Seridó, Cosme Gomes de Alarcón chegou à região de Santa Luzia-PB vindo do Engenho Ubu, em Goiana-PE. Infelizmente, essas afirmações ainda não foram comprovadas com documentação ou registros históricos.
O que se sabe é que ele se casou com Maria de Conceição Freire, filha de Manoel Fernandes Freire e de Antônia de Morais Valcácer.
Foram filhos de Maria de Conceição Freire e Comes Gomes de Alarcón:
RAIMUNDO JOSÉ FREIRE que se casou primeiramente com Ana Maria de Carvalho, em 27 de novembro de 1789 na fazenda Cordeyro (Patos). Ana era filha de Antônio Barbosa de Lucena e de Margarida Freire de Araújo (2°). Em seguida, ele que se casou com Maria de Jesus Madalena em 26 de novembro de 1814 em Caicó-RN. Margarida era filha de Cosme Gomes de Oliveira e de Teresa Maria de Jesus.
MANOEL GOMES DE ALARCÃO que se casou em 16 de agosto de 1819 em Caicó-RN, com Josefa Jacinta, filha de José de Souza Forte e de Antônia de Souza Forte.
FRANCISCA GOMES FREIRE que se casou com Manoel Antônio Ferreira.
🇵🇹 Rodrigo de Medeiros Rocha e Apolônia Barbosa de Araújo
Rodrigo de Medeiros Rocha nasceu em 21 de janeiro de 1709 e foi batizado na Igreja de São Pedro no dia 26 do mesmo mês e ano na Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Manoel de Matos e Mariade Medeiros. No seu registro104 de batismo, pode-se ler:
“RODRIGO filho de Manoel de Matos e de sua molher Maria de Mideiros naturais e moradores n’esta Freguesia do Apostolo Sam Pedro da Ribeira Seca, nasceo aos vinte e hum dias do mês de janeiro de mil i sete centos e nove annos e em aos vinte e seis dias do referido mês e ano foi batizado n’esta ditta Igreja Paroquial de Deos Pay pelo Padre Joam de Souza Freire vigário da ditta Igreja, foi padrinho Manoel de Frias Ferreira fregues d’este freguesia. Foram padrinhos Joam da Sylva e Antônio da Sylva, fregueses d’esta Freguesia e comigo assignaram dia mez e Era ut supra e em qual fiz este termo para constar. O Cura Francisco de Souza da Motta.”
Ele chegou ao Brasil por volta do ano de 1739, junto com o seu irmão Sebastião de Medeiros Matos. No Brasil, Rodrigo se casou com Apolônia Barbosa de Araújo, nascida por volta de 1714, filha de Manoel Fernandes Freire e de Antônia de Morais Valcácer105106107. O casamento ocorreu muito provavelmente na região do atual município de Santa Luzia-PB, por volta de 1739, pois seu filho primogênito teria nascido por volta de 1740, conforme informa Olavo de Medeiros Filho em “Velhas Famílias do Seridó”108.
Rodrigo e sua família moraram na Fazenda Pocinhos (São José do Sabugi-RN), localizada na ribeira do rio Quipauá.
Rodrigo faleceu antes de 1757109, ano em que se processou seu inventário cujos autos acham-se arquivados no 1° Cartório Judiciário do Caicó-RN. Sebastião foi o tutor dos seus sobrinhos menores, conforme consta nos autos do referido inventário. Rodrigo teria por volta de 48 anos quando morreu.
“[…] RODRIGO […] Morou na fazenda Pocinhos, na ribeira do Quipauá, no atual município de S. José do Sabugi. Já era falecido em 1757, ano em que processou-se o seu inventário, cujos autos acham-se no 1º Cartório Judiciário do Caicó. Sebastião foi o tutor dos seus sobrinhos menores, conforme consta dos autos do referido inventário. […]”
Já Apolônia faleceu e foi sepultada em 28 de novembro de 1802 na Fazenda do Remédio, em Cruzeta-RN, e foi sepultada em Acari-RN com aproximadamente 88 anos de idade. No seu registro110 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte e oito dias do mez de novembro de mil oitocentos, e dois faleceo da vida prezente na fazenda do Remédio Apolonia Barbosa, viúva que era de Rodrigo de Medeiros Roxa com todos os sacramentos, e foi sepultada no mesmo dia na Capella do Acari das grades do arco para cima, encomendada pelo Reverendo Jozé António Caetano de Mesquita, involta em habito do Carmo: tinha de idade oitenta, e oito annos: do que para constar, fiz este assento, em que me assigno. O Vigr.º Francisco de Brito Guerra.”
A informação do local de óbito é confirmada por Olavo de Medeiros Filho em Velhas Famílias do Seridó (1981), onde informa queApolônia Barbosa de Araújo morava na Fazenda do Remédio no ano de 1794, onde veio a falecer anos depois, no mesmo local111.
“[…] Com referência a APOLÔNIA BARBOSA DE ARAÚJO, anotação existente em um dos livros de assentamentos da antiga freguesia do Seridó aponta-a residindo, no ano de 1790, no Riacho de Fora, propriedade pertencente a filhos seus. Em 1794 morava na fazenda do Remédio, na companhia do seu filho caçula, Manoel de Medeiros Rocha. […]”
Foram filhos de Apolônia Barbosa de Araújo e Rodrigo de Medeiros Rocha:
JOSÉ BARBOSA DE MEDEIROS nasceu por volta de 1740. Ele se casou com Maria da Conceição, filha de Cosme Soares Pereira e de Maria do Nascimento. Ele faleceu em estimado antes de 1785.
RODRIGO DE MEDEIROS ROCHA (2°) nasceu por volta de 1741.
TERESA DE JESUS MARIA nasceu por volta de 1742. Ela se casou com Tomaz de Araújo Pereira (2°), filho de Tomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição de Mendonça. Ela foi sepultada em Ele faleceu em 1 de fevereiro de 1802 em Areia-PB.
ISABEL MARIA DE JESUS nasceu por volta de 1745. Ela se casou com Gonçalo Correia da Silva, filho dos portugueses Francisco Correia d’Ávila e Maria da Silva Tavares. Ela foi sepultada em 8 de fevereiro de 1836.
MARIA DOS SANTOS DE MEDEIROS nasceu em 30 de setembro de 1745. Ela se casou com João Damasceno Pereira, filho de Tomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição de Mendonça. Ela faleceu em 18 de dezembro de 1833.
FRANCISCO FREIRE DE MEDEIROS nasceu em 15 de agosto de 1750. Ele se casou com Antônia Vieira da Costa, filha de Antônio Paes de Bulhões e de Ana de Araújo Pereira. Ele foi sepultado em 19 de dezembro de 1821.
MANOEL DE MEDEIROS ROCHA nasceu em 31 de julho de 1755. Ele foi casado em primeiro casamento com Clara Maria dos Reis, filha de Antônio Pais Bulhões e de Ana de Araújo Pereira. Em seguida, se casou com Ana de Araújo Pereira, também filha de Antônio Paes de Bulhões e de Ana de Araújo Pereira. Ele faleceu em 8 de fevereiro de 1837. O casal habitou a Fazenda Remédio, que originou a atual cidade de Cruzeta, Rio Grande do Norte, Brasil.
Ascendência Sefardita dos irmãos Sebastião e Rodrigo
Segue a ascendência Judaica Sefardita dos irmãos Sebastião de Medeiros Matos e Rodrigo de Medeiros Rocha, que o leva até Águeda Moniz, acusada e sentenciada por crime de judaísmo pelo Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa no ano de 1597, na Ribeira Grande, Ilha dos Açores.
Rodrigo e Sebastião nasceram nos Açores. Eles eram filhos de Maria de Medeiros, que por sua vez era filha de Maria de Medeiros Rocha. Esta era filha de outra Maria de Medeiros, descendente de Beatriz Furtado, filha de Manuel Rodriguez Furtado, que era filho de Beatriz Marques. Todos esses antepassados nasceram e viveram nos Açores. Rodrigo e Sebastião são os únicos dessa linha familiar de quem se tem notícia que emigraram para o Brasil, possivelmente acompanhados por um primo chamado José Ignácio de Matos.
Beatriz Marques tinha uma irmã chamada Elvira Marques, casada em segundo casamento com João Martins Moniz. Esse casal teve uma filha chamada Águeda Moniz. Ela se casou com Álvaro Lopez da Costa, nascido por volta de 1554. Águeda Moniz era natural de Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores, e supõem-se que seu marido também o era, segundo consta em seu processo112.
Águeda Moniz foi condenada pela Inquisição de Lisboa no Auto da Fé de 23 de fevereiro de 1597, Processo PT/TT/TSO-IL/028/06750 por crime de judaísmo. Foi sentenciada a ir ao auto-da-fé com vela acesa na mão, abjuração de leve, penitências espirituais e pagamento de custas. O documento contem 64 páginas e está disponível para consulta no site Arquivo Nacional Torre do Tombo. A partir desse documento pôde-se extrair as informações que seguem.
O processo contra Águeda Moniz teve inicio após denúncia de Constança Afonso, cristã velha, casada com Morgado Bartholomeu Jácome Raposo. Na primeira sessão de confissão de Águeda Moniz, feita no dia 17 de setembro de 1592, podemos ver que ela é descrita como cristã nova, assim como: seus pais, João Martins Moniz e Elvira Marques, sua tia Beatriz Marques e seu primo Manuel Rodriguez Furtado, cura da igreja de Maia (freguesia situada dentro do concelho de Ribeira Grande).
Seguindo, Águeda Moniz conta que aos 5 anos ficou órfã de pai e mãe e foi deixada aos cuidados de sua tia, Beatriz Marques, por cerca de dez anos, onde vivenciou costumes judaicos praticados por Beatriz Marques e sua família. Segue a transcrição completa da primeira sessão de confissão113:
“[…] Confissão de Agada Moniz.
Aos dezasete dias do mês de setembro da era de mil e quinhentos e noventa e dous annos na Ilha de Sam miguel na villa da Ribeira grande, nas pousadas de ALVARO LOPEZ DA COSTA aonde o Snor Inquisidor foi tomar esta confissão de AGADA MONIS christã nova molher do ditto ALVARO LOPEZ por estar muito enferma em cama a qual disse ser de idade de trinta annos pouco mais ou menos e por dizer que tinha de que se acusar lhe foi dado Juramento dos santos evangelhos enque ella pos sua mão e prometeo dizer verdade e acusandose disse que sendo de idade de cinquo annos ficou órfã de pai e mai em poder de sua tia BRIATIZ MARQUES christã nova molher de MANOEL RODRIGUEZ mercador moradores que foram desta villa e na sua casa esteve por espaço de dez annos e em todo este tempo mandava a ella declarante as sestas feiras a tarde lançar lançois lavados nas camas, e as suas escravas já de functas varrer as casas, e a limpar os candieiros pondo lhes torcidas novas e azeite limpo deixando os acezos ate por si so apagarem. e todos os sabbados mandava a ella declarante que desse camisas lavadas ao ditto MANOEL RODRIGUEZ seu marido e a seus filhos convem a saber Matheus Nunes christão novo cura nesta Igrejá com quē ella declarante esta, e Antonio furtado christão novo lavrador morador nesta villa, e o leçençiado Pero Rodriguez furtado morador na cidade de Angra, os quais todos no dito tempo todos os sabbados vestião as ditas camisas lavadas que lhe ella dava e porque MANOEL RODRIGUEZ christão novo cura da maia Irmão dos sobredittos era pequeno ella declarante lhos vestia mas nunca a ditta BRIATIZ MARQUES sua tia lhe declarou atenção conque mãdava fazer aquellas cousas nē ella declarante vestia camisas lavadas nos ditos dias de sabbados porque as via vestir as sobredittas pessoas, e lhas dava por mãdado de sua tia para isso: e declarou q o ditto MANOEL RODRIGUEZ e a ditta BRIATIZ MARQUES sam ja defunctos, e assi todas as mais pessoas que avia naquela casa de serviço e disse mais sendo perguntada que nunca soube q aquillo eram çerimonias judaicas senam avera dous annos que o perguntou a Anna Cabral molher de Gonçalo Ayres o gramatico desta villa que lho disse porque se ella soubera nam vestira nos ditos dias de sabbados de trabalho camisas lavadas a seus filhos, quãdo os tinha aos quais enquanto eram vivos e a dous sobrinhos seus, filhos do dito MANOEL RODRIGUEZ cura da Maia que tem em seu poder vestio nos ditos dias camisas lavadas ate avera os ditos dous annos, q como tem ditto soube aquillo ser çerimonia judaica, e declarou que o sobrinho se chama MATHIAS, de idade de quatro annos e a moça BRIATIZ de cinquo: e que isto he o que lhe lembra, o que fez sem ma tençam, mas sem embargo disso pede perdão e misericordia. foi lhe ditto que cuide bem em suas cousas e acabe de sencarregar sua conçiençia declarando toda a verdade de suas cupas e atenção que teve qũado as cometteo porque asi lhe convem pera salvação de sua alma, e alcançar a misericordia que a sancta madre igreja da aos bons e verdadeiros confitentes! E por dizer que nam era demais lembrada foi lhe mandado ter sergredo no caso sob carrego do juramento q reçebeo. e declarou que os ditos seus primos convem a saber Matheus Nunez, Pero Rodriguez Furtado e Antonio Furtado naquele tempo em que lhe ella via vistir as ditas camisas lavadas aos sabbados de trabalho que foi por espaço dos ditos dez annos eram já todos homēs e o ditto Matheus Nunez era de epistola quando faleçeo a ditta sua mai, e o ditto MANOEL RODRIGUEZ cura da Maia era cachopo como tem ditto e do custume o que tem ditto. e assinei aqui por ella a seu roguo com o snor Inquisidor Manoel Marionho o escrivi. Manoel marinho. Jeronimo Teixeira cabral.
Aqual confissão eu Manoel marinho Notario Appostolico do Sancto officio tresladei bem e fielmente di proprio conque concorda e a conçertei aqui com o snor Inquisidor […]”
A transcrição menciona que ela tinha 30 anos na data da primeira sessão de confissão. Como veremos mais a frente, ela corrige essa informação na sua terceira sessão, dizendo ter 35 anos. Levando em consideração as informações citadas anteriormente, ele teria nascido por volta de 1557, teria ficado órfã em 1562 e teria vivido na casa de sua tia até 1572.
Na terceira sessão de confissão, Águeda Moniz descreve, com muitos detalhes, sua genealogia até seus avós por parte de pai e mãe. Pode-se ler em um dos trechos114:
“[…] Aos vinte oito dias do mes de novembro da era de mil e quinhentos e noventa e dous ãnos, na Ilha de Sam Miguel na villa da Ribeira grande […] mandou vir perante si AGADA MONIZ […] Disse que ella se chamada AGADA MONIZ Christã nova natural e moradora nesta villa de idade de trinta e cinquo annos porque se enganou na primeira sessão en dizer q era de trinta; e que não tem avós nem avôs nem pai nem mai; os quais todos foram moradores nesta villa e o avô da parte de seu pai se chamava CHRISTOVAM MARTINS CHRISTÃO novo mercador e sua avó desta parte IZABEL MONIZ christã nova: e seu avô da parte de sua mai se chamava MARCOS AFONSO mercador e sua avó INES DE XEREZ, christãos novos, e seu pai de chamava JOÃO MARTINS MONIZ, mercador e sua mai ERVIRA MARQUES, christãos novos defuntos e que nam tem tios nem tias da parte de seu pai nem de sua mai; e que tem hum irmão e hua irmã: e o irmão se chama Marcos Afonso morador na ilha da madeira do qual não tem novas à muitos annos, e não sabe que officio tem nem se he casado que poderá ter de idade de trinta e sete annos e a irmã se chama Izabel dos Archanjos freira professa no mosteiro de Jesus da ordem de Santa Clara desta villa; e que ella he casada com ALVARO LOPEZ DA COSTA christão velho, e delle teve filhos que nosso Senhor levou; e que nem ella nem parente seu dentro no quarto grao que saiba foi prezo nem penitenciado pello Santo officio; e que ella he christã bautizada e foi na Igreja Matriz desta villa por Frei Manoel Vigairo que foi della e forão seus padrinhos MANOEL RODRIGUEZ seu tio primo com irmão de seu pai e ANA FERNANDES, sua tia irmã de seu pai moradores que forão nesta villa já deguntos e na mesma Igreja foi chrismada pello Bispo Dom Pedro de Castilho e foi seu padrinho lecenciado Gaspar Frutuoso vigairo que foi desta igreja; e de que veo a amor de disquirição vai as missas e pregações e se confessa e comunga e faz as mais obras de christã […]”
Por fim, Águeda Moniz foi condenada por judaísmo e sentenciada a ir ao auto-da-fé com vela acesa na mão, abjuração de leve, penitências espirituais, pagamento de custas. A sentença foi proferida no dia 23 de fevereiro de 1597, pelo Tribunal do Santo Ofício – Inquisição de Lisboa115, estando Águeda Moniz presa na data da sentença.
“[…] Acordão os Inquisitores ordinário e despensados da Santa Inquisição […] esses autos e os urgentes indicios que delles e da pena da justiça Autor […] contra AGUEDA MONIZ, chsitã nóva, molher de ALVARO LOPEZ DA COSTA christão velho morador na Villa da ribeira grande Ilha de São Miguel Rée presa pu presente está. De ella andar apartada de nossa santa fé católica, e ter crença na ley de moyses, e por sua […] guardar os sabados de trabalho como os judeus costumão, com o mais que dos Autos consta. Avendo podém despeito a […] da prova da justiça não ser bastante para maior condenação. Mandão que a Ree Agueda Moniz vá ao Auto da Fee […] com súa vella asesa na mão na forma costumada, e nele faça abjuração de levi sujeita na fée e por tal a declarão. Sem pena e penitencia de suas culpas comprir as mais penas e penitencias espirituais lhe fazeno mi provas e pague as custas. […]
Foi publicada a sentença atraz escrita a Ree AGADA MONIZ em sua pressoa e sendo digo no auto publico da fee q se celebrou na Ribeira desta cidade de Lisboa aos vinte e trez diaz do mez de fevereiro de mil quinhentos noventa e sete annos […]”
João Garcia de Sá Barroso e Helena de Araújo Pereira
João nasceu por volta de 1729. Ele era filho de Antônio Garcia de Sá e Maria Dornelles Bittencourt. Ele se casou primeiramente com Helena de Araújo Pereira, filha de Tomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição de Mendonça. O casamento deve ter ocorrido por volta de 1756, em Caicó-RN.
No registro116 do seu terceiro casamento, pode-se ler:
“Aos quinze dias do mez de fevereiro de mil sette centos, e noventa annos na Fazenda de São Pedro desta Freguezia da Glorioza Santa Anna do Siridó de licença minha pellas doze oras do dia, pouco mais, ou menos, feitas as denunciações sem se descobrir impedimento algum, em prézenças do Reverendo Manoel Gomes de Azevedo, e das testemunhas o Capitão Caetano Dantas Corrêa, e o Capitão João Damasceno Pereira, moradores nesta ditta Freguezia, se receberão por Espozos Juxt. Trid. Por palavras de prezente os Nubentes o Capitão João Garcia de Sá Barrozo e Dona Maria de Jezus de Vasconcellos; elle Viuvo, que ficou de Dona Maria Magdalena de Castro, filho legitimo do Capitão António Garcia de Sá, e de Dona Maria Dornelles de Bitancor; e ella filha legitima de Jozé Fidelis, e de Dona Ignacia do Espírito Santo, moradores nesta ditta Freguezia do Sirídó; e logo lhes deo as benções nuptiaís, na forma do Ritto da Santa Madre Igreja; de que se fez este acento, que o asigney. Jozê António Caetano de Mesquita, Cura. ”
João Garcia de Sá Barroso sempre habitou na fazenda São Pedro, desde o seu primeiro casamento com Helena de Araújo Pereira.
Foram filhos de Helena de Araújo Pereira e João Garcia de Sá Barroso:
JOSÉ GARCIA DE ARAÚJO, teria casado com Sinforosa Cincinato, filha do Coronel Cincinato, rico fazendeiro dos Inhamuns, no Piauí. Morou na Ribeira do Sabugi, nos arredores de Patos-PB.
LOURIVAL GARCIA DE ARAÚJO, teria se casado com Zulmira Feitosa, filha do Coronel Miguel Feitosa e de Jovita Feitosa, ricos fazendeiros dos Inhamuns, no Piauí. Assim como o irmão José, morou na Ribeira do Sabugi, Patos-PB.
João Garcia de Sá Barroso e Maria Magdalena de Castro
Em seu segundo casamento, João Garcia de Sá Barroso se casou com Maria Madalena de Castro, filha de Thomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição Mendonça, irmã da sua primeira esposa, Helena de Araújo Pereira. O casamento deve ter ocorrido na década de 1770, mas sem data e local conhecidos.
Maria Magdalena de Castro morreu ao que tudo indica antes de 1788. Algumas fontes indicam que a data de falecimento foi 12 de setembro de 1787, mas sem registros que comprovem a referida data.
Foram filhos de Maria Magdalena de Castro de de João Garcia de Sá Barroso:
MANOEL GARCIA DE SÁ BARROSO, nasceu por volta de 1779 e foi casado com Maria José de Vasconcellos, filha de João Baptista de Avelar e de Maria Bartoleza de Vasconcellos, aos 1 de maio de 1797, na fazenda Victoria, em Caicó-RN. Ele veio a falecer aos 1 de março de 1842, em Acari-RN.
ANNA DORNELLES DE BITTENCOURT, nasceu por volta de 1781 e foi casada com Vincente Soares de Avelar, filho de João Batista de Avelar e de Maria Bartoleza de Vasconcellos, aos 30 de janeiro de 1797 na fazenda Victoria, em Caicó-RN. Ela veio a falecer aos 29 de junho de 1840, em Caico-RN.
HELENA MARIA DE SANTA TERESA, nasceu por volta de 1782, e foi casada com Ignácio Ferreira de Bittencourt, filho de Antônio Ferreira de Macedo e de Francisca do Carmo, aos 30 de novembro de 1798 na Fazenda São José, em Caicó-RN. Ela faleceu aos 6 de novembro de 1844 em Caicó-RN.
THOMAZ GARCIA DE SÁ, nasceu por volta de 1784, e foi casado com Angélica Maria do Nascimento, filha de Joaquim Antônio de Souza e de Damázia Maria de Jesus, aos 27 de novembro de 1813 em Caicó-RN.
Após a morte de Maria Magdalena de Castro, ocorrida antes de 1788, ele se casou pela última vez, dessa vez com Maria de Jesus de Vasconcelos, filha de José Fidélis de Oliveira e de Ignácia Esteves do Espírito Santo. O casamento ocorreu aos 15 de fevereiro de 1790 em Caicó-RN. No registro de casamento, pode-se ler:
“Aos quinze dias do mez de Fevereiro de mil sette centos, e noventa annos na Fazenda de São Pedro desta Freguezia da Glorioza Santa Anna do Siridó de licença minha pellas doze oras do dia, pouco mais, ou menos, feitas as denunciações sem se descobrir impedimento algum, em prézenças do Reverendo Manoel Gomes de Azevedo, e das testemunhas o Capitão Caetano Dantas Corrêa, e o Capitão João Damasceno Pereira, moradores nesta ditta Freguezia, se receberão por Espozos Juxt. Trid. por palavras de prezente os Nubentes o Capitão JOÃO GARCIA DE SÁ BARROZO e Dona MARIA DE JEZUS DE VASCONCELLOS; elle Viuvo, que ficou de Dona Maria Magdalena de Castro, filho legitimo do Capitão António Garcia de Sá, e de Dona Maria Dornelles de Bitancor; e ella filha legitima de Jozé Fidelis, e de Dona Ignacia do Espírito Santo, moradores nesta ditta Freguezia do Sirídó; e logo lhes deo as benções nuptiaís, na forma do Ritto da Santa Madre Igreja; de que se fez este acento, que o asigney. Jozê António Caetano de Mesquita Cura”
João Garcia de Sá Barroso veio a falecer e ser sepultado aos 4 de março de 1795 em Acari-RN. No seu registro117 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos quatro dias de março de mil sete centos noventa e sinco annos, na Capella de Nossa Senhora da Guia do Acari desta Freguezia se deu sepultura á Joam Garcia de Sá Barrozo de idade de cincoenta e oito annos pouco mais ou menos com todos os Sacramentos, cazado que foi com Maria de Jezus, e foi emvolto em abito de Sam Francisco emcomendado pello Reverendo Padre Joze da Costa Soares Administrador di minha Licença de que se fez este acento que assignei. O Vigr.º Jozê António Caetano de Mesquita. Cura.”
Foram filhos de Maria de Jesus de Vasconcelos e João Garcia de Sá Barroso:
MARIA DORNELLES BITTENCOURT, nascida por volta de 1791 e cujo nome é muito provavelmente uma homenagem de João a sua mãe. Ela se casou com Joaquim Gonçalves de Castro, filho de Antônio Gonçalves de Castro e Maria dos Anjos, aos 16 de maio de 1811 na Matriz de Sant’Anna de Caicó-RN.
🇵🇹 Estevão Dias de Araújo e Apolônia Gomes Freire do Sacramento
Segundo a obra de Olavo de Medeiros Filho, os primeiros portadores do sobrenome Dias de Araújo a habitar a região do Seridó foram os irmãos portugueses Estevão Dias de Araújo, Sebastiana Dias de Araújo, Antônio de Araújo Frazão e Cosme Dias de Araújo.
Segundo a mesma obra, “António e Cosme já se encontravam na região da Borborema em 1744, tendo requerido a Sesmaria n° 354, em 30 de janeiro de 1746. Posteriormente, em 1° de fevereiro de 1765, Antônio de Araújo Frazão requereu a Sesmaria n° 612, que compreendia, inclusive, o riacho dos Canudos, local correspondente à atual cidade paraibana do Teixeira”.
Sabe-se que Sebastiana se casou com Cosme Fernandes Freire, filho de Manoel Fernandes Freire e de Antônia de Morais Valcácer. Segundo nota referida ao Desembargador Felipe Guerra, todas as famílias de Várzea e Cacimbinha em Santa Luzia-PB, são provenientes do casal.
Já com relação à Estevão Dias de Araújo, ele foi casado com Apolônia Gomes Freire do Sacramento, filha de Cosme Gomes de Alarcón e de Maria da Conceição Freire.
Foram filhos de Apolônia Gomes do Sacramento e de Estevão Dias de Araújo:
NICÁCIO FREIRE DE ARAÍJO, nasceu pelo fim do século XVIII. Ele se casou com Ignácia Maria da Fé, nascida por volta de 1802, filha de Manoel Tavares da Costa e Josefa Rodrigues da Silva. Nicácio faleceu após o mês de maio de 1856 por decorrência de cólera (cólera-morbus), com pelo menos 68 anos de idade.
o casal foi proprietário da fazenda Várzea, em Santa Luzia-PB. Nicácio se casou com Ignácia Maria da Fé, nascida por volta de 1802, filha de Manoel Tavares da Costa e de Josefa Rodrigues da Silva.
ANTÔNIO DIAS DE ARAÚJO, nascido por volta de 1777. Ele se casou com Adriana Simões de Araújo, filha de José Simões dos Santos e de Joanna Batista de Araújo. O casal habitou em Várzea (Santa Luzia-PB).
JOSÉ DIAS DE ARAÚJO, nascido por 1778. Ele se casou com Maria Teresa de Jesus, filha de Manoel da Silva e de Maria da Conceição Gomes.
SEBASTIÃO DIAS DE ARAÚJO, que se casou com Francisca Simões de Araújo, filha de José Simões dos Santos e de Joanna Batista de Araújo. O casal morou em Cacimbinhas (Santa Luzia-PB).
DAMAZIO DIAS DE ARAÚJO, nascido por volta de 1780. Ele se casou com MARIA DO CARMO, filha de Manoel Tavares da Costa e de Josefa Rodrigues da Silva.
ESTÊVÃO DIAS DE ARAÚJO (2°), nascido por volta de 1782. Segundo Olávo de Medeiros Filhos, Estevão era conhecido como Estevão Moço. No período de seca de 1808, mudou-se para o litoral da Paraíba junto com alguns de seus irmãos. Habitava a fazenda Santo Antônio (Santa Luzia-PB).
MANOEL DIAS DE ARAÚJO, nascido por volta de 1784. Ele se casou com uma filha de Manoel da Silva e de Maria da Conceição Gomes. O casal habitou em Guaritá, próximo ao rio Paraíba, tendo acompanhado o seu irmão Estêvão Moço rumo ao litoral, durante a seca de 1808.
ANA FREIRE DE ARAÚJO, nascida por volta de 1790. Ela se casou com João Marinho, da fazenda Guarita, em Itabaiana, Paraíba. Ela acompanhou os irmãos Estêvão Moço e Manoel Dias de Araújo, na mudança ao litoral paraibano em 1808.
MARIA DIAS DE ARAÚJO, nascida por volta de 1788. Ela foi casada com Manuel Gomes da Silva, filho de Manoel da Silva e de Maria da Conceição Gomes.
Antônio Paes de Bulhões e Ana de Araújo Pereira
Antônio de Pais Bulhões era muito provavelmente natural de Goiana-PE, filho de Manoel da Costa Vieira e de Maria Paes de Bulhões. Em alguns documentos da época, encontramos referência à João Paes de Bulhões, irmão de Antônio, informando que ele era natural de Goiana-PE. Tudo leva a crer que Antônio também seria.
Ele se casou com Ana de Araújo Pereira, filha de Tomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição de Mendonça. O casal morou na fazenda Remédio, próxima ao rio São José, local do atual município de Cruzeta-RN. Antônio também foi proprietário da fazenda Serringa, localizada no atual município de Remígio-PB.
Olavo de Medeiros Filho transcreve em sua obra, Velhas Família do Seridó (1981), algumas passagens118 dos relatos de Manoel Dantas, que serão trazidas abaixo:
“No município do Acari existiu, no século passado, um preto, Feliciano José da Rocha, que jamais será esquecido nas tradições daquele povo, que o venera como um grande cidadão, tipo da honradez e do civismo. Os fatos que se prendem à existência de Feliciano José da Rocha merecem certa atenção, pelo ensinamento moral que deles ressalta. Nascido e criado em Camaratuba, gozava Feliciano de certa estima da parte do senhor que lhe concedia tempo de trabalhar para si.
Numa das secas que assolaram o alto sertão, António Pais de Bulhões, rico proprietário que habitava aquelas paragens, acossado pela fome, veio procurar víveres em Camaratuba, à casa do senhor de Feliciano que tinha boas provisões de farinha.
O camaratubense, egoísta e atemorizado pela crise climatérica, não quis vender a António Pais um grão sequer da preciosa fécula, apesar das vantajosas propostas de compra com dinheiro à vista em metal sonante, e — coração fechado ao sofrimento alheio, — não foi sensível às súplicas de Antônio Pais que lhe fez que era um homem abastado, que do seu ter nada poupava para mitigar a fome da mulher e filhos que lá pelos sertões se ficaram alimentando-se da massa do xique-xique. Então, Feliciano da Rocha, condoído de semelhante martírio, pediu permissão ao senhor para vender ao sertanejo urn pouco que lhe restava da sua provisão de farinha. Obtida a concessão, António Pais carregou o comboio, e, agradecido, entregou ao escravo as moedas que o senhor recusara.
Dando de marcha, foi Feliciano ao seu alcance e restituiu-lhe o dinheiro, dizendo que a dureza do coração do senhor e as privações que passava a família de António Pais foram o que determinara ceder um pouco de farinha, que nenhum dinheiro pagava. Pois bem, retorquiu-lhe António Pais, aceito a sua generosidade, porque vejo que é um homem de bem. Em paga do benefício que me faz, dou-lhe a manha amizade, e algum dia nos havemos de encontrar.
De fato, passada a seca, António Pais voltou a Camaratuba, comprou Feliciano da Rocha, passou-lhe imediatamente carta de liberdade, entregando-lhe uma de suas melhores fazendas de gado para ser vaqueiro. Feliciano enricou, adquiriu a fazenda Barrentas no Acari, onde morreu em idade avançada, querido e respeitado como um dos homens de bem daquela terra…”
Em outra passagem transcrita, pode-se ler:
“Antônio Pais de Bulhões, que já nos é conhecido pela peripécia sucedida entre ele e Feliciano José da Rocha, viveu em meados do século passado nos sertões do Seridó e deixou de si boa memória. Era solteiro, já entrado em anos, quando casou-se com uma filha do abastado português Tomaz de Araújo Pereira. Inimigos ambos, se não se atrevia António Pais a pedir a moça em casamento, nem Tomaz de Araújo a pude recusar quando lhe a pediram nas circunstâncias que passo a referir.
Não era coisa fácil naqueles tempos remotos em que o sertão mal começava a povoar-se ouvir uma missa, e muito mais difícil tornava-se a ajudá-la, se o padre não viesse acompanhado de acólito. Sucedeu que Tomaz de Araújo mandou a alguma distância buscar um padre para dizer missa, na sua fazenda Picos de Baixo. Chegado o sacerdote verificou-se que da numerosa assistência de fiéis, nenhuma podia auxiliá-lo na celebração do santo sacrifício. E ia António Pais o único que, naquelas redondezas, sabia as respostas em latim do ritual romano e não se atrapalhava na prática das cerimónias da liturgia cristã.
Condição especial como essa fez Tomaz de Araújo quebrar a sua caturrice de português teimoso e capitular diante do inimigo. Antônio Pais não se fez de rogado no convite que lhe dirigiram por intermédio de um amigo comum e vedo servir de acólito. Acabada a missa, querendo Antônio Pais retirar-se, um amigo que sabia a simpatia que lhe inspiravam os lindos olhos e a cútis morena de D. Ária de Araújo, fez público e solenemente o pedido de casamento, que nenhum dos dois recusou, selando-se com esse fato uma amizade sincera.
Realizado o enlace matrimonial, António Pais recebeu a esposa com as atenções e delicadeza compatíveis com a sua educação, e, espírito prático, entregou-lhe para governar a casa provida de um tudo, dizendo-lhe:
— Nesta casa só se come duas vezes ao dia; eu governo da porta do meio para fora e a senhora da porta do meio para dentro.
Volvidos tempos na paz imperturbável de um casal bem acomodado, seguindo António Pais com a invariabilidade de um dogma os preceitos que no seu modo de viver se traçara, quando a filharada punha notas estídulas e alegres de doce e santa felicidade na habitação dos robustos sertanejos, veio o chefe da família a saber que a esposa, obedecendo-lhe passivamente em tudo, excepcionava quanto à alimentação, e, em sua ausência, reunia-se com as criadas e filhas em abundante e substancial colação que perfazia o número de três que eram habituais em muitos casais sertanejos.
Ira-se António Pais e pede à esposa contas dessa grave infração da disciplina doméstica:
D. Ana era mulher que sabia conciliar a obediência com a altivez e responde-lhe em tom de firme decisão:
— Senhor Antônio Pais, quando nos casamos Vosmecê disse-me que governava da porta do meio para fora e eu da porta do meio para dentro. Em casa de meu pai todos os dias almoçava, jantava e ceava, aqui faço o mesmo. Para isso foi que trouxe cem vacas de ponta dourada, 50 novilhotas e 50 garrotes. Vosmecê pode continuar a comer as vezes que quiser, que eu, meus filhos e minhas escravas havemos de almoçar, jantar e cear.
— Tem razão, senhora, capitulou Antônio Pais. E até a morte separá-los, cada qual seguiu invariavelmente o seu sistema.”
Sobre a morte de Antônio Paes de Bulhões, temos as seguintes transcrições:
“Anos atrás, lia o padre Manoel Gomes pachorrentamente o breviário, quando lhe bate à porta um escravo de António País de Bulhões a chamá-lo para ouvir de confissão o senhor que ficara moribundo. Nem um momento perdeu o sacerdote em ir prestar os últimos socorros espirituais a um seu paroquiano e amigo, e qual não foi a surpresa que experimentou, quando, ao chegar à fazenda de António Pais, encontrou-o de preto na porta do copiá:
— Bom susto v. me pregou, senhor compadre, diz-lhe o padre em tom de chalaça. Vejo que não sofre coisa alguma.
— Apeie-se depressa e venha ouvir-me de confissão que estou morrendo, replica António Pais, cuja fisionomia não dava sinais de moléstia.
— O que eu quero é que apresse o jantar, que tenho a barriga pregada no espinhaço depois da caminhada que fiz com este sol de rachar, observa o padre.
— Morro sem confissão, retruca António Pais, cambaleando para um lado em convulsões de agonizante.
Momentos depois era cadáver.
Esta morte súbita deixou profunda impressão no espírito do padre, aberto às superstições. Sobrevindo-lhe a loucura, foi-se formando entre os seus paroquianos uma lenda que, ainda hoje, passados mais de cem anos, repete-se nas cavaqueiras dos sertões sertanejos:
“Era madrugada, quando ao dirijir-se o padre à sacristia para revestir-se dos ornamentos sacerdotais, acercou-se-lhe um penitente pedindo que o ouvisse de confissão. Completamente às escuras, via somente o vulto sem distinguir-lhe as feições, e tendo-o ajoelhado aos seus pés, escutou-lhe as mazelas da alma, das quais o purificou com a absolvição em nome de Deus.:
— Sabe a quem acaba de confessar?, pergunta-lhe o esconhecido.
— A um cristão que, atormentado pelo pecado, veio procurar alívio no tribunal da penitência.
— Não, senhor; à alma de António Pais de Bulhões, ao qual, em artigo de morte, o senhor deixou de confessar.
E, virando-se, o padre viu-lhe nas costas um fogo vivo que lhe ofuscou a vista e perturbou-lhe a razão.”
Antônio veio a falecer antes de 1788 em Acari-RN. Sua esposa Anna de Araújo Pereira já era falecida na data de casamento de um de seus filhos em 1809.
Foram filhos de Ana de Araújo Pereira e Antônio Paes de Bulhões:
ANA DE ARAÚJO PEREIRA, que foi casada com Manoel de Medeiros Rocha, filho de Rodrigo de Medeiros Rocha e Apolônia Barbosa de Araújo. O casal habitou a Fazenda do Remédio, atual município de Cruzeta-RN.
COSME PEREIRA DA COSTA, que foi casado com Maria Teresa de Jesus, filha de João de Morais Camelo e de Antônia de Morais Severa. O casal habitou a Fazenda Umari (Caicó-PB).
CLARA MARIA DOS REIS, nascida por volta de 1763. Ela foi casada com Caetano Camelo Pereira, filho de José Camelo Pereira e Margarida Freire de Araújo. Clara veio à falecer em 15 de março de 1843 com 80 annos de idade.
BARTHOLOMEU DA COSTA PEREIRA, que foi casado com sua sobrinha Tereza de Jesus Maria, filha de Caetano Camelo Pereira e Clara Maria dos Reis.
Capítulo VIII – Os Hexavós
Manoel Fernandes Freire e Antônia de Moraes Valcácer
Manoel Fernandes Freire nasceu em Olinda-PE. Ele se casou com Antônia de Morais Valcácer, nascida aos Mamanguape-PB, filha do português Pedro Ferreira das Neves e Custódia de Amorim Valcácer. Em documento de requerimento de sesmaria119 atribuído à Manoel, pode-se ler:
“N° 255, de 3 de agosto de 1738
Manoel Fernandes Freire, José da Costa Lima e Claudio Gomes, à sua custa descobriram um sítio de crear gados em um sacco que faz a serra do Boquerão que tem em si um riacho que chamão da alagôa que desagôa nas Piranhas; e porque os supplicantes não achavão sítio algum nesta capitania donde são moradores, em que possão ter seus gados, o que podião fazer neste que descobriram, principiando do riacho da parte do poente correndo por elle abaixo para o nascente, e como não tinhão confrontação com visinho algum, mas em muita distancia com a ribeira das Piranhas, pedião três legoas de comprido e uma de largo para todos os três createm seus gados. Fez-se a concessão de três legoas de comprido e uma de larga a cada um, no governo de Pedro Monteiro de Macedo. ”
Em em 15 de setembro de 1688, Manoel recebe patente de Ajudante do Sargento-mor da Capitania da Paraíba e, em 21 de fevereiro de 1693, assume o posto de Capitão de Infantaria de uma das Companhias que serviam de guarnição na Capitania de Pernambuco.
Manoel já aparece como morador na ribeira do Cupauá em 1732, quando foi testemunha de uma compra de terras do sítio das Raposas, feita em 20 de abril de 1732 por Tomás Diniz da Penha. Manoel Fernandes Freire e Antônia de Moraes Valcácer eram moradores na fazenda Santa Luzia, atual cidade de Santa Luzia-PB, onde criavam gado.
Ambos ainda eram vivos em 1773 e moravam na dita fazenda, quando doam cerras a seu filho o José Fernandes Freire, morador no Taipu. Assinaram o documento: Agostinho José da Costa, a rogo de dona Antônia de Moraes que não sabia ler e escrever, Manoel Fernandes Freire, João de Deus de Moraes, morador na mesma fazenda de Santa Luzia, o reverendo Pe. Manoel Correia de Almeida e José Fernandes Freire.
Foram filhos de Antônia de Morais Valcácer e Manoel Fernandes Freire:
JOSÉ FERNANDES FREIRE.
COSME FERNANDES FREIRE que se casou com Sebastiana Dias de Araújo.
MANOEL FERNANDES FREIRE (2° de seu nome).
CATARINA VALCÁCER DE MORAIS nasceu por volta de 1714. Ela foi sepultada em 2 de agosto de 1799 com idade de 85 anos.
APOLÔNIA BARBOSA DE ARAÚJO nasceu estimado por volta de 1714. Ela faleceu em 8 novembro 1802 em Caicó-RN. Ela que se casou com Rodrigo de Medeiros Rocha, natural da ilha de S. Miguel, Açores, filho de Manoel de Matos e Maria de Medeiros Pimentel.
ANA DE AMORIM VALCÁCER casou ao que tudo indica com seu Geraldo Ferreira das Neves Sobrinho, irmão de Antônia de Morais Valcácer.
🇵🇹 Manoel de Matos e Maria de Medeiros
Manoel de Matos, Alferes, nasceu e viveu na Lombra de Santa Bárbara, Ribeira Grande, S. Miguel, nos Açores. Ele foi batizado aos 2 de março de 1668 na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores e foi o filho primogênito de Rodrigo de Matos e de Maria Lopez de Fontes. No seu registro120 de batismo, pode-se ler:
“Em os dous dias do mez de março de mil seis centos e sessenta e outo annos Baptizei eu o P.e Cura Pedro de Souza de Melo a húm menino a quem pus o nome M.EL filho de RODRIGO DE MATOS e MARIA LOPEZ DE FONTES sua molher foram padrinhos Franco da Rocha fo do Capitam Matias Furtado da Lomba e Maria de Teves molher de João de Pimentel, da Lomba dia ut supra. O Cura Pedro de Souza de Melo.”
No registro, pode-se ler que várias referências cópias/vias requeridas nas datas de 20 de dezembro de 1771, 28 de fevereiro de 1819 e 8 de março de 1849. Não se sabe ao certo o motivo da emissão das vias, mas pode-se especular que seriam para fins de casamento ou inventário de seus descendentes.
Madre Teresa da Anunciada
Memorial dedicado a Madre Teresa da Anunciada, construído anexado à Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, Açores.
Manoel de Matos nasceu na mesma época que Teresa de Jesus, conhecida como Madre Teresa da Anunciada121. Foi freira da Ordem de Santa Clara e tornou-se figura central na origem da devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, hoje a mais importante festividade religiosa dos Açores. Faleceu com fama de santidade, estando em curso o processo de sua canonização.
Ela batizada dez anos antes de Manoel, em 25 de novembro de 1658, na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca. Ela era a filha mais nova entre os treze filhos de Jerónimo Ledo de Paiva, natural da Ribeira Seca, e de Maria do Rego Quintanilha, natural da vila do Nordeste.
Dada a proximidade dos nascimentos e o fato de ambos terem nascido na mesma freguesia, sendo batizados na mesma igreja e pertencentes a famílias profundamente enraizadas na região, é possível que Manoel de Matos e Teresa de Jesus tenham se conhecido em algum momento, antes ou após de esta ingressar na vida religiosa.
A Lombra de Santa Bárbara
O povoamento da região onde hoje se localiza a freguesia de Santa Bárbara foi iniciado por volta de 1643, sendo chamada na época de Lomba ou Lomba da Ribeira Seca, pois pertencia a freguesia da Ribeira Seca até então.
Posteriormente veio a ser chamada de Lombra de Santa Bárbara, devido a construção de uma igreja dedicada a Santa Bárbara, por volta do final do século XVIII. Foi elevada a freguesia aos 11 de junho de 1971 e hoje integra a cidade de Ribeira Grande.
Foram encontrados vários registros de batismo na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca em que Manoel de Matos aparece como padrinho, todos antes de seu casamento com Maria de Medeiros. Neles, pode-se ler122123124125126127:
“Manoel Em os oito dias do Mes de Novembro de mil seis centos oitenta e quatro annos Baptizei eu o cura a Manoel, fo de Manoel Perez tecelão e de sua molher Barbara Dias. Foi padrinho MANOEL DE MATTOS fo de RODRIGO DE MATTOS mor na Lomba desta freguezia Era up Supra. O Cura Manoel Perez e Souza.”
“Julia, Em os vinte e nove dias do Mes de Maio de Mil seis centos oitenta e nove annos. Baptizzou o Rdo Vigro desta Igreja a JULIA, fa de pais não sabidos. foi padrinho MEL DE MATOS, fo RODRIGO DE MATOS lavrador. Era ut Supra. O Cura Manoel Perez e Souza.”
“Franca. Em os vinte dias do Mes de Mayo de seis centos e noventa annos. Baptizei eu o cura a Franca fa de Paulo de Souza e de sua mer Thereza de Souza foi padrinho MANOEL DE MATTOS, fo de RODRIGO DE MATTOS lavrador todos moradores na Lomba de Santa Barbara Era ut Supra. O Cura Manoel Perez e Souza. “
“Manoel, Em os sete dias do Mez de Março de seis centos noventa annos. Baptizou o Rdo Dr Vigro desta freguezia Dos João de Souza Freire a Manoel fo de Viculão Roiz e sua Mulher Maria Alvez, foi padrinho MANOEL DE MATOS fo de RODRIGO DE MATOS, morador na Lomba de Santa Barbara. Era ut Supra. O Cura Manoel Perez e Souza.”
“João. Em os vinte e oito dias do Mes de Junho de Mil seis centos e noventa e dois annos. Baptisei eu o cura a João, fo de Paulo de Souza e de sua Mulher Tereza de Souza. Foi padrinho MANOEL DE MATOS filho de RODRIGO DE MATOS todos moradores na Lomba desta freguezia. Era ut Supra. O Cura Manoel Perez e Souza.”
“Josepha, Em os vinte e coatro dias do Mez de Abril de mil seis centos noventa dois annos, Baptizei eu o cura a Josepha fa de Miguel de Oliveira […] e de sia mer Maria Nunez, forão padrinhos MANOEL DE MATOS fo de RODRIGO DE MATOS e Francisca fa de Dionizio de Aveiro já defunto todos desta freguezia Era ut Supra. O Cura Manoel Perez e Souza.”
Manoel de Matos se casou com Maria de Medeiros (em alguns registros, de Medeiros Pimentel128129), filha de Bartholomeu de Frias e de Maria de Medeiros Rocha. Maria nasceu e foi batizada aos 10 de janeiro de 1675 também na Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. No seu registro130 de batismo, pode-se ler:
“Em os dez dias do mes de janrº de mil, seisctºs e setenta e cinco eu João de Souza Freyre Vigrº desta parochial do Apostolo S. Pº da Rª Secca Baptizei a Mª fª de BARTOLOMEU DE FRIAS, e de sua m.er Mª DE MEDEIROS DA ROCHA, e foram Padrinhos Francº da Rocha seu tio, e Mª de Rezende, m.er de Antº Pacheco. era ut supra. João de Souza Freyre.”
O casamento entre Manoel de Matos e Maria de Medeiros foi realizado aos 17 de junho de 1693 na Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, S. Miguel, nos Açores. No registro131 de casamento, pode-se ler:
“Em os dezessete dias do Mês de junho de mil seis centos noventa trêz annos Recebeo o R.do Ouvidor o D.ºr João de Souza Freyre na forma do sagrado concilio Trident. Não avendo de novo canônico impedimento algum a MANOEL DE MATOS filho de RODRIGO DE MATOS e de sua molher MARIA DE FONTES com MARIA DE MEDEIROS, filha de BARTHOLOMEU DE FRIAS e de sua molher MARIA DE MIDEIROS já defunta. Forao padrinhos o Capitão Francisco Tavares Homem, Antônio brum da Silveira, moradores em Ribeira Grande e madrinha Maria de Fontes e assistiram muitas pessoas, em dia, mez e Era ut supra. O Cura Manoel Perez de Souza.”
Também pôde-se encontrar no registro acima várias referências à vias ou cópias feitas nas datas seguintes: 1 de janeiro de 1772. Em seguida a 27 de janeiro de 1830. A terceira aos 7 de março de 1848 e a última, aos 29 de janeiro de 1861. Novamente, não se sabe ao certo os motivos das vias/cópias, mas seriam para fins de casamento ou inventário de seus descendentes.
Como dito no início do capítulo, Manoel de Matos foi alferes, posto militar de baixa patente, situado acima do cargo de sargento, ao qual pardos e mulatos aspiravam durante o período colonial.132. Não se sabe ao certo quando ele ascendeu ao cargo, mas foi muito provavelmente após o seu casamento com Maria de Medeiros.
Em janeiro de 1723, Maria de Medeiros recebeu um título de terra no Arrebentão após uma partilha amigável da herança de Bartolomeu de Frias Camelo133. Anos depois, em 29 de abril de 1728, Manoel e Maria venderam terras que possuia, recebidas por testamento de Bartolomeu de Frias Camelo, em conjunto com outras pessoas na região do Arrebentão, em S. Miguel, nos Açores134. A venda foi feita à Manuel de Resendes Sousa, morador em Ponta Delgada, nos Açores.
Manoel faleceu e foi sepultado aos 7 de novembro de 1729 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores, com 60 anos de idade. No seu registro135 de sepultamento, pode-se ler:
“Em os sete dias do mez de novembro de mil sete centos e vinte e nove faleceo de vida prezente o alferes MANOEL DE MATTOS homê casado morador nesta freguesia com todos os divinos sacramentos sendo de idade de sessenta annos pouco mais ou menos não fez testamento foi seu corpo sepultado involto com hábito de sayal e acompanhado dos religiosos do Collegio e mais clérigos fazem nesta freguesia e por verdade fica sepultado em sepultura da fábrica por sua alma se fez hú ofício de nove licons e se dicerão cento e dez missas, e pa constar fiz este termo q assigno em o dito dia mez e anno ut supra. O Vigro Manoel da Costa.”
Maria de Medeiros veio a falecer alguns anos depois de seu marido, sendo sepultada aos 21 de novembro de 1734, na Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores, com 60 anos de idade. No seu registro136 de sepultamento, pode-se ler:
“[…] Em os vinte e hú dias do mes de novembro de mil sete centos e trinta e coatro faleceo de vida prezente com todos os divinos sacramtºs sendo de idade sessenta anos pouco mais ou menos MARIA DE MIDEYROS viúva do alferes MANOEL DE MATTOS moradora na Lomba (de Santa Bárbara) desta freguezia, não fez testamtº foi seu corpo involto em hábito de sayal e acompanhada dos religiosos de S. Frcº e Colegio desta Igreja, e nela sepultado em sepultura da fábrica, por sua alma se fes no dia de seu enterramtº hú oficio de nove liçõns e se dizem cem missas rezadas, pª constar fis este termo q assigno no dº dia ut supra. O Vigrº Manoel da Costa. […]”
Foram filhos de Maria de Medeiros e Manoel de Matos:
MARIA DE FRIAS DE MEDEIROS foi batizada aos 21 de outubro de 1696 em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Rodrigo de Matos Filho muito provavelmente tio paterno. Ela se casou com Manoel de Souza Vieira Moreira, filho de Ignácio Moreira e de Bárbara Francisca Ferreira em 25 de junho de 1719 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ela faleceu em 28 de fevereiro de1722 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores aos 26 anos.
JOSEFA MARIA DE FRIAS foi batizada aos 16 de fevereiro de 1698 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Rodrigo de Matos, seu tio. Ela foi casada com Manoel de Melo Cabral, filho de João de Almeida Mascarenhas e de Maria de Melo Cabral, em 18 de julho de 1726 em Ribeira Seca, ilha de S. Miguel, nos Açores.
MANOEL nasceu em 4 de novembro de 1699 e batizado aos 9 de novembro do mesmo ano em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Feitor Francisco Corderiro da Mota.
BELCHIOR MANOEL nasceu 26 de março de 1701 e foi batizado aos 29 do mesmo mês e ano em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Feitos Francisco Cordeiro da Mota e testemunhas Pe Jerônimo da Rocha e João de Arruda.
BARTHOLOMEU DE FRIAS nasceu em 9 de setembro de 1702 e foi batizado aos 17 do mesmo mês e ano em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Manoel de Frias Pereira.
ANTÔNIO nasceu em 4 de fevereiro de 1704 e foi batizado aos 9 do mesmo mês e ano em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Antônio Brum da Silveira.
ANNA DO ESPIRITO SANTO nasceu em 1 de junho de 1705 e foi batizada aos 6 do mesmo mês e ano em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Antônio Brum da Silveira e testermunhas Bartholomeu de Frias e seu filho Francisco de Frias Machado. Ela se casou com Bernardo de Souza Moreira, filho de Ignácio Moreira de Souza e de Bárbara Ferreira, aos 18 de maio de 1736.
ANTÔNIO DE MEDEIROS nasceu em 17 de janeiro de 1707 e foi batizado aos 23 do mesmo mês e ano em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele foi casado com Francisca de Rezendes, filha de Domingos Bultão de Melo e de Maria Francisca de Rezendes em 5 de março de 1735 em Espírito Santo da Maia, Ilha de S.Miguel, nos Açores.
FRANCISCO DE MEDEIROS, nasceu aos 30 de setembro de 1710 e foi batizado aos 12 de outubro do mesmo ano m Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele se casou com Antônia Francisca de Medeiros, filha de Antônio Jacome Raposo e de Maria Pacheco Muniz, aos 8 de agosto de 1736, em S. Miguel de Vila Franca do Campo, Açores.
FRANCISCA MARGARIDA, nasceu em 14 de junho de 1712 e foi batizada aos 18 do mesmo mês e ano em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos Manoel Pacheco Botelho, marido de Maria de Arruda, e Maria Madalena, esposa de Francisco de Matos da Costa. Ela foi casada com João de Melo, filho de Domingos de Melo e de Maria Francisca em 20 de junho de 1735 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Francisco Ferreira, filho de Inácio Moreira e Bárbara Francisca Ferreira, em 7 dezembro 1737 em Ribeira Seca, ilha de S. Miguel.
ANTÔNIA MARIA DE MEDEIROS nasceu em 16 de novembro de 1718 e foi batizada aos 21 do mesmo mês e ano em em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho o Pe Antônio Furtado de Mendonça. Ela foi casada com Francisco Ferreira, filho de Inácio Moreira e Bárbara Francisca Ferreira, em 7 de dezembro de 1737 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores.
BERNARDO nasceu em 20 de setembro de 1720 e foi batizado no aos 26 do mesmo mês e ano em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho o Pe Antônio Furtado de Mendonça.
🇵🇹 Antônio Garcia de Sá e Maria Dornelles Bittencourt
Antônio Garcia de Sá era português e segundo a tradição oral seridoense, era proveniente do arquipélago dos Açores137. Entretando, a origem de Antônio Garcia de Sá permanece envolta em incertezas. Ao longo do tempo, diferentes autores ofereceram versões sobre sua naturalidade, ora confiando na memória popular, ora buscando respaldo em registros mais sólidos.
Joaquim Estanislau de Medeiros (1998), especifica que Antônio teria vindo da Ilha de S. Miguel, mantendo, contudo, a tradição oral como única fonte. Na mesma linha, Alves (2013), no Memorial Açoriano – Tomo LI, reforça essa origem micaelense, mas o faz com maior prudência. Reconhecendo o peso das narrativas orais, o autor alerta para a necessidade de investigação mais aprofundada quanto à procedência real dessa informação.
Outros autores, como Eliton S. Medeiros, em Pelos Caminhos da Família Macedo – Do Sertão do Piauí ao Seridó (2021), mantêm a versão da origem açoriana, seguindo a tradição.
Araújo Lima, por sua vez, em Siará Grande – Uma Província Portuguesa no Nordeste Oriental do Brasil (2016), vai além, localizando a suposta origem de Antônio na freguesia de Vila Franca do Campo, também na Ilha de S. Miguel. No entanto, essa indicação parece frágil, pois, não há, até o momento, registros documentais que confirmem tal ligação. Curiosamente, o autor menciona uma inquirição de genere feita por um homônimo de Antônio Garcia, que sugere haver dúvidas quanto a uma origem açoriana, insinuando, talvez, raízes no Portugal continental.
A hipótese de ser originário de Portugal continental ganha força com a pesquisa de Thiago Aécio Sousa, na 4ª edição de A Família Sá do Nordeste Brasileiro (2022). O autor apresenta duas possibilidades para a filiação de Antônio Garcia de Sá:
Ser filho de Leonardo Ribeiro de Sá, com alguma filha de Joseph Garcia e Maria de Sá (esta última, filha do Padre Antônio de Sá Barreiros). Por essa via, seria natural de Pernambuco e tio paterno de Leonarda de Sá.
Ou então, ser ele próprio filho de Joseph Garcia e Maria de Sá, o que faria dele originário de Vila Nova de Famalicão, em Braga (Portugal continental), e tio-avô materno de Leonarda.
Essas hipóteses são sustentadas por documentos concretos, entre os quais uma procuração emitida por Leonarda de Sá em 1742, na qual nomeia seu tio Antônio Garcia de Sá e Antônio Gomes Bettencourt como seus procuradores na Ribeira do Acaracú, situada no Ceará (Brasil). Em 1751, uma nova procuração revela outras informações sobre seus bens e ascendência, mencionando inclusive a posse de escravos herdados de seu pai, o coronel Sebastião de Sá. O batismo de Dâmaso (1731), filho de João Vieira Passos e Maria da Fonseca, também reforça a presença de Antônio Garcia na região como padrinho, já então casado em Pernambuco.
Mais recentemente, Garcia, em Breve Notícia da Família Garcia de Sá no Norte de Portugal – Ancestrais e Colaterais (2023), reforça a segunda tese apresentada por Sousa. Para ele, Antônio Garcia de Sá seria natural de Vila Nova de Famalicão, em Braga, o que afastaria definitivamente a hipótese açoriana.
Antônio veio para o Brasil, desembarcando muito provavelmente em Pernambuco. Ele se casou com Maria Dornelles Bittencourt, que seria filha de Antônio Gomes de Bittencourt e de Paula Dornelles Bittencourt, ambos da Ilha da Madeira (Portugal). A filiação de Maria ainda carece de documentação complementar que a comprove de forma definitiva.
O casal habitou a Fazenda Quimporó, entre os atuais municípios de Cruzeta, Acari e São Vicente, todos no estado do Rio Grande do Norte.
A partir de informações contidas em seu inventário processado em 1754, veio a falecer em 27 de agosto de 1754 (o inventário está localizado em Caicó-RN, Caixa 321, 1755 – Inventário – Antônio Garcia de Sá / Maria Doneles Bittencourt).
Também segundo a tradição seridoense, os primeiros oito filhos do casal eram todos portugueses, provenientes dos Açores. Os demais teriam nascido no Brasil, após a aquisição da Fazenda Quimporó, por Antônio.
Foram filhos de Maria Dornelles Bittencourt e Antônio Garcia de Sá:
ANA DO SACRAMENTO, nascida por volta de 1723. Ela se encontrava casada em 1755 com José do Paraíso.
MARIA DO NASCIMENTO, nascida por volta de 1724. Ela foi casada com Cosme Soares Pereira, filho de Tomaz de Araújo Pereira e de Maria da Conceição de Mendonça. O casal habitou a Fazenda Riacho da Várzea (Acari-RN). Maria veio a falecer em 25 de fevereiro de 1810 em Acari-RN, com oitenta e seis anos de idade.
ANTÔNIO GARCIA DE SÁ BARROSO, nascido por volta de 1725. Ele foi casado com Ana Lins de Vasconcelos, filha do casal Alexandre Rodrigues da Cruz e de Vicência Lins de Vasconcelos. O casal habitou a Fazenda Serrote (Acari-RN). Antônio veio a falecer em 20 de maio de 1793 em Acari-RN, com 68 anos de idade.
JOSÉ GARCIA DE SÁ, nascido por volta de 1726. Era casado com esposa desconhecida na época da realização do inventário de seu pai.
ANA DORNELLES DE BITTENCOURT, nascida por volta de 1728, estando solteira em 1755, na época da realização do inventário de seu pai.
IGNÁCIA DORNELLES BITTENCOURT, nascida entre os anos de 1731 e 1736. Ela foi casada com José Gomes de Melo.
ANA MARIA, nascida por volta de 1737.
HELENA DO ROSÁRIO DE BITTENCOURT [TO DO].
FRANCISCA DO CARMO, nascida por volta de 1739. Casou-se com Antônio Ferreira de Macedo (ou de Mendonça), filho de Manoel Ferreira de Macedo e de Ana dos Prazeres de Mendonça. O casamento ocorreu em 30 de agosto de 1856 na Fazenda Timporó.
🇵🇹 Thomaz de Araújo Pereira e Maria da Conceição de Mendonça
Thomaz de Araújo Pereira teria nascido por volta de 1700, natural de Viana do Castelo (Portugal)138. De acordo com a tradição familiar, Tomaz de Araújo foi um homem alto, robusto e de força física impressionante. A origem portuguesa é coroborada por alguns registros de batismo de alguns netos de Thomas de Araújo Pereira139140141:
“Joam, filho legítimo do capitão Jozé de Araújo, natural da Freguesia de Santa Anna de Caicó, e de Elena Barboza de Albuquerque, natural desta freguesia, neto por parte paterna do tenente-coronel THOMÁZ DE ARAÚJO PEREIRA, natural da Villa de Vianna, e de MARIA DA CONCEIÇAM DE MENDONÇA, natural da Freguesia de Nossa Senhora das Neves da Paraíba, e, pela parte materna, do alferes Hipólito de Sá Bezerra, natural da Villa de Vianna, e de Dona Joana Bizerra de Albuquerque, natural desta freguesia, nasceu em oito de abril de 1770 e foi batizado com os Santos Óleos, por minha licença, na Capela de São Gonçalo desta freguesia, pelo Padre Miguel Pinheiro Teixeira, aos vinte e cinco do referido mês e ano; foram padrinhos Francisco Pinheiro Teixeira, casado, e a viúva Dona Joana Bezerra de Albuquerque. De que mandei lançar este assento, em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araújo, vigário do Rio Grande.”
“Thomáz, filho do Capitam Joze de Araújo Pereira natural da Paraíba, e de Elena Barboza de Albuquerque desta freguezia netto por parte paterna de THOMÁZ DE ARAÚJO PEREIRA natural de Viana, e de MARIA DA CONCEIÇAM DE MENDONÇA da Paraíba; e pela materna de Hipólito de Sá Bezerra natural de Viana, e de Dona Joana Bezerra desta freguezia nasceu ao onze de Dezembro do anno de mil sete centos, e setenta e hum, e foi baptizado com os Santos óleos de Licença minha na Capella de Sam Gonçalo do Potigi pelo Padre Manoel António de Oliveira aos dez de Fevereiro do armo de mil Setecentos, e Setenta e douz: foram padrinhos Joam Damasceno Pereira, e Dona Maria dos Santos Pereira moradores no Sertam do SeridÔ, de que mandei Lançar este assento, em que me asigney. Pantaleão da Cosia ãe Aro Vigro do Rio Grande”
“Hipolito filho legitimo de Joze de Araújo Pereira natural do Siridó, e de Dona Elena Barboza desta freguezia neto por parte paterna de THOMÁZ DE ARAÚJO PEREIRA natural de Viana, e de MARIA DA CONCEIÇAM natural da Paraíba, e pela materna de Hipolito de Sá Bezerra natural de Viana, e Dona Joana Barboza de Albuquerque desta freguezia nasceo ao trinta de Abril do anno de mil sete centos, e Setenta, e quatro, e foi batizado com os Santos óleos de licença minha na capella de Sam Gonçalo do Potígi pelo Padre Manoel António de Oliveira aos trez de Agosto do dito anno: forão padrinhos Luiz Joze Rodrigues, e Joanna Ferreira filhos da viúva Bonifacia e Antonia moradores nesta cidade, de que mandei lançar este asento, em que me asigney. Pantaleão da Costa de Aro Vigro do Rio Grande”
Após pesquisas na dita região, mais precisamente na freguesia de Montserrate, Viana do Castelo (Portugal), foi possível encontrar um registro de batismo que poderia ser atribuído à Thomaz. Ele seria filho de Fernão Pereira e de Maria Pinta. No suposto registro142 de batismo, pode-se ler:
“THOMAZ, filho de FERNÃO PEREIRA e de sua mulher MARIA PINTA morão na Rua de Manjovos, nasceo aos sete de março do anno de mil e sete centos e hum, povoado de sam Joam de abreu da Freguesia de S. Martinho, o batisei aos dose dias do ditto mês (clamo?) foram padrinhos Antonio Brandão Barreto Oficial Maior da Vedoria e Joanna Luiza Maria, donzella, filha de Francisco de Mattos Freire, todos desta parochia de Monserrate. Vigário Gabriel de Mattos Freire”
Ainda não é possível afirmar com total certeza que o registro acima esteja diretamente relacionado a Thomaz de Araújo Pereira. Algumas publicações sugerem que Thomaz seria parente de Amador de Araújo Pereira, figura de destaque na resistência à invasão holandesa em Pernambuco, ocorrida entre 1630 e 1654. O autor Sebastião de Azevedo Bastos, em sua obra No Roteiro dos Azevedo e Outras Famílias do Nordeste (1955)143, menciona que Thomaz e uma possível tia, Anna de Araújo Pereira de Azevedo, casada com Pedro da Costa Azevedo, teriam vindo ao Brasil por influência de Amador de Araújo Pereira. Segundo o autor, ambos seriam aparentados a esse Amador. Mais pesquisas e documentos são necessários para provar tal afirmação.
Thomaz de Araújo Pereira chegou ao Brasil por volta de 1734, período em que já aparece requerendo sesmarias nas capitanias da Paraíba e do Rio Grande do Norte. No Brasil, ele se casou com Maria da Conceição Mendonça, natural da freguesia de Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa-PB, filha do português Cosme Soares de Brito e de Madalena de Castro. Em algumas dessas requisições144, pode-se ler:
“N° 238, em 25 de maio de 1734
Thomaz de Araújo Pereira, não tendo commodo para crear seus gados, descobrío á custa de seu trabalho um riacho chamado Juazeiro que nasce por detraz da serra da Rajada, que desagôa para o rio da Cauhã e faz barra na ponta da várzea do Pico, em cujo riacho e suas bandas tem terras devolutas e nunca cultivadas; terrenos em que pede três legoas de comprimento e uma de largura, pegando das testadas do sargento-mor Simão de Góes pelo rio acima, ficando o dito rio em meio da dita largura. Fez-se a concessão na forma requerida, no governo de Francisco Pedro de Mendonça Gurjão.”
“N° 592, em 3 de janeiro de 1763
Thomaz de Araújo Pereira, diz que possue sítios de terras de crear gados em Quintoraré, chamados Gravata e Serra do Cuité, os quaes houve por compra, e porque nas ilhargas dos ditos sítios há sobras quer o supiplicante três léguas de comprido e uma de largo, contestando pelo poente com o Picuhy e pela nascente com o sitio Ucó. Foi feita a concessão, no governo de Francisco Xavier de Miranda Henrique. ”
“N° 593, em 9 de janeiro de 1763
Thomaz de Araújo Pereira diz que possue um sitio de terras de crear gados em Quinturaré e chamado riacho do Mulungú e o olho d’agua do Caraibeira, nas testadas do Picuhy da parte do poente, cujo sitio de uma légua em quadro houve por compra ao capitão-mor Luiz Quaresma Dourado, e porque no riacho do dito olho d’agua-Carahybeira se acham sobras, pede o supplicante por data com três léguas de comprido e uma de larga, pegando das testadas de Picuhy pelo poente buscando o olho dagua das Onças, confrontando com os providos do Cornixaou. Foi feita a concessão, no governo de Francisco Xavier de Miranda Henrique.”
Resumidamente, Thomaz de Araújo Pereira foi beneficiado com cinco sesmarias ao longo de sua vida: três situadas na Capitania da Paraíba, uma em 1734 e duas em 1763, e duas na Capitania do Rio Grande do Norte, concedidas em 1746 e 1753, esta última localizada na Fazenda São Pedro. A análise dos limites territoriais dessas terras permite supor que as duas primeiras concessões paraibanas eram próximas entre si, já que ambas são cortadas pelo riacho Juazeiro, na região do Seridó. Nas cartas enviadas à administração da Capitania do Rio Grande do Norte, Thomaz é identificado como residente dessa mesma capitania. Por outro lado, na petição de 1734 à Capitania da Paraíba, ele é descrito como morador local. Já nas duas solicitações de 1763, não há qualquer menção ao seu domicílio.
Quanto à sua trajetória militar, Thomaz de Araújo Pereira foi nomeado Capitão-mor do Regimento de Cavalaria de Ordenanças da Ribeira do Seridó por Joaquim Félix de Lima, então Capitão-mor do Rio Grande do Norte. Um documento datado de 1766 já o menciona como Capitão. Ele assumiu o comando da Ribeira do Seridó em substituição a Cipriano Lopez Galvão, falecido em 1764. Posteriormente, Thomaz foi sucedido no cargo por seu genro, Caetano Dantas Corrêa. Além disso, um documento de 1770 atribui-lhe o posto de Coronel.
No inventário de Domingos Alves dos Santos, processado no ano de 1755, faz-se referência à pessoa do velho Tomaz de Araújo:
“O Sargento-mor Thomaz de Arahujo Pereyra homem viuvo e morador na fazenda de Sam Pedro desta Ribeyra do Ciridó que vindo de suas fazendas de Gado de Idade que disse ser de cincoenta e sinco annos pouco mais ou menos […]”
Com base no registro acima, é possível afirmar que sua esposa, Maria da Conceição Mendonça, já havia falecido em 1755. Além disso, Thomaz de Araújo Pereira menciona ter por volta de 55 anos de idade em 1755, o que corrobora a estimativa do ano de seu nascimento em torno de 1700.
Thomaz de Araújo Pereira faleceu antes de 1781. Em sesmaria de número 801, datada de 4 de julho de 1781, menciona que o sítio Gravata pertencia aos herdeiros de Thomas de Araújo. Infezlimente os registeos de óbitos mais antigos são do ano de 1788.
Foram filhos de Maria da Conceição Mendonça e Tomaz de Araújo Pereira:
TOMAZ DE ARAÚJO PEREIRA se casou com Teresa de Jesus Maria, filha de Rodrigo de Medeiros Rocha e de Apolônia Barbosa de Araújo. Ele faleceu antes de 1799.
COSME SOARES PEREIRA se casou com Maria do Nascimento, filha de Antônio Garcia de Sá e de Maria Dornelles Bittencourt.
JOÃO DAMASCENO PEREIRA se casou com Maria dos Santos de Medeiros, filha de Rodrigo de Medeiros Rocha e de Apolônia Barbosa de Araújo.
JOSÉ DE ARAÚJO PEREIRA se casou com Helena Barbosa de Albuquerque, filha de Hipólito de Sá Bezerra e de Joanna Barbosa de Albuquerque.
JOANNA DE ARAÚJO PEREIRA se casou com Gregório José Dantas Corrêa em em segunda núpcias, com Estevão Álvares Bezerra.
JOSEFA DE ARAÚJO PEREIRA se casou com casada com Caetano Dantas Correia, filho de José Dantas Correia e de Isabel da Rocha Meirelles. Ela veio a falecer aos 18 de junho de 1816 no Acari-RN.
HELENA DE ARAÚJO PEREIRA se casou com João Garcia de Sá Barrozo, filho de Antônio Garcia de Sá e de Maria Dornelles Bittencourt.
Tomaz de Araújo Pereira teria contraído casamento com uma segunda esposa de nome desconhecido, e com ela teria tido somente um filho. Segundo a tradição familiar do Seridó, essa mulher seria uma Cigana de rara beleza145.
MANOEL DE ARAÚJO PEREIRA, apelidado de Paraíba, casou-se com Francisca Maria José, filha de Manoel Álvares da Nóbrega e Maria José de Medeiros. O casal habitou na Cacimba da Velha, fazenda situada nos arredores de Santa Luzia-PB.
Manoel da Costa Vieira e Maria Paes de Bulhões
Manoel da Costa Vieira era natural de Goiana-PE, filho de João da Costa e de Bárbara Vieira. O parentesco de Manoel foi revelado através de um documento datado de 1754146, onde seu filho, João Paes de Bulhões, aparece citado em um despacho do Conselho Ultramarino de Portugal referente ao pagamento de uma quantia de vinte e quatro mil réis nas mãos de António de Cubelos Pereira. O documento cita que João era filho de Manoel da Costa Vieira e informa quem eram os avós maternos e paternos. Segue a transcrição de parte do documento:
“[…] João Paes, natural de Goyanna, fo legitimo do Capm MANOEL DA COSTA VIEIRA e de sua legitima mulher MA PAES, neto pela parte paterna de JOÃO DA COSTA e de sua legitima mulher BARBARA VIEIRA e pella parte materna de JOÃO PAES DE BULHÕES e de sua legitima mulher IZABEL FERREIRA, naturaes todos e moradores nesta villa […] cristãos velhos, sem sem […] algû tivessem raça ou ramos contrario em seu sangue […] exercisaçem o fição melanico sendo o S. JOÃO PAES, homem lavrado, de boa lida e costumes, cazado com MARGARIDA DE FREITAS, La, de paes nobres, e são bem cristãos velhos, he o que consta toda o somario no termo […]”
Do processo de habilitação de Amaro Soares Mariz, realizado entre os anos de 1764 e 1767, João Pais de Bulhões é testemunha, sendo informado toda a sua parentalidade, comprovando mais uma vez o nome dos pais de Manoel da Costa Vieira e de Maria Paes de Bulhões e dos avós paternos e maternos.
A sesmaria n.º 64, datada de 20 de novembro de 1706, registra o requerimento de terras feito por Manoel da Costa Vieira e seu filho João Paes de Bulhões na então Capitania da Paraíba147. No documento, pode-se ler:
“Manoel da Costa Vieira, Capitão João Gonçalves, Balthazar Gomes Correia, João Paes de Bulhões, António de Souza, Sargento-mór João Ferreira Baptista, dizem que tinham seus gados sem terras para situar, e tinham notícias, que da barra do riacho Salgado para riba que era da ponta da Serra-Negra e confrontava com a serra do Orivã e acabava em a serra de Seriema, que assim lhe chamavam os Tapuios, que vinha ta ser pelo rio Curimataú acima da barra do dito riacho, que estava devoluto, queriam trez legoas de terras em quadro a cada uma a dita paragem, começando da barra do dito riacho Salgado para riba, rumo direito ou salteadamente como melhor lhes estivesse. Opinou o provedor que se concedesse a cada um treis legoas de comprido e uma de largo, e que não sejão as ditas terras sucessivas e não salteadas, e ‘assim foi feita ai concessão no governo de Fernando de Barras e Vasconcelos.”
Manoel da Costa Vieira se casou com Maria Paes de Bulhões, permambucana, filha de João Paes de Bulhões e de Izabel Ferreira. Ela foi batizada aos 4 de fevereiro de 1676 em Goiana-PE. No seu registro148 de batismo, pode-se ler:
“Aos quatro de Janeiro, digo de Fevereiro de mil seis Centos, e Setenta, e Seis batizei nesta matriz de Goyanna a Maria, filha Legitima de João Paes de Bulhões, e de Sua mulher Izabel Ferreira: padrinhos Domingos Rodrigues Diniz, e sua mulher Domingas Mendes. O Padre Antonio de Arahujo Preto”
Manoel foi capitão, escrivão público, judicial e de notas em 1723 e segundo alguns autores, era o senhor do engenho Ipojuca em Goiana-PE. Ele já era falecido no ano de 1735, ano do casamento de sua filha Maria José. No registro149 de casamento, pode-se ler:
“Aos cinco de outubro de mil sete centos e trinta sinco, pelas cinco horas da tarde, se recebeu perante o Pe Leandro Ferreira de Azevedo, Frutuoso Dias de Aguiar, filho legítimo de Antonio Machado, e de Ana Lourenço, naturais e moradores na Freguesia de São Salvador de Telões, arcebispado de Braga, e morador nesta freguesia de Goiana, com Maria José, filha legítima do Capitão Manuel da Costa Vieira, já defunto, e de Maria Paes, naturais e moradores nesta Vila de Goiana. Corridos os banhos sem impedimento, sendo testemunhas presentes, o Tenente Barnabé da Costa Cardona, José Rodrigues Chaves, e o Licenciado Manuel de Andrade e Antonio Tavares de Góes.”
Segundo a tradição oral147, Manoel teria sido senhor de engenho em Ipojuca ou em Goiana-PE, onde teria sido assassinado por um vizinho de terras. Sua morte, envolta em elementos lendários, teria sido vingada por seu filho, Antônio Paes de Bulhões, que, trazendo consigo quarenta “cabras” do Ceará, atacou e destruiu o engenho do inimigo de seu pai, exterminando inclusive toda a família adversária.
Foram filhos de Maria Paes de Bulhões e de Manoel da Costa Vieira:
JOÃO PAES DE BULHÕES, que foi casado com Margarida de Freitas.
MARIA JOSÉ, que se casou com Frutuoso Dias de Aguiar, filho de Antônio Machado e de Ana Lourenço, naturais da freguesia de São Salvador de Telões, Braga-PT.
Capítulo IX – Os Heptavós
🇵🇹 Pedro Ferreira das Neves e Custódia de Amorim Valcácer
Pedro Ferreira das Neves, também conhecido como Pedro Velho, era português e se casou por volta da década de 1690 com Custódia de Amorim Valcácer, natural de Mamanguape-PB.
Segundo a tradição familiar, Custódia seria indígena151, filha de um casal que acolheu em sua morada Pedro Ferreira das Neves, ferido em combate contra os próprios indígenas. Após se recuperar dos ferimentos, Pedro, teria se casado com uma das filhas do casal, sendo batizada com o nome de Custódia.
Segundo informações deixadas por Felipe Guerra152, Pedro Ferreira das Neves e Custódia de Amorim Valcácer residiram na fazenda Cacimba da Velha, situada às margens do rio Quipauá, próximo da atual cidade de Santa Luzia-PB.
🇵🇹 Rodrigo de Matos e Maria Lopez de Fontes
Rodrigo de Matos nasceu por volta de 1634, natural de Água d’Alto, freguesia de São Pedro da Vila Franca do Campo, Ilha de S. Miguel, nos Açores153 e foi morador durante a maior parte da sua vida na Lomba de Santa Bárbara. Ele era lavrador, como podemos ver no registro154 abaixo e em outros tantos encontrados na freguesia da Ribeira Seca. No registro, pode-se ler:
“Manoel, Em os quinze dias do Mes de Outubro de Mil seis centos noventa e hum annos, Baptizei eu o cura a Manoel, fo de George da Costa […] e de sua mer Maria Teixeira, foi padrinho JOZEPH DE MATOS, estudante, fo de RODRIGO DE MATOS lavrador todos moradores na Lomba desta freguezia. Era ur supra. O Cura Manoel Perez de Souza”
Segundo o autor Anderson Tavares de Lyra (2017)155, Rodrigo de Matos seria filho de Manoel de Matos e Maria do Amaral, naturais e moradores da Vila Franca do Campo, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Entretanto, essa afirmação caresse de mais provas documentais.
Ele se casou com Maria Lopez de Fontes, ou Maria de Fontes, filha de Gaspar Lopez e Anna Teixeira. Maria nasceu aos 27 de fevereiro de 1636 e foi batizada aos 4 de março do mesmo ano na Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. No registro156 de batismo, pode-se ler:
“Ma. Aos quatro dias do mes de março de mil e seis centos e trinta e seis annos baptizei a MARIA de sete dias nacida fa de GASPAR LOPEZ e de sua molher ANNA TEIXRA, forão padrinhos Lucas Ao Paiva e sua molher Anna Luiz. Thome Roiz.”
Segundo Rodrigo Rodrigues, em sua obra Genealogia de São Miguel e Santa Marta (1998), o casamento teria ocorrido no mês de julho de 1667, informação suportada segundo o autor por um registro de casamento presente nos livros da freguesia de São Pedro da Ribeira Seca. Informa ainda que Rodrigo teria se casado anteriormente a Maria Lopez de Fontes, mas sem expor provas ou registros que comprovassem a afirmação. De fato, pôde-se encontrar um tal de Rodrigo de Matos casado com Maria Henriques e que tiveram filhos antes do casamento de Rodrigo com Maria Lopez de Fontes. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para comprovar a essa ligação.
Segundo Rodrigo Rodrigues, em sua obra Genealogia de São Miguel e Santa Marta (1998)157, o casamento teria ocorrido no mês de julho de 1667, informação sustentada, segundo o autor, por um registro nos livros paroquiais da freguesia de São Pedro da Ribeira Seca. De fato, após pesquisas ns livros de paroquiais de casamento da referida freguesia referentes aos anos de 1667 à 1721, foi possível encontrar o referido registro158, que, aliás, está incompleto, podendo-se ler:
“[…] da Villa Franca do Campo, com MARIA DE FONTES fa de GASPAR LOPEZ e de ANNA TEIXEIRA, já defunta. Forão testemunhas Anto Pacheco e Franco Cabral Frias com Mar de Rezende mer do diteo Anto Pacheco todos moradores na Lomba e outras mtas pessoas. Fiz dia mez, e esse assigno. O Cura Pedro de Paula de Melo”
Rodrigo Rodrigues afirma ainda que Rodrigo de Matos teria tido um casamento anterior ao seu matrimônio com Maria Lopez de Fontes, embora não apresente provas ou documentos que sustentem essa alegação. Foi possível identificar um Rodrigo de Matos casado com Maria Henriques, com quem teve filhos alguns anos antes do casamento com Maria Lopez de Fontes. No entanto, são necessárias pesquisas adicionais para confirmar se se trata da mesma pessoa.
O casal foi testemunha de um casamento ocorrido na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, entre Isabel de Paiva e Francisco da Rocha Machado, no dia 23 de junho de 1696 (registro ainda por ser encontrado).
Rodrigo de Matos veio a falecer aos 23 de agosto de 1699 na Lomba de Santa Bárbara, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Em seu registro159 de sepultamento, pode-se ler:
“Aos vinte e tres dias do mes de Agosto de mil e seis centos e noventa e nove Annos falisceo nesta freguezia da vida prezente Rodrigo de Matos da Lomba que tinha de idade sesenta e sinco Annos pouco mais ou menos, Com todos os sacramtºs foi sepultado nesta igreja do Apostolo S. Pe fez testamtº em que deichou a sua molher Maria Fontes hua Capella sobre duás cazas de que hé administrador seu fº Francº de Matos e também que lhe dedicassem sessenta missas e oficio de nove lições; e por ser verdade fis e asigney hera ut supra. O Cura M.el de Carvalho.”
Já Maria Lopez de Fontes veio a falecer no dia 8 de março de 1709 . No registro160 de sepultamento, pode-se ler:
“Em os outo dias do mes de Março de mil setecentos e nove annos faleceo da vida presente MARIA DE FONTES molher de RODRIGO DE MATTOS morador na Lomba de Sancta Barbara termo desta freguesia de idade de setenta e tres annos e pouco mais ou menos com todos os sacramentos da Sancta Madre Igreja, foi involta de hû habito de Sayal acompanhada a sepultura com os religiosos de Sam Francisco com o colegio nesta freguesia e mais clerigos de fora no enterro fez um solene testamento em q deichou de hû filho hû oficio de nove lições offertando com offertas costumadas, e se he disessem cento e vinte missas convim a saber noventa em Nossa Senhora da Conceiçam na lavoura e trinta ainda onde seus testamenteiros quizessem. E deichou mais im perpertuam Seis Mil Reis de Missas tres mil reis sobre umas casas em que vivia, e tres sobre húa vinha tida na Alagoa: e está sepultada nesta igreja aonde era freguas de que pª constar fis este termo q. por verde asignei dia mês e era ut supra. O cura Francº de Souza Mota”
Foram filhos de Maria Lopez de Fontes e Rodrigo de Matos:
RODRIGO DE MATOS, foi batizado aos 12 de outubro de 1671 na Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foi padrinho Mathias Furtado (talvez filho de Manoel Roiz da Rocha Machado e Beatriz Furtada) da Lombra de Santa Bárbara, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele se casou com Sebastiana Rodriguez (Roiz), filha de Matheus Roiz Félix e Ana Manuel. O casamento ocorreu na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela, Ribeira Grande, nos Açores, no dia 1 de dezembro de 1703. Ele veio a falecer aos 70 anos de idade no dia 23 de dezembro de 1735.
FRANCISCO DE MATOS DA COSTA, alferes, foi batizado aos 18 de dezembro de 1678 na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos Francisco Tavares Homem, morador na Ribeira Grande. Ele se casou com Maria Madalena Tavares do Rego, filha de Francisco Tavares Homem (seu padrinho de batismo) e de Tereza de Sousa. O casamento ocorreu no dia 15 de julho de 1708 na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Fez testamento aprovado a 31 de julho de 1740, o que indicaria que faleceu por volta da referida data.
JOSÉ DE MATOS, que nasceu aos 21 de março de 1674 e foi baptizado em São Pedro da Ribeira Seca, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele se casou com Thereza Cordeiro, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Ribeira Grande aos 17 de dezembro de 1699. Ela prestou contas, até o ano de 1748, de sete alqueires de terra na Lomba de Santa Bárbara, com pensão de missas, deixados por Maria de Fontes, sua mãe, viúva de Rodrigo de Matos, à sua neta, filha de Maria dos Anjos. Em um registro154 de batismo onde é o padrinho no ano de 1691, consta que era estudante.
🇵🇹 Bartholomeu de Frias e Maria de Medeiros Rocha
Bartholomeu de Frias foi batizado aos 30 de agosto de 1648 na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Antônio Pacheco de Medeiros e de Maria de Rezende Vasconcelos. No seu registro162 de batismo, pode-se ler:
“[…] Em os trinta de Agosto de 1648 annos baptisei Eu o Pe Cura desta igreija a hú minino a que pus nome BARTHOLOMEU fº de ANTº PACHEQUO, e de sua molher MARIA DE REISENDES; forão padrinhos Antº Ledo e Magdalena Carreira molher de Thome Ferras, e me asinei. Manoel da Cunha Teix.ª. […]”
Bartholomeu se casou com Maria de Medeiros Rocha, natural da Lomba de Santa Bárbara, filha de Francisco Lopez da Costa e Maria de Medeiros. Maria foi batizada aos 11 de junho de 1653 na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. No registro163 de batismo, pode-se ler:
“[…] Em os honze dias do mes de junho de mil, seiscentos sinquoenta e tres annos Baptisou o Pe Diogo Pimentel Thezrº nesta igreja a huá minina a qué pus nome MARIA fª de FRANCº LOPEZ DA COSTA morador na Lomba e de Mª DE MIDEIROS sua mer forão padrinhos Lucas Afonso Paiva e Mª de J. Fran.ca sua filha dia ut supra. O Cura Pedro de Sousa de Melo. […]”
O casamento ocorreu no dia 31 de março de 1674 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. No registro164 do casamento, pode-se ler:
“[…] Em os trinta e hú dias do mes de marco de mil seis centos setenta e quatro annos Recebeo o Rdº Pe Vigrº Joam de Souza Freire por mandado do Rdº Ouvidor Francº de Andrada Albuquerque avendo precedido as denunciassões ordinarias conforme o sagrado Concilio Trid. não avendo canonico impedimtº a BARTHOLOMEU DE FRIAS fº de ANTº PACHECO e de Mª DE REZENDES sua molher com MARIA DE MEDEIROS ROCHA fª de FRANCº LOPEZ DA COSTA e de Mª DE MEDEIROS sua molher forão testemunhas o Capitão Mayor M.el de Brum e Frias, e o capitão Antº de Melo Rezendes e Hursula da Rocha molher de Salvador Frz e outras mtªs pessoas dia mes e era assima. O Cura Pedro de Souza de Melo. […]”
No registro de casamento constam notas relativas a cópias feitas do mesmo nos anos de 1830, 1848 e 1861. O motivo das certidiões são desconhedidos até então.
Maria de Medeiros Rocha veio a falecer aos 28 de abril de 1679. A causa da morte não é informada no registro, mas presumisse que tenha sido em decorrência do parto de sua terceira filha, Bárbara, aos 19 de março de 1679. No registro165 de sepultamento, pode-se ler:
“[…] Em os vinte, e oito dias do mes de Abril de Mil seis centos setenta, e nove annos falleceo nesta freguezia MARIA DE MIDEIROS Molher de BARTHOLOMEU DE FRIAS. Recebeo os divinos sacramentos. Está enterrada nesta Igreja. Fis testamento seu marido testamenteiro. Era ut supra. Cura Manoel Perez e Souza. […]”
Já Bartholomeu de Frias ainda ainda estava vivo no ano de 1680, quando foi testamenteiro do seu sogro, Francisco Lopez da Costa166. No registro, pode-se ler:
“[…] Em os doze dias do Mes de Agosto de Mil Seis centos, e outenta annos faleceo nesta freguezia FRANCISCO LOPEZ DA COSTA […]. Seu genro BARTHOLOMEU DE FRIAS testamentrº. […]”
No ano de 1723, Maria de Medeiros, filha do casal, aparece em uma carte de sentença de partilha amigável dos bens167 (título da terra no Arrebentão) dos bens de Bartholomeu de Frias. Isso indicaria que Bartholomeu teria morrido, se não no ano de 1723, nos anos anteriores ao documento.
Foram filhos de Maria de Medeiros Rocha e Bartholomeu de Frias:
FRANCISCO DE FRIAS MACHADO foi batizado aos 4 de outubro de 1676 em S. Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele se casou com Maria de Melo Cabral, filha de João de Almeida Mascarenhas e de Maria de Melo Cabral em 14 de maio de 1701 em Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel, nos Açores.
BÁRBARA foi batizada aos 20 de fevereiro de 1679 em São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos o Padre Hieronimo da Rocha (tesoureiro da igreja de São Pedro da Ribeira Seca).
🇵🇹 Cosme Soares de Brito e Madalena de Castro
Cosme Soares de Brito teria nasceu em Lisboa (Portugal). Ele se casou na Bahia com Madalena de Castro, de pais ainda desconhecidos. De acordo com Felipe Guerra, citado por Olavo de Medeiros Filho168, Cosme teria vindo ao Brasil acompanhado de seu irmão, Elisardo Toscano de Brito, depois de ambos matarem dois almotacés (cobradores de impostos) que haviam multado sua mãe.
Foram filhos de Madalena de Castro e Cosme Soares de Brito:
Gaspar Lopes era filho de Antônio Gonçalves e Maria de Aguiar, naturais da freguesia da Maia, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Infelizmente, os livros de batismo da dita freguesia partem do ano de 1665, o que impossibilitou a procura do registro de nascimento de Gaspar Lopes.
Gaspar se casou com Anna Teixeira, filha de Manoel Vidal e Izabel Teixeira, batizada aos 24 de setembro de 1607, junto com seu irmão gêmeo Francisco, na Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. No registro169 de batismo, pode-se ler:
“[…] Aos vinte e quatro dias do mes de setembro de 607 baptizei a Frcº e ANNA fºs de MEL VIDAL e de IZABEL TEIXRA sua molher. Forao padrºs de Frcº , Antº Munis e Ines Alz, e de Anna, Gªr de Paiva, e a dita Ines Alz. Montrº. […]”
O casamento ocorreu aos 7 de maio de 1628 na Igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. No registro170 de casamento, pode-se ler:
“[…] Aos sete dias do mês de Maio de seiscentos e vinte e oito annos recebi em face de Igrª na forma do sagrado concilio Trident. Tendo precedido as dinunciaçõens ordinárias a GASPAR LOPES fº de ANTO GLZ e de sua molher MARIA DE AGUIAR já defuncta moradores no lugar da Maia com ANNA TEIXEIRA fª de MEL VIDAL já defuncto e de sua molher IZABEL TEIXRA moradores nesta fregª de São Pº de ribrª seca, forão testemunhas Chistovão Aº Paiva, e Thomé Jorge Paiva mor.s na Vila da ribrª grande, e Sebastião Furtado, e outras pªs. Thomé Ruiz. […]”
Anna Teixeira veio a falecer aos 9 de março de 1648 na Lomba de Santa-Bárbara, tendo registro de óbito realizado na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. No registro171 de óbito, pode-se ler:
“[…] Em os nove dias do mes de mçº de mil e seis ctºs e quareta e oito morreo ANNA TRXA mer de GASPAR LOPES GALANTE da lomba recebeo todos os sacramtºs teve seus sufrágios os fis em q He verdade dia ut supra. Senra. […]”
Já Gaspar Lopes veio a falecer aos 5 de fevereiro de 1676, também faleceu na Lombra de Santa-Bárbara, tendo registro de óbito realizado na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. No registro172 de óbito, pode-ser ler:
“[…] Em os cinco dias do Mes de Fevereiro de Mil Seis centos setenta e seis. Faleceo nesta freguezia GASPAR LOPES GALANTE, ná lomba mºr. Recebeo os divinos sacramentos está Enterrado nesta Igreja; fes cédula seu filho Manoel Lopes testamenteiro: era ut supra. Cura Manoel Perez e Souza. […]”
🇵🇹 Antônio Pacheco de Medeiros e de Maria de Rezende Vasconcelos
Antônio Pacheco de Medeiros foi batizado aos 26 de março de 1617, na freguesia do Rosário, Conselho da Lagoa, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Amaro Pacheco e de Inês de Frias de Medeiros. No seu registro173 de batismo, pode-se ler:
“[…] Em os 26 dias do mes de Marso de 617 annos baptizou ho Pe Simã Luis a ANTº fº de AMARO PACHECO e de sua mer INES DE MIDROS. forao Padrinhos Mel de Frias e Mª Alves, mer de Fernão de Olivrª. Crisostomo. […]”
Ele se casou com Maria de Rezende Vasconcelos, filha de Manoel de Oliveira Vasconcelos e de Izabel Rezende Pimentel. O casamento ocorreu na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores, no dia 4 de outubro de 1647. No registro174 de casamento, pode-se ler:
“[…] Em os quatro dias do mes de 8.bro do Anno de mil e seis c.tºs e quarenta e sete Annos recebeo o Pe Diogo de Pimentel in facie dotrina (…) Conc. Trid. a ANTÔNIO PACHEQUO DE MIDEIROS filho de AMARAO PACHEQUO e sua mer INES DE FRIAS DE MIDEIROS moradores na friguesia de Nossa Snora do Rosario da Villa da Lagoa Com MARIA REZENDE DE VASCONCELLOS filha de MEL D’OLIVEIRA VASCONCELLOS e sua mer ISABEL REZENDE PIMENTEL já defuntos moradores nesta friguesia. Testemunhas Sebastiao Pires Pimentel e Frcº Cansado da Lagoa, Pelonia digo Margarida Cabeceiras mer de Fcº Aº e a mai do Contrahente e outra Margarida os fis em face da verdade dia mes e era ut supra. João Gonçalves. […]”
Maria de Rezende faleceu e foi sepultada aos 16 de fevereiro de 1690. No seu registro175 de sepultamento, pode-se ler:
“[…] Em os dezasseis dias do Mes de Fevrº de seis centos e noventa annos faleceo nesta freguezia digo na Lomba desta freguezia Mª DE RESENDES mer de ANTº PACHECO. Recebeo todos os divinos sacramtºs está enterrada nesta Igreja. Não fes testamtº. O Cura Manoel Perez e Souza. […]”
Foram filhos de Maria de Rezende Vasconcelos e Antônio Pacheco de Medeiros:
Francisco Lopes foi batizado aos 8 de janeiro de 1623, na Freguesia de de Nossa Senhora da Estrela, em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Francisco Lopes e de Bárbara Teixeira. No seu registro176 de batismo, pode-se ler:
“[…] Em os oito de janrº de 623 Eu baptizei a FRCº fº de FRCº LOPES e de sua m.er BARBARA TEIXRª. forao padrinhos Pº da Ponte Raposo e dona Mª da Ponte. E asinei. Lçº de Sáa. […]”
Ele se casou com Maria de Medeiros, filha de Manoel Rodrigues da Rocha Júnior e de Beatriz Furtada. Maria nasceu aos 28 de março de 1627 e foi batizada aos 27 de março do mesmo ano na freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de São Miguel. O batismo foi realizado em casa pela parteira Maria Alves. No seu registro177 de batismo, pode-se ler:
“[…] Aos quatro dias de Abril de seiscentos e vinte, e sete fes o Pe. Vrº. Frcº Dias Caiado o officio do batismo a MARIA, de oito dias nacida, por ser baptizada em casa pela parteira Mª Alves, fª de M.EL DA ROCHA MACHADO, e de sua molher BREITIS FURTADA. forão padrinhos Dºs da Silva e Breitis Afonso molher de Baltazar Mis e asinei. O Cura Thome Roiz […]”
O casamento ocorreu aos 15 de outubro de 1650 na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. No registro178 do casamento, pode-se ler:
“[…] Em os quinze dias de Outubro de mil seis centos e sinquoenta annos Recebi Eu o Pe Pº de Sousa de Melo Cura nesta igreija a FRANCº LOPES fº de FRANCº LOPES de BARBARA TEIXRª sua mer já defunctos moradores q forao na Villa com Mª DE MIDEIROS fª de Mel DA ROCHA, e de BEATRIZ FURTADA sua mer da Lomba, forao t.ªs Thomé Jorge Paiva e Lucas Afonso Paiva e Mª Prª mer de Bento Frª da Costa, Apolonia Cabisseiras mer de Mel de Mideiros da Lomba e muitas outras pessoas que fis na verdade dia ut supra. Pedro de Sousa de Melo. […]”
O registro de casamento informa que uma certidão/cópia do registro foi extraída no dia 29 de maio de 1861, mais de 200 anos após o casamento. O motivo exato do pedido da certidão ainda não é conhecido.
Maria de Medeiros veio a falecer aos 29 de setembro de 1676 na Lomba de Santa Bárbara, Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Fez testamento e deixou o seu marido como testamenteiro. No seu registro179 de sepultamento, pode-se ler:
“[…] Em os vinte e nove dias do Mes de septembro de Mil seis centos setenta, e seis faleceo nesta Freguezia MARIA DE MEDEIROS molhér de FRANCº LOPES DA COSTA mores na Lomba recebeo todos os divinos sacramentos, está enterrada nesta Igreja: fes testamtº com seu marido deixou perpetua sobre sua terça seu marido testamtrº dia ut supra. O Cura Manoel Perez e Souza. […]”
Segundo Rodrigo Rodrigues, em sua obra Genealogia de São Miguel e Santa Marta (1998)180, Maria de Medeiros teria se casado inicialmente com Francisco Gonçalo.
Já Francisco Lopez da Costa faleceu aos 12 de agosto de 1680, na Lomba de Santa Bárbara, Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Fez testamento com legado perpétuo sobre 11 alqueires de terra181, deixando seu genro, Bartholomeu de Frias como testamenteiro. No seu registro182 de sepultamento, pode-se ler:
“[…] Em os doze dias do Mes de Agosto de Mil Seis centos, e outenta annos faleceo nesta freguezia FRANCISCO LOPES DA COSTA viúvo recebeo todos os divinos sacramentos. Está enterrado nesta Igreja: fes testamento deixou Legado perpetuo sobre onze alqueires de terra. Seu genro Bartholomeu de Frias testamentrº. Era ut supra. O Cura Manoel Perez e Souza. […]”
Foram filhos de Maria de Medeiros e Francisco Lopes da Costa:
BÁRBARA foi batizada aos 17 de julho de 1651 em Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Veio a falecer ainda com 11 meses de idade, no dia 13 de julho de 1652, na Lomba de Santa Bárbara, Ribeira Seca, Ilha de S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos, Juphes? Tavaira, filho de Julia Taveira, e a parteira Maria Alves.
Manoel Vidal era natural da freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. Ele era filho de Jerônimo Fernandes Vidal e de Maria Fernandes. Ele se casou com Izabel Teixeira, natural da freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores, filha de Gaspar Teixeira e de Margarida de Fontes.
O casamento foi celebrado na igreja de São Pedro da Ribeira Seca aos 25 de março de 1596. No registro183 de casamento, pode-se ler:
“[…] A 25 de março de 96 Recebi a porta da igreja a MANUEL VIDAL, fº de JMO FES VIDAL e de MARIA FES, sua M. com IZABEL TEIXEIRA fª de GASPAR TEIXEIRA já defuncto, e de MAGDA DE FONTES sua molher moradores nesta Freiguesia. Forão pts. Fcº Tavares, Jmº Perª Monis e sua m. e Sebastião Álvares, e outras pessoas. Manuel Ruis […]”
Manoel Vidal veio a falecer aos 9 de abril de 1616, sem testamento, na Lombra de Santa Bárbara, Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. No registro184 de óbito, pode-se ler:
“[…] Aos nove dias do Mes de Abril de 616 faleceo MEL VIDAL. Não fes testamtº. Montrº.[…]”
Já Izabel Teixeira veio a falecer aos 16 de outubro de 1665 na Lombra de Santa Bárbara, Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. O registro está parcialmente destruído, mas foi possível extrair as informações importantes sobre o seu óbito, com exceção do nome do marido, citando somente que era viúva. No registro185 de óbito, pode-se ler:
“[…] Em os dezeseis dias do mes de outubro de mil seis centos e sessenta e sinco Annos faleceo IZABEL TEIXRª viuva […] Lomba. Recebeo os Divinos Sacramtºs de comunhão. Não recebeo o da extrema unção pello seu estado. Está enterrada em Santa Barbara. Teve duas missas dia ut supra. Souza. […]”
Foram filhos de Izabel Teixeira e de Manoel Vidal:
SEBASTIÃO, batizado aos 28 de janeiro de 1597 na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos Luiz Gomes, soldado do Castello e Luzia Muniz, mulher de Jerônimo Roiz.
FRANCISCO, batizado aos 24 de setembro de 1607, junto com sua irmã gêmea Ana, na igreja de São Pedro da Ribeira Seca, S. Miguel, nos Açores. Foram padrinhos Antonio Muniz e Inez Alvez.
ARAÚJO, Kássio Medeiros de. Patrimônio arquitetônico do Distrito Palma-RN (A casa do Padre Gil). Caicó: UFRN, 2016.ito Palma-RN (A casa doPadre Gil)/ Kássio Medeiros de Araújo. – CAICÓ: UFRN, 2016. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 25. ↩︎
FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da terra: livro IV. Nova ed. Palavras prévias de João Bernardo de Oliveira Rodrigues. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1998. p. 204. ↩︎
FRUTUOSO, Gaspar.Saudades da terra: livro IV. Nova ed. Palavras prévias de João Bernardo de Oliveira Rodrigues. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1998. p. 204. ↩︎
FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da terra: livro IV. Nova ed. Palavras prévias de João Bernardo de Oliveira Rodrigues. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1998. p. 367. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 28. ↩︎
ROSA, Cibele Caroline da; LAROQUE, Luís Fernando da Silva. Quando migrar é necessário: açorianos povoam o Continente de Rio Grande de São Pedro (meados do século XVIII). Revista Destaques Acadêmicos, Lajeado, v. 10, n. 2, p. 104–116, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.22410/issn.2176-3070.v10i2a2018.1864. Acesso em: 19 jun. 2025. ↩︎
RODRIGUES, Rodrigo. Genealogias de São Miguel e Santa Maria, 1998. Capítulo 362.º, Da descendência de Rodrigo de Matos, § 1.o, N.o 4 & Notas 3). ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 27. ↩︎
AUGUSTO, José. Famílias seridoenses. João Pessoa: Sebo Vermelho Edições, 2002. p. 49-50. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 28. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 28. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 28-29. ↩︎
ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO. Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processos 1536/1821, Processo de Águeda Moniz. Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306810. Acesso em: 19 jun. 2025. ↩︎
ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO. Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processos 1536/1821, Processo de Águeda Moniz. Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2306810. Acesso em: 19 jun. 2025. Imagens PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0027.TIF a PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0032.TIF. ↩︎
ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO. Processo de Águeda Moniz. Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306810. Acesso em: 19 jun. 2025. Imagens PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0036.TIF a PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0039.TIF. ↩︎
ARQUIVO NACIONAL TORRE DO TOMBO. Processo de Águeda Moniz. Disponível em: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306810. Acesso em: 19 jun. 2025. Imagens PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0115.TIF a PT-TT-TSO-IL-28-6750_m0119.TIF. ↩︎
ARQUIVOS DOS AÇORES. Título da terra do Arrebentão: carta de sentença da folha de Maria de Medeiros, mulher do alferes Manuel de Matos, do que lhe tocou por morte de seu pai, Bartolomeu de Frias Camelo. Referência: PT/BPARPD/PSS/MEC-CCM/0177/000003. Disponível em: https://arquivos.azores.gov.pt/details?id=1505092. Acesso em: 20 jun. 2025. ↩︎
DE MEDEIROS FILHO, Olavo. Velhas famílias do Seridó. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1981. p. 111. ↩︎
RODRIGUES, Rodrigo. Genealogias de São Miguel e Santa Maria, 1998. Capítulo 148.º, Da descendência de Pedro Esteves da Rocha Machado, § 11.º, N.º 7. ↩︎
RODRIGUES, Rodrigo. Genealogias de São Miguel e Santa Maria, 1998. Capítulo 148.º, Da descendência de Pedro Esteves da Rocha Machado, § 11.º, N.º 7. ↩︎